Uma professora de filosofia do Colégio Estadual Thales de Azevedo, que fica em Salvador, na Bahia, foi intimada a depor pela Polícia Civil para prestar esclarecimentos sobre sua postura em sala de aula. Ela foi alvo de uma denúncia por parte de uma aluna, que disse que a docente ensinava “conteúdo esquerdista” e com linguagens de “doutrinação feminista”. Entre os temas abordados estariam questões de gênero, racismo, assédio, machismo e diversidade.
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Na denúncia feita à polícia, a mãe da aluna também destacou que a filha estaria sofrendo constrangimentos na escola por causa de sua opinião política, sendo até impedida de participar de atividades em grupo. E que tudo isso ocorreu com consentimento da professora.
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Já a educadora recebeu a intimação para comparecer à Delegacia de Repressão a Crimes contra Crianças e Adolescentes (Dercca) para explicar os fatos na última terça-feira (16). De acordo com a Associação dos Professores Licenciados do Brasil (APLB), a educadora ficou emocionalmente abalada e precisou ser hospitalizada.
A APLB destacou que seu departamento jurídico foi acionado por um grupo de professores e observou atitudes “inamistosas e de perseguição” por parte da estudante que fez a denúncia contra a docente.
“A APLB-Sindicato, legítima representante dos trabalhadores e trabalhadoras em Educação vem a público manifestar toda a sua solidariedade e apoio jurídico aos docentes da Escola Estadual Thales de Azevedo por tentativas de intimidação, coação e pressão psicológica por grupos de extrema direita que tentam cercear a livre expressão e tumultuar aulas e algumas atividades propostas pelos professores e professoras”, disse o sindicato em nota.
A entidade ressaltou, ainda, que em agosto deste ano um grupo de alunos da instituição já tinha emitindo uma nota atacando os professores após um seminário realizado na escola. Outra mãe também já tinha invadido uma aula de inglês para exigir informações sobre o conteúdo que era aplicado, pois considerava a temática feminista e ela discordava do tema.
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O Colégio Estadual Thales de Azevedo repudiou a denúncia feita contra a professora e publicou uma nota, na qual destacou que a intimação policial fere “a liberdade de cátedra e autonomia pedagógica, princípios constitucionais fundamentais.”
A escola ressaltou que a medida também “viola o direito profissional e o respeito ao trabalho docente em disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº9.394) e do Plano Nacional de Educação (Lei nº13.005)”. A unidade escolar pediu apoio de entidades e movimentos sociais para garantir a autonomia pedagógica.