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Insatisfeitos com proposta de Bolsonaro, caminhoneiros mantêm greve a partir do dia 1º

Apesar do anúncio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre um auxílio de R$ 400 para cerca de 750 mil caminhoneiros, para compensar a alta do diesel, a categoria segue descontente e mantém a previsão de greve marcada para o próximo dia 1º de novembro. Mas já há paralisação de tanqueiros, que são os responsáveis pelo transporte de combustíveis, desde a madrugada de quinta-feira (21) em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

A categoria reclama da alta no preço dos combustíveis e também da incidência do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). O preço do diesel, por exemplo, subiu 37,25% em agosto na comparação com o mesmo período do ano passado. Até a semana passada, o valor médio do produto vendido nos postos era de R$ 4,97, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

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Mesmo com a tentativa do governo federal de tentar barrar o movimento, uma nota conjunta divulgada por entidades que representam os caminhoneiros destacou que a greve a partir do dia 1º está mantida.

O documento, assinado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNRTC) e a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Autônomos (Abrava), diz que “é necessário mudar urgente esse cenário, porque o povo brasileiro não suporta mais essa cadeia consecutiva de aumentos nos combustíveis e gás de cozinha”.

Entre as exigências dos caminhoneiros está uma revisão por parte do governo federal na política de preços praticada pela Petrobras e a aprovação da aposentadoria especial aos 25 anos de trabalho ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Além disso, a categoria quer a atualização da tabela de Piso Mínimo de Frete, exigindo a contratação de um instituto, pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para realizar estudos e cálculos para os reajustes.

Auxílio de R$ 400

Na quinta-feira (21), durante o evento de inauguração do Ramal do Agreste das obras de transposição do Rio São Francisco, em Sertânia, Pernambuco, o presidente Jair Bolsonaro anunciou o auxílio de R$ 400 para cerca de 750 mil caminhoneiros. Segundo ele, a medida visa compensar a alta do diesel.

“O preço do combustível lá fora está o dobro do Brasil. Sabemos que aqui é um outro país, mas grande parte do que consumimos em combustível, ou melhor, uma parte considerável, nós importamos e temos que pagar o preço deles lá de fora. Decidimos, então, atender aos caminhoneiros autônomos. Em torno de 750 mil caminhoneiros receberão uma ajuda para compensar o aumento do diesel. Fazemos isso porque é através deles que as mercadorias e os alimentos chegam nos quatro cantos do país”, disse.

Sobre o anúncio do presidente, a Abrava ressaltou que esse valor de R$ 400 não vai suprir as necessidades dos caminhoneiros, já que, segundo a associação, o valor corresponde a apenas 3,15% das despesas mensais de combustível. A entidade usou como exemplo uma viagem semanal entre Catalão (GO), Anápolis (GO) e Araguari (MG), na qual um caminhão carregado consegue fazer, em média, 2 quilômetros por litro de diesel.

“Os caminhoneiros autônomos brasileiros não querem esmolas. Auxílio no valor de R$ 400 não supre em nada as necessidades e demandas da categoria”, disse o presidente da Abrava, Wallace Landim “Chorão”. Segundo ele, a proposta do presidente é um “balão apagado” para a categoria que o ajudou a ser eleito.

Já a CNTTL diz que o valor anunciado é uma “esmola” que não vai ajudar a categoria. “O caminhoneiro não quer esmola, quer dignidade. Para as petroleiras (dão) um trilhão, para o caminhoneiro humilhação”, disse o diretor Carlos Alberto Litti Dahmer.

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O presidente do CNTRC, Plínio Dias, também criticou a proposta do governo federal e destacou que a categoria precisa que as reivindicações sejam atendidas por uma questão de “sobrevivência”.

Bloqueios

Por volta da meia-noite de quinta-feira os tanqueiros iniciaram uma paralisação em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Eles reclamam do alto valor do diesel e do ICMS e fizeram bloqueios a bases de abastecimento, não deixando que os caminhões fossem abastecidos. O movimento segue nesta sexta-feira (22).

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Em Minas, segundo o Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sinditanque), mais de 800 caminhões estão parados e alguns estão concentrados na região da Refinaria Gabriel Passos, em Betim.

Já no Rio de Janeiro, o ato começou na região de Campos Elíseos, no município de Duque de Caxias. O Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e de Lojas de Conveniência do Município do Rio de Janeiro (Sindcomb) também destacou que os motoristas também bloqueiam os acessos aos locais de abastecimento.

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