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Por que pessoas se infectam com a covid-19 mesmo após completar esquema vacinal? Entenda os motivos

Morte do ator Tarcísio Meira levantou discussão sobre a importância de tomar as duas doses das vacinas.

A morte do ator Tarcísio Meira, aos 85 anos, nesta quinta-feira (12), em decorrência de complicações da covid-19, levantou mais uma vez a discussão em torno da eficácia das vacinas contra a doença. O ator já tinha se imunizado com as duas doses, porém, precisou ser hospitalizado, intubado e não resistiu. Então diante desse fato muitos se perguntam: mesmo com o esquema vacinal completo ainda posso pegar o coronavírus?

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O Metro World News conversou com especialistas que ressaltam a importância da vacinação com as duas doses das vacinas, independente da marca, com exceção da Janssen, que é de aplicação única. Além disso, eles explicam quais os cuidados que devem continuar a ser tomados mesmo por quem já completou o esquema vacinal e os motivos pelos quais, mesmo após a imunização, algumas pessoas desenvolvem quadros graves e podem ir a óbito.

Divulgação

Coordenador científico da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros explicou que estudos feitos com as vacinas contra a covid-19 mostram que as chances de contaminação para quem está vacinado diminuem, mas não são totalmente zeradas.

«O objetivo da vacina é o de prevenir a evolução grave da doença, mas não protege 100%. Estudos já comprovaram que elas diminuem a contaminação, reduzem a necessidade de internação dos infectados, até mesmo em UTIs [Unidades de Terapia Intensiva], e os casos de mortes. No entanto, não existe uma vacina que zere a chance da pessoa ser contaminada e evoluir para um quadro grave», explicou.

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Segundo Medeiros, para as pessoas idosas, acima de 80 anos, há outras questões que prejudicam o nível de proteção da vacina. «Nesse público, a imunização ocorre com um potencial menor, já que, a resposta imune de um idoso é muito menor do que a de um indivíduo mais jovem. Chamamos essa questão de imunossenescência, que é a diminuição da imunidade do idoso. Então, a vacina para esse público é importante, pois ajuda a reduzir os quadros de infecção grave, mas os cuidados com a exposição devem continuar a ser redobrados», destacou.

O infectologista da SPI ressaltou, ainda, que as comorbidades de cada paciente podem levar a quadros de gravidade. «Normalmente, o idoso já pode ter problemas como pressão alta, diabetes, problemas cardíacos, pulmonares. Então, mesmo imunizado, se ele se expor ao vírus pode sim ser contaminado e desenvolver uma forma grave da doença. O caso do Tarcísio foi uma exceção, não uma regra, pois a grande maioria dos idosos conseguem se recuperar da doença mais facilmente, pois apresentam sintomas mais leves, mas cada caso é um caso», reforçou.

O infectologista Francisco Ivanildo de Oliveira Júnior, do Instituto Emílio Ribas, também destacou que a vacinação para os idosos pode não ter a mesma resposta dos públicos mais jovens.

«Nas pessoas com mais idade há uma resposta mais baixa na imunização. As vacinas que temos hoje disponíveis foram testadas em públicos mais jovens, então, quando a gente vai analisar a população idosa, há uma perda significativa nessa proteção. No entanto, é de suma importância que os mais velhos sejam vacinados e que continuem a tomar as medidas de proteção. Muitos receberam as doses como uma carta de alforria, de libertação, mas não é bem assim «, disse.

Foto: Getty Images

Importância da segunda dose

Mas e para pessoas mais jovens, que têm uma resposta imune mais alta, é necessário tomar as duas doses, no caso das vacinas que exigem? Medeiros explica que com a primeira dose a pessoa começa a ter um grau de proteção, mas ele só é efetivo quando a vacinação é completa.

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«A primeira dose leva algum grau de proteção, mas muito inicial. É necessária a segunda dose para que você tenha a resposta mais efetiva e plena. Já existe até a discussão sobre a aplicação de uma terceira dose, que seria uma dose de reforço, principalmente nas pessoas acima de 80 anos, transplantados e profissionais de saúde. Alguns países já aplicam essa dose de reforço, então, enquanto a situação não é definida aqui no Brasil, o que podemos orientar é que todos busquem tomar as duas doses, a não ser nos casos de dose única, para garantir a imunização», destacou.

