Uma pesquisa do BNE (Banco Nacional de Empregos) revelou que o interesse das mulheres em ocupar vagas na área de TI (Tecnologia da Informação) cresceu 22% de janeiro a maio deste ano, o que indica que o perfil do setor – hoje ainda dominado pelo sexo oposto – deve mudar dentro de alguns anos.
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De acordo com o levantamento, nos primeiros cinco meses de 2021, 12.716 mulheres se candidataram para oportunidades na área contra 10.375 no mesmo período do ano passado. Apenas no mês de janeiro, foram 4.316 candidatas contra 1.989, o que representa um crescimento de 116%.
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Para José Tortato, gerente de negócios do BNE, a questão cultural é o fator primordial que explica esse cenário. “As mulheres estão ingressando mais no mercado de trabalho. O foco deixou de ser o cuidado com a casa e agora está na carreira. Com essa maior participação como um todo, naturalmente o setor de TI acaba impactado junto”, afirma.
A preocupação que as companhias têm em construir times diversos também favorece a mudança. «Para empresas, quanto mais mesclada a equipe por homens e mulheres, melhor. Elas querem pessoas diferentes, com características distintas em um mesmo departamento, uma vez que isso traz grandes benefícios aos projetos.
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Cargos mais cobiçados
Os cargos na área de tecnologia mais buscados pelas mulheres, ainda segundo estudo feito pelo BNE, são os seguinte:
1º – Analista de sistemas
2º – Analistas de suporte
3º – Técnico de informática
O salário estimado para uma analista de sistemas gira em torno de R$ 3.976,84. Já analistas de suporte podem receber média de R$ 2.078,24 enquanto os rendimentos de uma técnica de informática ficam em torno de R$ 1.563,17.
Futuro da área
Em números absolutos, os homens que encaram processos seletivos ainda são mais contratados para ocupar posições em tecnologia do que mulheres, mas, segundo Tortato, a tendência é que as representantes do sexo feminino comecem a ter maior visibilidade não só nas candidaturas como também nas contratações.
«A expectativa é que as mulheres venham a participar cada vez mais desse mercado. Queremos vê-las dividindo esse espaço com homens, contudo, não acredito que uma divisão metade-metade ocorra em um curto período», avalia.
‘Comprovar nosso conhecimento é um grande desafio’
Aline de Pádua Rosa tem 24 anos e é desenvolvedora Front End da Nexcore Tecnologia. Ela é a única mulher em seu departamento e, apesar de amar o que faz, tem de encarar uma série de adversidades no dia a dia.
«É difícil ser mulher em uma área dominada pelo sexo oposto, mas a gente tem que correr atrás, mostrar que consegue estar no mesmo nível dos colegas, provar que tem a mesma capacidade. Comprovar nosso conhecimento e nossa experiência é um grande desafio, assim como conquistar a confiança da empresa e dos colegas», afirma.
Aline conta que desde pequena tem interesse na área. «Sempre fui curiosa. Procurava saber como tudo funcionava e estudei por conta própria além da faculdade. Gosto muito de inovações. Criar projetos e sistemas que podem facilitar a vida dos usuários é o que mais chama a minha atenção.»
Na graduação, também passou o curso rodeada de colegas homens e foi a única da sua turma a concluir os estudos. «As outras foram desistindo ao longo do caminho», diz.
Apesar de reinar soberana entre os homens do departamento atualmente, Aline acredita – e espera – que, futuramente, possa dividir o ambiente com outras mulheres.
Determinada, a desenvolvedora já tem um plano traçado para sua carreira. «Quero acumular mais experiências no mercado, conhecer novas tecnologias, aprimorar conhecimento e criar projetos inovadores», conclui.