Pandemia. Encontrada em 104 países, a nova cepa de coronavírus tem chamado atenção de autoridades. Entenda o por quê
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Quando o mundo se prepara para voltar ao velho normal proporcionado pelo avanço da vacinação e redução de casos de covid-19, uma nova variante liga novamente os sinais de alerta. A cepa delta é mais transmissível que as demais e tem mais força para infectar mesmo com a primeira dose dos imunizantes atualmente em uso.
Espalhando-se rapidamente pelo mundo, ela foi reportada pela primeira vez na Índia em outubro do ano passado e domina atualmente os novos casos registrados no Reino Unido, Estados Unidos, Singapura, México, Bélgica e, claro, na Índia. A França pediu à sua população na semana passada que evite viagens para Espanha e Portugal por conta da alta de casos delta.
A cepa já foi identificada em 104 países. No Brasil, ela chegou em maio deste ano. São Paulo confirmou na semana passada que a delta já tem circulação comunitária na capital, ou seja, é transmitida por pessoas que não tiveram contato com viajantes de países onde a cepa é dominante.
A mutação tem causado preocupação entre especialistas do mundo todo porque se mostrou mais transmissível se comparada com outras cepas. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o número reprodutivo básico efetivo (o “R”, que significa o quanto uma pessoa infectada transmite o vírus para outra) da variante delta é 97% maior do que o coronavírus sem mutações.
Em Israel, país que possui uma das campanhas de vacinação mais avançadas contra a covid-19 do mundo, a efetividade da vacina caiu em virtude da cepa. Segundo autoridades do Ministério da Saúde israelense, a eficácia da vacina caiu de 94% para 64%.
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No entanto, os índices de proteção em caso de internação e morte continuaram altos. Isso porque, segundo especialistas dos Estados Unidos, as vacinas, se aplicadas com as duas doses (uma dose única no caso do imunizante Janssen), são altamente eficazes contra a variante. No entanto, é preciso garantir que cada vez mais pessoas completem a imunização e se protejam da covid-19.
O nome delta vem de onde?
A OMS (Organização Mundial da Saúde) decidiu que as variantes encontradas no Reino Unido, Brasil, África do Sul e Índia deveriam se chamar, respectivamente, de alpha, gamma, beta e delta a fim de acabar com a estigmatização de países.
É mais transmissível
Ao ser detectada e estudada, a variante delta da covid-19 se tornou uma “cepa de preocupação”. Isso porque ela contagia mais pessoas se comparada ao primeiro coronavírus Sars-Cov-2 encontrado em Wuhan, na China, ainda em 2019. No entanto, agentes sanitários e pesquisadores ainda não bateram o martelo se a variante é mais perigosa.
Para fugir, é preciso se vacinar
Cientistas dos Estados Unidos descobriram na semana passada que uma única dose das vacinas Pfizer e AstraZeneca não foi suficiente para conter a infecção do vírus. Por isso, é essencial se vacinar com as duas doses dos imunizantes para barrar o contágio. A vacina Janssen, de dose única, se mostrou eficaz.
Mesma doença, novos sintomas
Com a mutação do coronavírus, outros sintomas foram vistos entre os infectados, apontaram especialistas. Agora, é comum que os pacientes infectados com a cepa delta sintam mais sintomas de gripe, como nariz escorrendo, dor de garganta e febre. Sintomas antigos, como perda de olfato e paladar, já não são mais tão comuns.
Já colonizou 104 países, diz OMS
De acordo com um boletim divulgado pela OMS, o coronavírus delta já está em 104 países ao redor do globo. Em alguns deles, já é responsável pela maioria das infecções. A cepa delta é predominante nos países: Reino Unido, Israel, Índia (onde foi detectada pela primeira vez), Estados Unidos, Bélgica e México.
Mutações são comuns
Apesar de parecer algo perigoso e inédito, as mutações são comuns em vírus formados de RNA (cadeia de ácido nucleico que carrega as informações genéticas do vírus). Ao se multiplicar, é normal que ocorram “erros” no material genético. “Sim, todos os vírus do RNA sofrem mutação, mas muito poucas trazem alguma ‘vantagem’ ao vírus”, disse à BBC George Rutherford, professor de epidemiologia.