Oliveira Júnior também ressalta a importância de completar o esquema vacinal. «A vacinação é uma medida de proteção coletiva, então não adianta apenas uma pessoa ou um pequeno grupo estar imunizado. Se muita gente ainda não tiver proteção, o vírus continua se multiplicando e a chance de uma falha vacinal aumenta. Por isso é de suma importância que todos tomem as duas doses para garantir a proteção, mesma que ela não seja se 100%», afirmou.

O infectologista do Emílio Ribas também explicou a partir de que momento quem tomou as duas doses pode se considerar imunizado.

«Essa proteção só pode ser considerada após 14 dias da vacinação. Mas isso não é um passe livre. As pessoas precisam continuar usando máscaras, principalmente nos lugares fechados, pois a pandemia ainda não acabou. Estamos com uma média de mortes de 900 por dia, mas no melhor momento do ano passado essa média era de 300 mortes diárias. Além disso, existem as variantes, que estão em mutação de forma rápida. Então ainda não é o momento de relaxar», afirmou o médico.

Cuidados reforçados

Oliveira Júnior diz que os cuidados para evitar a contaminação devem ser reforçados. «A pandemia e as medidas de proteção ainda vão nos acompanhar por um bom tempo. Então, é preciso continuar usando máscara, manter o distanciamento, evitar aglomerações. Todas essas medidas, aliadas com a vacina, ajudam a garantir a proteção», disse.

Medeiros também ressalta a importância de se manter as medidas de proteção, mesmo para quem já está com o esquema vacinal completo. «As medidas de proteção como o uso de máscara, higiene redobrado, distanciamento social, são fundamentais. O fato da pessoa ter tomado a vacina, não significa que ela está imune e pode se expor. Os cuidados precisam ser mantidos.»

Ambos os infectologistas dizem que, apesar do avanço da vacinação no Brasil, ainda não estamos no momento de retonar a rotina como antes, sem os devidos cuidados.

«Tem que manter todas as medidas de prevenção. Por quer a vacina vai além da questão da proteção inicial. Para você alterar a circulação do vírus e não adquirir, precisa de uma porcentagem grande da população vacinada, de 60% até 80%. Então ainda não podemos fazer reuniões de família, encontros com amigos, ir para restaurantes como fazíamos antes. O momento ainda é de muita cautela, até porque existem as variantes do vírus e, mesmo vacinados, o risco de desenvolver quadros graves não é nulo», concluiu Medeiros.

Perguntas e respostas

  1. Posso me contaminar mesmo tomando as duas doses ou dose única contra a covid-19?

Sim, pois nenhuma vacina zera o risco de contaminação. Até agora, todas as vacinas que estão sendo aplicadas no Brasil (CoronaVac, AstraZeneca, Pfizer e Johnson) se mostraram capazes de evitar internações e mortes pela doença, mas não há como garantir 100% de imunização.

  1. Já que a vacina não protege 100%, preciso tomar a segunda dose?

Sim, pois a imunização só estará completa com as duas doses, no caso das vacinas que exigem, com exceção da Janssen, que é de dose única. Quem não completa o esquema vacinal, corre risco de se contaminar com a covid-19 e até desenvolver quadros graves.

  1. Devo escolher a marca da vacina? Alguma delas protege mais e dá menos reação?

Todas as vacinas tem suas reações adversas, mas, em geral, os sintomas são leves. Quadros de reações graves são raros. Então, qualquer uma das vacinas disponíveis no Brasil, que foram aprovadas pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) são eficazes e seguras. Vale o cuidado apenas para gestantes e puérperas, que não devem tomar as doses da AstraZeneca.

  1. Depois de ter o esquema vacinal completo, posso retomar a vida como antes?

Não. O uso de máscaras, distanciamento social e reforço da higienização ainda devem ser tomados por todos, pois as vacinas ajudam a reduzir a chance de contaminação, mas não protegem 100%. Assim, os cuidados devem ser mantidos para proteção da própria pessoa e de toda a população.

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