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Parque Augusta deve ser aberto em setembro

Arquibancada para apresentações artísticas será uma das atrações do parque Divulgação

Centro. Depois de 50 anos de disputa pela destinação do terreno, área verde deverá ser inaugurada mês que vem

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A espera de cinco décadas pela abertura do Parque Augusta deverá ser encerrada no mês que vem, quando a Prefeitura de São Paulo promete inaugurar a área verde, que tem sido palco de disputas desde os anos 1970. O terreno de 23 mil metros quadrados será como um refresco de natureza em meio aos prédios e ao concreto da região central, em quarteirão da rua Augusta – entre as ruas Marquês de Paranaguá e Caio Prado.

O local terá parquinho, academia para idosos, cachorródromo e espaços para atividades físicas e de lazer. Uma arquibancada receberá apresentações artísticas e o bosque e o portal, que são patrimônios tombados, foram restaurados.

A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente informou ao Metro Jornal que o edifício administrativo está pronto e que ainda restam trabalhos e acabamentos, mas que “as obras no Parque Augusta estão em fase final e a previsão de entrega é para o mês de setembro”.

As intervenções começaram em outubro de 2019 e a conclusão era prometida para até o fim do ano passado, mas o projeto atrasou com a pandemia e a descoberta de artefatos arqueológicos no solo.

Esse demora pode ser considerada pequena se levarmos em conta que o debate sobre a destinação do terreno se arrastou pelos últimos 50 anos, opondo os defensores de do parque e os proprietários, que projetaram ao longo do tempo construir ali hotel, hipermercado e torres residenciais (veja abaixo).

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Ativistas em protesto pela construção do parque (foto de arquivo) | Divulgação

A solução só veio em 2018, com a transferência da posse para a Prefeitura de São Paulo. Em troca, as construtoras receberam títulos de potencial construtivo, que permitirão que toquem em outras áreas projetos acima do limite permitido. Além disso, custearam os quase R$ 11 milhões que viabilizaram o parque.

“Os governos geralmente não são amigos dos parques e o poder público também precisou ser convencido. Houve momentos em que pensei que a batalha havia sido perdida, mas a coisa se desenrolou da união de muitos esforços, como os da comunidade, do Ministério Público e da Câmara [que aprovou em 2011 lei criando o parque]”, afirmou o ex-secretário do Verde e do Meio Ambiente e ex-vereador Gilberto Natalini. “Fiz uma visita dias atrás e está ficando bonito. Foi sofrido, mas valeu a pena. Todo parque é bem-vindo e esse vai qualificar o centro.”

Pelas contas de Natalini, existem pelo menos outros 40 “parques augusta” pela cidade, em terrenos que conservam mata nativa, nascentes ou foram remediados e têm potencial para se converterem em áreas verdes. “Perdemos um na Brasilândia (zona norte), que virou ocupação, mas tem no Morumbi (zona sul), na Mooca, na Penha (ambos na zona leste). Talvez os próximos não demorem 50 anos, mas também não digo que será rápido porque essa luta é enorme.”

Histórico do parque Augusta

  1. 1902: o nascimento
    Família Uchoa ergue palacete no terreno, mas vende a área em 1906 para congregação religiosa, que monta ali o Colégio Des Oiseaux, que funcionaria até 1969.
  2. 1970: a primeira ideia de um parque
    Surge a proposta de se construir jardim público. É aqui que começam as disputas, pois parte da área é declarada de utilidade pública, enquanto os proprietários pretendem erguer um luxuoso hotel.
  3. De 1980 aos anos 2000: de tudo um pouco
    Palacete é demolido em 1974, o projeto do hotel é abandonado, a área é comprada por construtora, recebe shows nos anos 80 e depois vira até um estacionamento nos 90.
  4. 2008: volta a utilidade pública
    Terreno muda de mãos e cogita-se criar hipermercado e um residencial. Em 2008, utilidade pública é novamente declarada. No anos seguintes, ativistas fazem pressão pelo parque e ocupam área.
  5. 2018: enfim, a solução
    Projeto de torres é retomado, Câmara, patrimônio e promotoria se envolvem e chega-se ao acordo: prefeitura fica com a área e construtoras ganham potencial construtivo para explorar em outros locais.

Palacete da família Uchoa, erguido em 1902 | Reprodução

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