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Quatro em cada dez brasileiros estão dispostos a trocar de emprego; saiba o que mais atrai profissionais para novas oportunidades

Quatro em cada dez brasileiros estão dispostos a trocar de emprego, diz pesquisa Ijeab/Freepik/Divulgação

O estudo “Perspectivas para o Mercado de Trabalho 2022″, realizado pela PageGroup, consultoria de recrutamento executivo especializado, revelou que quatro em cada dez brasileiros estão dispostos a trocar de emprego neste ano. Além disso, 53,3% dos profissionais estão abertos a receber ofertas de trabalho.

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Cerca de 3 mil colaboradores participaram do levantamento, principalmente executivos de organizações de capital privado e misto de diferentes empresas e setores não só do Brasil, mas também da Argentina, Chile, Colômbia, México, Panamá e Peru, de setembro a outubro de 2021.

A pesquisa mostrou que para reter bons profissionais, as empresas estão adotando estratégias como oferecer benefícios atrativos combinados com remuneração competitiva (41,3%); oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento (40,3%) e contratos de trabalho flexíveis (22,7%).

No caso das empresas brasileiras, plano de saúde (57,9%), horário flexível (52,3%) e bonificação (40,6%) listam entre os incentivos que poderão compor o pacote de atração dos profissionais.

O que motiva a mudança?

Apesar de o estudo ter foco em executivos de organizações, é possível dizer que o desejo de mudança está presente nos demais níveis hierárquicos, como explica Lucas Oggiam, diretor da PageGroup. “Apesar de resultados financeiros macroeconômicos tímidos no Brasil, o nível de confiança dos profissionais de todos os níveis está bastante alto. Isso normalmente faz com queelas estejam mais abertos para uma potencial mudança de cargo ou empresa”, aponta.

Oggiam diz que as motivações de cada um para partir para uma transição na carreira são muito individuais, mas que, no final do dia, ainda há mais profissionais dispostos a negociar aspectos de bem-estar caso a remuneração seja mais agressiva do que o caminho contrário. “Porém, vale mencionar que cada vez mais vemos a grande disputa de empresas em promover e valorizar políticas de benefícios que promovam bem-estar e saúde mental”, pondera.

Já para Kleber Piedade, CEO e fundador da Matchbox, HR Tech e consultoria de Recursos Humanos, hoje os talentos estão em busca de flexibilidade, propósito e oportunidade de crescimento. “Portanto, as vagas que mais têm chamado a atenção são aquelas que oferecem modelo de trabalho remoto ou híbrido e empresas que têm um propósito forte, com o qual os talentos se identificam. Além disso, empresas que estão em crescimento exponencial e nas quais o funcionário também vê oportunidade de alavancar a carreira têm ganhado força”, opina.

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Além da flexibilidade, Emilia Magnan, especialista em carreira e desenvolvimento humano na startup referência em squads-as-a-service BossaBox, acredita que o protagonismo será tendência que vai tomar o mercado em 2022. “Com a crescente busca por liberdade, dinamismo na rotina e novas experiências, o anywhere office vem como uma evolução do home-office.”

Emilia aponta que o profissional contemporâneo não quer ter uma vida que gire em torno do trabalho. E o “escritório ambulante” é uma forma de dar prioridade à vida pessoal e adaptar o trabalho a sua rotina. “Profissionais de tecnologia, por exemplo, são inquietos, estão o tempo todo conectados com as tendências e expostos a tudo que acontece no mundo inteiro. Isso os torna mais abertos a fazer escolhas que questionem o status quo. Bater ponto no escritório parece não fazer mais sentido, e viver nos grandes centros, com um custo de vida elevado e rotina monótona também não”, explica.

Bom momento para bons profissionais

O diretor da PageGroup diz que, para os profissionais, este é um ótimo momento para investir em novos desafios, já que o mercado segue em uma grande busca por pessoas bem qualificadas e que possam ajudar empresas a ‘movimentar o ponteiro’.

O fundador da Matchbox lembra que a sede de mudança é uma característica da geração atual, que quer experimentar novas experiências profissionais e trata as decisões de carreira como decisões menos definitivas do que eram há 20 ou 30 anos. “A longo prazo, o que veremos é que, enquanto as gerações anteriores tinham de seis a oito empregos ao longo da vida profissional, essa nova geração terá cerca de 12 experiências”, diz.

Para quem quer transitar na carreira

Mudar de emprego está nos seus planos para 2022? O executivo da PageGroup alerta então para os principais desafios: competitividade e exigências do mercado atual. Com isso, a preparação acadêmica e experiência profissional dos candidatos são cada vez mais exigidas para uma nova cadeira.

E qual é o caminho? “A primeira coisa a fazer é valorizar seus contatos e relacionamentos profissionais. Isso costuma ser o melhor ponto de partida para encontrar uma nova posição. Talvez ainda mais importante é planejamento - saber o que você busca e estudar o mercado ou área”, aconselha Oggiam. “Minha recomendação número um segue sendo estudar inglês. Ainda temos um número baixíssimo de pessoas que conseguem trabalhar com um segundo idioma no Brasil, e isso pode ser o grande item que falta para o salto de carreira de muitos profissionais”, completa.

“Independentemente da área de atuação, é importante que se esteja conectado com as novas tendências e com a transformação digital que está acontecendo nas organizações. Existem diversos cursos online de qualidade que podem ajudar o profissional a se preparar para este novo mundo do trabalho. Além disso, é importante utilizar ferramentas como o Linkedin e ter o seu currículo atualizado, para construir a sua imagem profissional de forma a despertar a atenção dos recrutadores”, orienta Piedade, da Matchbox.

Desafios para as empresas

Tendo claro o cenário atual, o principal obstáculo a ser superado pelas empresas tem sido conseguir reter seus melhores talentos, como explica o diretor da PageGroup. Com isso, a maioria das empresas tem feito um trabalho de melhorar condições, benefícios, ambiente e cultura. Muitas, porém, ainda não conseguem acompanhar esse movimento, seja por falta de recursos - humanos ou financeiros - ou até mesmo por não enxergar essa evolução do mercado de trabalho.

Piedade ressalta que é cada vez mais importante investir no fortalecimento da marca empregadora e na proposta de valor para o colaborador. “É ilusão acreditar que os funcionários vão permanecer por décadas na companhia. O desafio é garantir que, ao longo da jornada, o profissional traga engajamento e resultados consistentes. As empresas devem também revisitar seus benefícios, condições e ferramentas de trabalho, para que o colaborador possa ser ele mesmo e tenha as condições necessárias para se destacar e contribuir com o crescimento da organização”, finaliza.

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