Pelo menos 25 pessoas já procuraram a Polícia Civil para denunciar o cirurgião plástico Bolívar Guerrero Silva, que está preso por manter uma paciente em cárcere privado em um hospital particular, no Rio de Janeiro. Após a repercussão do caso, elas disseram que ficaram deformadas ou com sequelas após serem submetidas a operações com o médico.
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A delegada Fernanda Fernandes, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher de Duque de Caxias, confirmou o número de denúncias contra o cirurgião. No entanto, não divulgou detalhes de cada caso para não atrapalhar as investigações.
Guerrero foi preso por dificultar a transferência de Daiana Cavalcanti do no Hospital Santa Branca. A mulher contou que fez uma abdominoplastia, que é um procedimento para retirar o excesso de pele e gordura do abdômen, e colocou próteses de silicone nos seios com o médico em março deste ano. No entanto, dias depois dos procedimentos, começou a sentir fortes dores e a apresentar infecções. Assim, voltou a ser internada na mesma unidade.
Mas o estado de saúde de Daiana foi piorando a cada dia e os parentes tentaram transferir a paciente, sem sucesso. Assim, decidiram procurar a polícia para denunciar que o cirurgião plástico estava impedindo a saída dela. “Meu peito está todo necrosado. Eu estou com um buraco na barriga. Dois! Um debaixo do umbigo”, disse ela em um vídeo, no qual pediu ajuda a polícia para ser levada para outro hospital.
O caso foi apurado pela Deam e, no último dia 18, Bolívar Guerrero foi preso dentro do centro cirúrgico do hospital, acusado de manter Daiana em cárcere privado.
Os policiais cumpriram mandados de prisão preventiva, de busca e apreensão e de condução coercitiva no hospital. O médico vai responder pelos crimes de cárcere privado e associação criminosa. O caso agora corre em segredo de Justiça.
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Nova cirurgia
Após a prisão do cirurgião, Daiana conseguiu ser transferida na última quinta-feira (21) para o Hospital Federal de Bonsucesso. No sábado (23), ela foi submetida a uma nova cirurgia para reparar pontos na barriga que estavam necrosando. Ela permanece internada no local.
A defesa da paciente entrou com uma ação na Justiça pedindo indenização por danos morais no valor de R$ 200 mil contra o cirurgião e o Hospital Santa Branca.
Defesas
O advogado de defesa de Guerrero, Darlan Renato, negou que o cirurgião tenha mantido a paciente em cárcere privado e que ela poderia sair, mediante um termo de responsabilidade. O defensor destacou que o médico pretende processar Daiana.
Já o Hospital Santa Branca informou, em nota, que as acusações são “infundadas”. “Tal crime decorre do verbo encarcerar, que significa deter, ou prender alguém indevidamente e contra sua vontade. No crime de cárcere privado, a vítima quase não tem como se locomover, sua liberdade fica restrita a um pequeno espaço físico, como um quarto ou um banheiro”, destacou o texto.
“Com 43 anos de funcionamento, essa unidade desconhece tal prática dentro do seu estabelecimento, sempre buscando zelar pela saúde física e mental de seus pacientes, prezando pelo direito de ir e vir dos mesmos, amparado por um equipe multidisciplinar profissional, centros cirúrgicos e CTI com 20 leitos operando 24 horas por dia. Nossas salas cirúrgicas são locadas. Repudiamos quaisquer práticas criminosas que nos foram indevidamente atribuídas! Tal acusação é absurda!”, ressaltou o hospital.
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