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Governo afegão cai e Taleban retoma poder

Volta ao terror. Grupo fundamentalista islâmico assume controle do palácio presidencial em Cabul, após o presidente Ashraf Ghani deixar o país. Fuga justificada para ‘evitar banho de sangue’ foi vista como ‘não patriótica’ por população

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Combatentes do grupo fundamentalista islâmico Taleban assumiram ontem o controle da capital do Afeganistão, Cabul, enquanto o presidente Ashraf Ghani fugia do país. Embora o Taleban tenha dito inicialmente que não entraria na cidade antes que um governo de transição fosse formado, o grupo mudou de ideia ao anoitecer, justificando que era preciso manter a ordem pública após a polícia afegã ter abandonado seus postos. Com a tomada da capital, o Taleban retornou ontem, após 20 anos, à liderança do Afeganistão.

As forças de segurança afegãs não ofereceram resistência enquanto os insurgentes, que tomaram a maior parte do país em apenas uma semana, apareceram na manhã de ontem (horário local) nos arredores de Cabul. O grupo avança no país desde a retirada de tropas americanas, que ocupavam o local desde o ataque às Torres Gêmeas, em 2001.

No início da tarde do domingo, o Taleban assumiu o controle da principal prisão de Pul-e-Charkhi, libertando milhares de presos, conforme vídeos publicados em redes sociais. À noite, a estrada principal para o aeroporto de Cabul estava lotada de afegãos e soldados norte-americanos tentando garantir sua saída do país.

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Enquanto isso, a Embaixada dos Estados Unidos também foi esvaziada e todos os documentos confidenciais foram queimados. Os funcionários do governo americano deixaram o local através de um helicóptero e, como padrão, retiraram a bandeira americana da antiga sede. A imagem do helicóptero estadunidense deixando a base dos EUA no Afeganistão foi comparada com a derrota americana no Vietnã, há 45 anos atrás. Quando questionado sobre a similaridade do episódio, o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, negou que os momentos sejam semelhantes e afirmou que os EUA foram “vitoriosos ao combater os responsáveis pelo 11 de setembro”.
No fim do dia, os EUA anunciaram que enviariam mais mil soldados ao Afeganistão para ajudar no resgate de americanos. Ao todo, 5 mil soldados irão ao país.

Entre os momentos marcantes de domingo está a fuga do presidente Ashraf Ghani, que não foi bem vista pelos afegãos. Apesar de justificar que deixou o país para evitar um “banho de sangue”, a população viu a saída de Ghani como “não patriótica”.

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Com o palácio presidencial livre para o grupo terrorista, o jornal Al Jazeera postou ainda ontem um vídeo exclusivo de homens do Taleban dentro da residência oficial. A expectativa era de que a liderança do Taleban proclamasse ainda ontem um novo governo enunciado de “Emirado Árabe do Afeganistão” — o mesmo nome usado pelo governo há 20 anos atrás, antes da ocupação americana. À CNN, uma fonte da ONU (Organização das Nações Unidas) afirmou que o Conselho de Segurança da entidade se encontrará hoje para debater a situação afegã.

Direitos humanos

Após a retomada de poder do Taleban, a população se preocupada com a violação de direitos humanos e, principalmente, direitos das mulheres. Em rede social, Aisha Khurram, uma afegã e ex-embaixadora da Juventude da ONU, afirmou que professores se despediam de alunas em universidades em meio a incertezas sobre o acesso de mulheres à educação com a volta do grupo ao poder. A ativista Malala Yousafzai, que foi baleada pelo Taleban a caminho da escola, no Paquistão, também se pronunciou com preocupação.

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