A mulher e seus dois filhos resgatados após 17 anos em cárcere privado, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, pedem doações para sobreviver.
Os resgatados precisam de alimentos, fraldas, roupas, calçados, itens de higiene e material de limpeza.
Quem quiser e puder ajudar devem procurar um dos CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) do Rio de Janeiro. Os endereços podem ser conferidos neste link.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a mãe e os rapazes estão na casa de parentes e recebem atendimento médico. “Os três pacientes apresentam quadro de desidratação e desnutrição grave, porém já foram estabilizados e estão recebendo todos os cuidados clínicos necessários, além do acompanhamento dos serviços social e de saúde mental.”
Violência crescente
A mulher mantida em em cárcere privado contou que o marido sempre foi agressivo, mas piorou ao longo dos anos. Em reportagem exibida no domingo passado (31) pelo “Fantástico”, da TV Globo, ela relatou que o homem costumava bater neles com fios e chegava a enforcá-los.
“Eu fiquei 17 anos em cárcere privado, sofrendo maus-tratos. Ficava sem comida, sem água e apanhando. Meus filhos também: amarrados, apanhavam de fio. E ele enforcava a gente também. Ele já era agressivo mas, com o decorrer dos anos, foi piorando mais. Eu chamava, gritava, só que os vizinhos falavam que não conseguiam escutar. Ninguém conseguia ouvir”, disse.
O resgate da família
O resgate da família ocorreu na última quinta-feira (28), após uma denúncia anônima. Os policiais foram até o endereço indicado, no bairro da Foice. Lá, encontraram a mulher e os dois filhos, sendo uma jovem de 22 anos e um rapaz, de 19, que estavam em situação precária. Eles estavam na casa sem condições mínimas de higiene, muito sujos e desnutridos.
Segundo o “Fantástico”, um dos PMs que participou da operação contou que os filhos do casal aparentavam ter problemas psiquiátricos. O rapaz foi encontrado com os pés amarrado por uma corda. Já a garota estava com as duas mãos amarradas aos pés e sentada no chão. Já a mãe estava andando pela casa.
O marido, Luiz Antonio Santos Silva, costumava ouvir um som muito alto na casa, o que fez com que vizinhos o apelidassem de “DJ”. De acordo com os relatos de testemunhas, a ação tinha o objetivo de impedir que os gritos de socorro das vítimas fossem ouvidos.
Silva prestou depoimento após ser preso e preferiu ficar em silêncio. Informalmente, alegou que queria proteger os filhos, que têm deficiência.
A prisão temporária foi convertida em preventiva e ele segue em um presídio na Zona Norte do Rio de Janeiro. O homem vai responder pelos crimes de tortura, cárcere privado, sequestro e maus-tratos.