A jovem Isabela Tibcherani, de 21 anos, reafirmou que viu seu pai, Paulo Cupertino, cometendo o assassinato do seu namorado, o ator Rafael Miguel, e dos pais dele. O acusado foi preso no último dia 16 após quase três anos foragido. Em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, a jovem desabafou sobre como se sente: “Não é fácil ser a filha de um assassino”.
ANÚNCIO
O crime aconteceu em 2019 na frente da casa onde Isabela morava com a mãe, no bairro Pedreira, zona sul de São Paulo. Cupertino chegou armado e atirou em Rafael Miguel e nos pais dele, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel. Segundo a investigação, a motivação foi porque ele não aceitava o namoro de sua filha com o ator.
Na entrevista, Isabela confirmou mais uma vez que presenciou o crime e disse se está preparada para testemunhar na Justiça contra o pai: “Não. Mas eu estou disponível, estou disposta, e eu vou estar preparada quando precisar estar”, disse a jovem.
Ela também lembrou com carinho do namorado: “O pouco tempo em que ele esteve na minha vida foi o momento que eu me senti mais feliz”, afirmou.
Em seguida, desabafou como se sente a respeito da prisão do pai: “Embora [a prisão] não vá aparar nada do que aconteceu, não vá diminuir as dores, a pessoa que causou esse mal todo está preso agora e não vai sair impune. Isso meio que conforta, de alguma forma. É como se os pesos fossem gradativamente se aliviando na nossa vida, e eu tenho fé e desejo que não só para mim, mas que também para família do Rafael, que aos poucos as coisas voltem a se acalmar e que exista esse senso de justiça para tudo de ruim que aconteceu”, pontuou Isabela.
A jovem disse que luta para tentar superar o drama que viveu e que enfrenta dificuldades até opara conseguir um emprego: “Meu maior objetivo desde então era me reerguer, conseguir trabalhar, tocar minha vida tranquilamente. Mas essa exposição toda me prejudicou bastante. Independente de eu ser inocente nessa situação, as empresas, acredito que não querem esse tipo de associação. Então acabam dispensando. Ainda existe um peso, né, que as pessoas colocam pelo fato de eu ser filha dele. Não é fácil ser filha de um assassino. Não é fácil carregar o peso de ter o nome de uma pessoa que cometeu um dos maiores crimes nacionais”.
“A minha força vem de um lugar maior, e o meu desejo de viver ele é muito maior ainda. Eu tenho muita vontade de chegar nos lugares que eu sonho, de alcançar os meus objetivos e eu me vejo fazendo tudo isso, sabe? É isso que me motiva todos os dias”, ressaltou Isabela.
ANÚNCIO
Investigação
Depois da prisão, Cupertino passou por uma audiência de custódia, na qual alegou inocência: “Eu não sou bandido, eu não sou assaltante de banco. Eu não sou nada disso”, disse.
No entanto, a polícia não tem dúvidas sobre a culpa do ex-empresário. “Não tem probabilidade de ter sido outra pessoa. Não (tem dúvida), porque a filha dele é a testemunha principal”, afirmou delegada da Divisão de Capturas, Ivalda Aleixo.
Segundo a investigadora, Cupertino era obcecado por Isabela e por isso não aceitou o namoro. “Ele tinha muito ciúmes da filha. Não é mais uma criança, né? Uma mulher. Uma mulher que ia tomar o rumo dela.”
“Ele não era uma pessoa que tinha algum tipo de coisa afetiva. Era uma possessão mesmo. Ele não me deixava viver, ele era extremamente controlador. Então, eu não tinha uma vida de fato até os meus 18 anos”, contou Isabela.
Cupertino segue em um presídio na Zona Leste de São Paulo. Ele deve ficar isolado dos outros presos até junho. Ele vai responder por triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.
Passado criminoso
O assassinato de Rafael Miguel e seus pais não foi o primeiro crime de Cupertino. Em 1993, ele foi preso em Santos, no litoral de São Paulo, após participar de um assalto a um carro forte com outros comparsas, todos armados com metralhadoras, de acordo com notícia publicada pelo jornal A Tribuna à época.
No assalto, a quadrilha roubou Cr$ 2,5 bilhões do carro que transportava o dinheiro para o pagamento dos trabalhadores do porto de Santos. Os assaltantes usaram um carro e duas motos para a fuga. Na fuga, a moto de Cupertino foi deixada para trás e ele pediu depois a um comparsa que não estava ligado ao assalto para prestar queixa do roubo da moto, em uma tentativa de reavê-la.
O comparsa chegou a ir à polícia, mas pressionado pelos investigadores acabou revelando o verdadeiro dono do veículo e seu paradeiro. Ele foi preso logo depois. O carro usado na fuga foi encontrado no litoral. Ele havia sido roubado em São Caetano do Sul dias antes do crime.