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‘Cometi um erro, mas não merecia ser humilhado’, diz jovem arrastado por PM de moto

O jovem Italo da Silva, de 18 anos, que foi algemado por um policial militar e puxado por uma moto, na Avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello, na Vila Prudente, Zona Leste de São Paulo, afirmou que teve medo de morrer durante a prisão. A ação policial foi foi flagrada em um vídeo e publicada nas redes sociais (veja abaixo).

Eu me senti humilhado, tive medo de morrer. Cometi um erro, mas não merecia ser humilhante”, disse o rapaz, em um bilhete enviado ao Fantástico, da TV Globo, que foi exibido no domingo (5) durante uma reportagem sobre o caso. Italo permanece no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Belém, na Zona Leste da capital.

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Na mesma reportagem, a irmã do jovem, Larissa da Silva, admitiu que rapaz estava errado por portar drogas ao ser preso, mas lamentou a postura do policial militar. “Não era certo o que ele estava fazendo, mas também não foi certo o que o policial fez com ele. Ali ele estava em um momento precisando de ajuda, e não de ser julgado”, disse.

Italo foi preso na última terça-feira (30) por suspeita de tráfico de drogas e de dirigir sem habilitação. Um PM informou que ele teria furado um bloqueio e, na fuga, bateu o veículo em uma ambulância. Porém, no registro da ocorrência, os agentes omitiram o fato de que o suspeito foi puxado algemado com a mão presa na moto conduzida por um policial.

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O vídeo foi feito por pessoas que estavam dentro de um veículo e ficaram revoltadas com a cena. Nele, é possível ver o jovem detido de calça preta e camiseta de manga comprida, correndo atrás da moto conduzida por um policial militar.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que, “imediatamente após tomar ciência das imagens”, a Polícia Militar determinou a “instauração de um inquérito policial militar para apuração da conduta do referido policial e o seu afastamento do serviço operacional”.

O texto destacou, ainda, que a “Polícia Militar repudia tal ato e reafirma o seu compromisso de proteger as pessoas, combater o crime e respeitar as leis, sendo implacável contra pontuais desvios de conduta.”

Audiência de custódia

Na quarta-feira (1º), Italo passou por uma audiência de custódia no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), quando confessou que levava 11 tabletes de maconha e que ganharia R$ 1,5 mil para levar a droga até a região de São Mateus.

A defesa do rapaz chegou a incluir as imagens do momento da prisão para análise da juíza Julia Martinez Alonso de Almeida Alvim, alegando ilegalidade por causa da conduta policial. No entanto, a magistrada manteve a prisão, destacou que não viu irregularidades e solicitou que o jovem fosse submetido a um exame de corpo de delito.

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“Considerando a alegação de violência policial e que foi arrastado junto à motocicleta, encaminhe-se o autuado ao IML”, disse a juíza.

A defesa do rapaz destacou que vai recorrer da decisão.

Ação Civil

Na semana passada, as associações Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro) e o Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo entraram com uma ação civil pública na Justiça contra o governo de São Paulo por conta da prisão de Italo.

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As entidades alegam no documento que o caso protagonizado pelo agente da PM contra o jovem negro foi uma “manifestação explícita de racismo estrutural e institucional” e pedem “reparação de dano moral coletivo e dano social infligidos à população negra e ao povo brasileiro de modo geral, em razão de graves atos de violência policial.”

A ação pede uma indenização de R$ 10 milhões do governo, a ser revertida ao Fundo Estadual de Direitos Difusos do Estado de São Paulo. Além disso, solicita que a Justiça obrigue o estado a implantar medidas antirracistas na Polícia Militar.

O governo estadual destacou que ainda não foi notificado da ação e não pode comentar o caso.

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