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Jovem arrastado por PM de moto se torna réu por tráfico de drogas

Juiz acatou denúncia do MP-SP e ainda manteve a prisão preventiva do rapaz

PM foi flagrado em vídeo ao arrastar jovem preso a moto, em SP (Reprodução/Twitter)

O jovem Italo da Silva, de 18 anos, que foi algemado por um policial militar e puxado por uma moto, na Avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello, na Vila Prudente, Zona Leste de São Paulo (veja o vídeo abaixo), se tornou réu por tráfico de drogas e dirigir sem habilitação. A Justiça acatou a denúncia feita contra ele pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

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Na decisão, o juiz José Paulo Camargo Magano, da 11ª Vara Criminal do Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste da capital, ainda manteve a prisão preventiva do rapaz. “Reexaminando os autos, não vislumbro qualquer alteração na situação fática que possa levar à mudança na situação prisional específica”, destacou o magistrado.

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Agora, a Justiça vai determinar uma data para o julgamento de Italo, mas o juiz adiantou que não serão colhidos depoimentos de testemunhas que tenham algum tipo de parentesco com o acusado.

O Metro World News não conseguiu contato com a defesa do jovem para falar sobre o caso.

Italo foi preso no último dia 30 por suspeita de tráfico de drogas e de dirigir sem habilitação. Na ocasião, a Polícia Militar informou que ele teria furado um bloqueio e, na fuga, bateu o veículo em uma ambulância. Porém, no registro da ocorrência, os agentes omitiram o fato de que o suspeito foi puxado algemado com a mão presa na moto conduzida por um policial.

O vídeo foi feito por pessoas que estavam dentro de um veículo e ficaram revoltadas com a cena. Nele, é possível ver o jovem detido de calça preta e camiseta de manga comprida, correndo atrás da moto conduzida por um policial militar.

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Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que, “imediatamente após tomar ciência das imagens”, a Polícia Militar determinou a “instauração de um inquérito policial militar para apuração da conduta do referido policial e o seu afastamento do serviço operacional”.

O texto destacou, ainda, que a “Polícia Militar repudia tal ato e reafirma o seu compromisso de proteger as pessoas, combater o crime e respeitar as leis, sendo implacável contra pontuais desvios de conduta.”

Liberdade negada

No início desta semana, o desembargador Laerte Marrone, da 14ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, negou um pedido de liberdade feito pela defesa de Italo. Na ocasião, o magistrado destacou que “aparentemente, a colocação do paciente em liberdade representa um risco à segurança e à saúde públicas”.

Ele também citou o fato de que Italo levava 11 tabletes de maconha e que confessou que ganharia R$ 1,5 mil para levar a droga até a região de São Mateus. “Considerando quantidade das drogas, traduz acentuado grau de culpabilidade da conduta”, escreveu o desembargador.

Sobre o fato do rapaz ter sido algemado e arrastado por um PM em uma moto, ação cuja defesa alega que houve ilegalidade, o desembargador destacou que isso não justificaria a soltura dele.

“Eventual abuso dos agentes públicos, por uso de força indevida, quando da prisão do paciente [questão que, de resto, em regra não comporta solução na via estreita do ‘habeas corpus’], embora possa empenhar responsabilidade dos policiais, não necessariamente infirma a decisão que decretou a prisão preventiva.”

Assim, o rapaz segue preso na Penitenciária 1 de Lavínia, no interior do estado.

Ação Civil

No início do mês, as associações Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro) e o Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo entraram com uma ação civil pública na Justiça contra o governo de São Paulo por conta da prisão de Italo.

As entidades alegam no documento que o caso protagonizado pelo agente da PM contra o jovem negro foi uma “manifestação explícita de racismo estrutural e institucional” e pedem “reparação de dano moral coletivo e dano social infligidos à população negra e ao povo brasileiro de modo geral, em razão de graves atos de violência policial.”

A ação pede uma indenização de R$ 10 milhões do governo, a ser revertida ao Fundo Estadual de Direitos Difusos do Estado de São Paulo. Além disso, solicita que a Justiça obrigue o estado a implantar medidas antirracistas na Polícia Militar.

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