O cirurgião plástico Bolívar Guerrero Silva, preso por manter uma paciente em cárcere privado em um hospital particular em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, responde a pelo menos 19 processos na Justiça. Ele também foi acusado, em 2016, por imprudência pela família de uma mulher que morreu durante uma lipoescultura.
Além das questões judiciais, o médico também já foi preso. Segundo reportagem do site G1, em 2010 ele foi um dos alvos da Operação Beleza Pura, da Polícia Civil, que resultou na prisão de oito pessoas, entre elas Bolívar.
Na ocasião, o cirurgião equatoriano foi acusado de aplicar um medicamento para preenchimento facial sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além de outros produtos falsificados.
Bolívar trabalha em Duque de Caxias desde 1996. Nas redes sociais, se apresenta como “especialista em cirurgia estética e reparadora”. Ele costuma compartilhar com seus quase 40 mil seguidores fotos e vídeos mostrando os resultados das operações que faz.
Entenda o caso
O cirurgião plástico foi preso na tarde de segunda-feira (18) por policiais da Delegacia de Atendimento à Mulher de Duque de Caxias (Deam-Caxias) por manter uma paciente em cárcere privado no Hospital Santa Branca.
A mulher foi resgatada na unidade de saúde depois que sua família afirmou à polícia que ela estava sendo impedida de sair do hospital há quase dois meses, depois que um procedimento estético na barriga, conhecido como abdominoplastia, deu errado.
Os policiais cumpriram mandados de prisão preventiva, de busca e apreensão e de condução coercitiva no hospital. O médico está preso e vai responder pelos crimes de cárcere privado e associação criminosa.
Segundo o G1, a equipe que trabalha com o cirurgião plástico fez um comunicado nas redes sociais negando as irregularidades. Segundo a publicação, Bolívar liberaria a paciente se ela assinasse um documento se responsabilizando por qualquer problema após a alta.
Já o hospital destacou, em nota, que as acusações são “infundadas”. “Tal crime decorre do verbo encarcerar, que significa deter, ou prender alguém indevidamente e contra sua vontade. No crime de cárcere privado, a vítima quase não tem como se locomover, sua liberdade fica restrita a um pequeno espaço físico, como um quarto ou um banheiro”, destacou o texto.
“Com 43 anos de funcionamento, essa unidade desconhece tal prática dentro do seu estabelecimento, sempre buscando zelar pela saúde física e mental de seus pacientes, prezando pelo direito de ir e vir dos mesmos, amparado por um equipe multidisciplinar profissional, centros cirúrgicos e CTI com 20 leitos operando 24 horas por dia. Nossas salas cirúrgicas são locadas.Repudiamos quaisquer práticas criminosas que nos foram indevidamente atribuídas! Tal acusação é absurda!”, ressaltou o hospital.
“Além disso, o Dr. Bolívar Guerrero não pertence ao quadro societário desta empresa, como descrito pela imprensa”, concluiu o texto.
O resgate da vítima
A paciente fez cirurgias no início de março e em junho e voltou para se submeter a mais três intervenções. Parentes revelam que ela teve complicações, a ponto da barriga ter necrosado.
A polícia investiga a denúncia de que o médico e sua equipe estariam impedindo que a mulher fosse transferida para outra unidade de saúde.
Na última sexta-feira (15), a paciente recebeu um celular repassado pela polícia, que ao ligar para o aparelho, ouviu a paciente pedir desesperada para ser retirada do hospital, pois tinha medo de morrer.
Quando os agentes da Deam-Caxias chegaram no hospital para resgatá-la, a advogada da unidade médica alegou que a vítima estava sedada e não poderia fazer contato. Mesmo assim, os policiais entraram e encontraram a mulher chorando muito.
Fotos tiradas no momento do resgate comprovaram o estado de saúde delicado e foi pedido a Justiça a prisão do médico responsável pelo procedimento e que também administra a unidade.