O Brasil atingiu a triste marca das 14,8 milhões de pessoas desempregadas, segundo revelou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na última sexta-feira (dia 30). Os dados se referem ao trimestre encerrado em maio e revelam o que, na prática, a maioria já sabe: sobreviver no mercado de trabalho não tem sido tarefa fácil.
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Se antes da pandemia os desafios já eram imensos, no pós-covid o cenário se agravou com a crise econômica instaurada e consequente fechamento de postos. A pergunta é: além dos conhecimentos exigidos por cada profissão, o que mais pode garantir a manutenção do cargo ou a conquista de uma nova posição?
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Talvez você já tenha ouvido falar em soft skills, termo muito empregado em RH (Recursos Humanos). Tratam-se de habilidades não-técnicas, ligadas a comportamento e formas de se relacionar. E é justamente nelas que a chave do sucesso profissional se encontra, segundo Andreia Loures-Vale, escritora e autora do livro “Domador de Rinocerontes”.
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«Antes de mais nada, o profissional hoje deve ser um ‘resolvedor’ de problemas, ter a mentalidade de solução. Em seguida, precisa ter criatividade, foco, agilidade e adaptabilidade. Costumo dizer que é necessário trocar o pneu com o carro andando», afirma.
Segundo Andreia, as soft skills muitas vezes não são inerente ao profissional, mas pode sim ser aprendidas ao longo do caminho. «Gosto do conceito 1% inspiração e 99% transpiração. Acredito que todo talentoso nato pode ser vencido por aquele que se dedica.»
Outra dica valiosa da autora é apostar em experiências novas. A zona de conforto não é uma opção para quem pretende continuar vivo no mercado de trabalho. «Faça coisas diferentes, aprenda algo novo, se relacione com pessoas distintas. A curiosidade entra nesse ponto. Quem quer se desenvolver precisa ter vontade de vivenciar o novo e, assim, adquirir vivência e conhecimento», explica.
Para muito que já estão no mercado há algum tempo, esse pode ser um grande desafio. «Nosso ego é acionado nesse momento, trazendo incômodo. Mas lembro que é necessário contar com a capacidade de desaprender. O fixo simplesmente já era», diz. «A exposição ao desconhecido pode machucar, mas faz faz parte do jogo», completa.
Nomeie seus medos
O que não nos é familiar gera medo. A reação, natural do ser humano, explica por que razão é tão difícil mudar e se arriscar – algo tão essencial quando o assunto é trabalho. Andreia afirma, contudo, que identificar as situações assustadoras pode facilitar a tomada de decisões, seja na campo profissional ou mesmo pessoal.
«O que é perigoso? O que não conhecemos. Por isso, a grande sacada é nomear os medos. Dessa forma, é possível partir para uma análise objetiva, uma vez que aquilo não é mais desconhecido», diz a especialista.
Mas como identificar as dificuldades e sentimentos relacionados a elas? O grande ponto se encontra bem nos questionamentos. «Nossa educação está baseada em respostas, mas este e o momento de aprendermos a fazer perguntas do tipo ‘por que isso está acontecendo’ ou então ‘o que isso quer me dizer’. Com alvos objetivos, o cérebro começa a trabalhar para encontrar as soluções.»
Andreia atenta para o fato de que nem todas as respostas às perguntas podem estar corretas – e não há problema nisso. «Vamos errar muitas algumas vezes, mas a questão é errar rápido para que se conserte rápido também. Nesse ponto, duas outras características se mostram essenciais ao profissão atual: a adaptabilidade e a flexibilidade.»
Uma vida pautada por mudanças
A autora do livro vivenciou a guinada na carreira e a gestão de riscos na própria pele. Hoje aos 57 anos, Andreia é médica cardiologista, escritora, professora e palestrante. Mestre em Biologia Molecular e pós-graduada em Gestão de Negócios, ela conta ainda com experiências corporativas em indústrias farmacêuticas. No meio disso tudo, ainda conseguiu ser DJ e produtora cultural, locutora, apresentadora de TV e empreendedora.
Antes de «Domador de Rinocerontes», já havia lançado o livro «Um sonho de profissão». Na mais recente obra, seu objetivo é alcançar profissionais, mas também o público em geral que pode, segundo ela, se beneficiar das técnicas apresentadas. «Este livro não é voltado apenas para mundo corporativo. Sua linguagem acessível pretende ajudar o máximo de pessoas a resolverem suas questões por meio de uma metodologia bastante simples», finaliza.