Presa em flagrante após matar a própria irmã, a PM Rhaillayne Oliveira de Mello disse em depoimento à polícia que antes do crime foi alvo de “vários xingamentos” por parte da vítima e citou problemas antigos de relacionamento entre elas. A soldado deu um tiro no peito da irmã, Rhayna Oliveira de Mello, após uma discussão em um posto de gasolina em São Gonçalo, no Rio de Janeiro.
De acordo com a Polícia Civil, ao ser ouvida na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), pouco depois do crime, a soldado mesmo tendo o direito de permanecer em silêncio, acabou falando sobre os problemas antigos com a irmã e citou que antes de atirar nela foi alvo dos xingamentos.
De acordo com reportagem do jornal “O Globo”, a PM apresentou comportamento estranho durante o depoimento, chegando a pedir aos gritos que queria “a irmã de volta”. Além disso, um laudo da Polícia Técnica e Científica mostrou que ela bateu com as algemas contra a própria testa e arrancou as unhas dos dedos mínimos, o que indicou que ela apresentava estado pós-traumático e comportamento sugerindo psicose.
A irmã da policial, segundo o legista que fez o laudo da necropsia, morreu em decorrência de um disparo de arma calibre .40 no tórax. O laudo do IML diz que ela sofreu hemorragia interna, lesões pulmonares e também vasculares.
O crime
Rhaillayne e Rhayana teriam saído de uma festa e pegaram um carro de aplicativo. De acordo com uma atendente do posto, elas já chegaram ao local discutindo.
“Aqui tem um banheiro e elas vieram aqui para esse banheiro e começaram a discutir, até que aconteceu esse fato lamentável. Só escutei o barulho, muito, muito tiro”, disse Josiane Silva ao “G1″.
Segundo testemunhas, a PM disparou diversas vezes contra a irmã. A polícia foi acionada, e Rhaillayne acabou presa pelo próprio marido, que também é policial militar e deu voz de prisão em flagrante à esposa. Ela foi encaminhada para a Delegacia de Homicídios de Niterói, onde foi autuada por crime de homicídio.
O Corpo de Bombeiros também foi chamado, mas encontrou a vítima já sem vida no local. Já a Corregedoria Geral da Corporação acompanha o caso por meio da 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar.
Aprovação na PM
Rhaillayne só conseguiu ingressar na Polícia Militar após entrar com um recurso na Justiça. Ela foi aprovada no concurso em 2014, mas acabou reprovada durante a “pesquisa social” após confessar que já fez uso de substâncias tóxicas três vezes em festas de raves, mais especificamente maconha, LSD, ecstasy e MD (droga sintética).
Na ocasião, os responsáveis pela análise também citaram outros motivos para que a candidata não fosse aceita, como desavenças públicas que ela teve com o pai “pelo fato de o mesmo não concordar com as coisas erradas que fazia” e o “relacionamento de amizade” com um homem suspeito de crimes.
Depois da reprovação, Rhaillayne entrou com uma ação na Justiça e seguiu no processo seletivo. Porém, depois, ela ainda foi reprovada nos testes físicos e voltou a recorrer. Desta vez, ela alegou que o próprio curso de formação ocasionou problemas de saúde que afetaram o desempenho na prova.
A Justiça acatou a tese de que ela agiu de forma transparente e honesta ao responder as perguntas feitas pelo pesquisador responsável pelo levantamento social dos aprovados no concurso.
A ação tramitou até o segundo semestre do ano passado, quando acabou arquivada por desistência da própria autora. Assim, ela assumiu o posto de soldado na corporação. Desde que foi aprovada, a PM estava lotada no 7º BPM (São Gonçalo).
Pode interessar também: