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Polícia investiga loja da Zara por suspeita de abordagem racista a clientes negros, no Ceará

Corporação diz que estabelecimento emitia um sinal sonoro para alertar quando pessoas “fora do padrão da grife” entravam no local

Delegada Ana Paula Barrosa, que é negra, denunciou a Zara após ser impedida de entrar na loja (Divulgação/Polícia Civil)

A Polícia Civil do Ceará investiga uma loja da Zara, que fica em um shopping em Fortaleza, por suspeita abordagens racistas a clientes negros. Segundo a investigação, o estabelecimento emitia um sinal sonoro para alertar quando pessoas “fora do padrão da grife” entravam no local. O caso será encaminhado ao Ministério Público (MP).

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A investigação começou depois que a delegada Ana Paula Barrosa, que é negra, foi impedida de entrar na loja no último dia 14 de setembro. Na ocasião, ela tomava um sorvete e foi abordada por um segurança, que alegou que ela não podia ficar na loja, pois não usava a máscara de proteção contra covid-19 de forma correta.

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A delegada se sentiu incomodada com a forma da abordagem e registrou um boletim de ocorrência denunciando que foi vítima de racismo. Alguns dias depois, a polícia obteve na Justiça uma autorização e apreendeu equipamentos de registro de vídeo do estabelecimento para investigação.

Imagens obtidas pela polícia mostra que clientes brancos não foram barrados por falta de máscara na Zara, no Ceará (Reprodução)

Após análise das imagens, a corporação diz que, no mesmo dia em que Ana Paula foi barrada, outros clientes brancos entraram na loja sem o uso correto de máscaras e não foram impedidos de circular. Assim, o gerente do estabelecimento, Bruno Filipe Simões Antônio, de 32 anos, que tem naturalidade portuguesa, foi indiciado pela polícia pelo crime de racismo, que tem pena de reclusão de 1 a 3 anos.

Em nota, a Zara Brasil disse que não teve acesso ao relatório da autoridade policial até sua divulgação nos meios de comunicação e afirmou que vai colaborar com as autoridades para “esclarecer que a atuação da loja durante a pandemia se fundamenta na aplicação dos protocolos de proteção à saúde, já que o decreto governamental em vigor estabelece a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes públicos”. Qualquer outra interpretação, prossegue a rede, “não somente se afasta da realidade como também não reflete a política da empresa”.

“A Zara Brasil conta com mais de 1.800 pessoas de diversas raças e etnias, identidades de gênero, orientação sexual, religião e cultura. Zara é uma empresa que não tolera nenhum tipo de discriminação e para a qual a diversidade, a multiculturalidade e o respeito são valores inerentes e inseparáveis da cultura corporativa. A Zara rechaça qualquer forma de racismo, que deve ser combatido com a máxima seriedade em todos os aspectos”, concluiu a nota.

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Sinal sonoro

Segundo a delegada Janaina Siebra, que atua nas investigações, duas testemunhas ouvidas pela polícia, que são ex-funcionárias da Zara, confirmaram que a loja emitia um sinal sonoro alertando “Zara Zerou”, quando pessoas “fora do padrão da grife” entravam na loja.

Isso, segundo a delegada, configura uma prática discriminatória e de racismo. Ainda de acordo com a polícia, as imagens foram cruciais para a finalização do inquérito que resultou no indiciamento do gerente.

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