O ginecologista Nicodemos Júnior Estanislau Morais, suspeito de praticar crimes sexuais durante consultas em Anápolis, em Goiás, negou que tenha cometido os abusos e afirmou que apenas “brincava” com as pacientes. Ele chegou a ser preso, mas foi solto na última segunda-feira (4) após decisão judicial.
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“Muitas vezes, elas falam, ‘olha, doutor, eu fiz alguma coisa assim, será que vai acontecer alguma coisa?’. Um erro meu, concordo, brinco no WhatsApp, comento alguma coisa de uma forma inadequada. Concordo que eu fiz isso, nisso eu estou errado”, admitiu o médico em entrevista à TV Anhanguera, afiliada da Globo em Goiânia.
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Morais ressaltou que faz parte de sua profissão fazer o exame de “toque” nas pacientes, mas que isso não configura abusos. “Não foi o meu objetivo, mas durante o exame físico eu tenho que fazer o toque. Um ginecologista que não faz o toque em sua paciente, ele não examinou. Assim como um cardiologista que não escuta o coração do seu paciente, ele não examinou”, disse.
Em depoimento à polícia, as pacientes relataram que o médico trocou mensagens com elas nas redes sociais, sendo que algumas tinham cunho sexual, como “transar fortalece amizade” ou “faz o bronzeamento e me mostra”. Sobre essas mensagens, o ginecologista admitiu durante a entrevista que pode ter feito alguma “brincadeira” de “forma inadequada”.
A defesa do ginecologista diz que ele não cometeu nenhum abuso, agindo dentro dos procedimentos da medicina.
Já o Ministério Público de Goiás (MP-GO) informou que recorreu da decisão judicial que soltou o ginecologista. O órgão diz que a manutenção da prisão visa garantir a ordem pública, além de assegurar que as vítimas que o denunciaram não venham a sofrer nenhum tipo de intimidação.
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No documento, a promotora de Justiça Camila Fernandes Mendonça também destacou que “além dos crimes de violação sexual mediante fraude, foram noticiados delitos de estupro de vulnerável, que tem pena de reclusão de 8 a 15 anos. Logo, eventual sentença condenatória alcançaria facilmente penas em regime fechado, mesmo se aplicadas no mínimo legal.”
No entanto, até terça-feira (5) o recurso ainda não havia sido analisado pelo Poder Judiciário.
Fotos de partes íntimas
A Polícia Civil diz que Morais tirava fotos das partes íntimas das mulheres que atendia. Segundo a delegada do caso, Isabella Joy, há relatos de várias vítimas quanto à prática. O médico falava que o intuito das imagens era mostrá-las para as pacientes, que pediam que ele as apagasse depois. Não se sabe, porém, se ele de fato as deletava.
Ainda de acordo com a polícia, o médico é investigado por importunação sexual, violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável. A corporação diz que recebeu mais de 50 denúncias contra Morais e que foi necessário montar uma força-tarefa para ajudar nas investigações.
Ainda de acordo com a Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher), o médico já foi condenado pelo mesmo crime no Distrito Federal, em 2019. Na ocasião, por ser réu primário, não foi preso. Antes disso, ele também foi denunciado no Paraná, mas o caso foi arquivado em 2018.