O modelo e influenciador digital Bruno Krupp, que foi preso por atropelar e matar o adolescente João Gabriel Cardim Guimarães, de 16 anos, na orla da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, foi parado em uma blitz da Lei Seca três dias antes do acidente. Nas redes sociais, ele ironizou a fiscalização, da qual, mesmo sem habilitação e se recusando a fazer o teste do bafômetro, acabou liberado.
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De acordo com reportagem do site G1, inicialmente o modelo postou uma foto nos stories de seu Instagram dizendo que tinha sido parado na blitz. Depois, ele gravou um vídeo mostrando a fiscalização e fez um comentário debochando dos trabalhos.
“Na moral, mano. Eu amo Lei Seca. Eu amo. Amo. Já é?! Vamos ver qual vai ser o desenrolado da melhor forma, demorou?! Tamu junto... Os dois lados da pista. Vem, amor, vem brincar, vem brincar. Vambora!”, comentou.
A liberação do modelo na blitz ocorreu por causa de uma mudança no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), de outubro de 2021. O artigo 271 determina que “não caberá remoção do veículo em casos em que a irregularidade for sanada no local da infração e naqueles em que o veículo tenha condições de circulação em via pública.”
A nova regra entrou em vigor em abril deste ano, a partir de uma medida provisória editada por Jair Bolsonaro (PL) em maio de 2021, aprovada pelo Congresso em outubro e sancionada pelo presidente no mesmo mês.
Dessa forma, mesmo tendo sido parado na blitz, o modelo recebeu uma multa por estar sem a habilitação, por ter se recusado a soprar o bafômetro e por conduzir veículo sem placa. No entanto, acabou liberado em seguida.
Seu advogado, William Pena, disse que o modelo já tinha tirado a habilitação e que apenas aguardava o documento ser entregue pelo Detran. “Ele só não tinha habilitação ainda porque o Detran, salvo engano, já tinha aferido a carteira dele. Ele só não tinha pego a carteira ainda”, disse.
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No entanto, a reportagem apurou que Krupp apenas foi aprovado no exame teórico e ainda precisava cumprir a carga horária mínima de aulas de pilotagem nas ruas antes de fazer a prova prática.
O modelo segue internado em um hospital particular, na Zona Norte do Rio, onde é mantido sob custódia pela polícia.
Modelo se defendeu em vídeo
Bruno Krupp gravou um vídeo no qual se defendeu e destacou que o ocorrido se trata de um acidente: “Eu não bebi, não usei droga”, disse. As imagens foram feitas no hospital e divulgadas pelo site “Em Off” (veja abaixo).
O vídeo foi gravado na quarta-feira (3), depois que o modelo foi preso preventivamente. Na gravação, ele ressaltou que não queria ter causado a morte da vítima. “Gente, pelo amor de Deus, eu sou a última pessoa que queria que isso tivesse acontecido”, disse Krupp.
Ele ressaltou que não estava bêbado: “Eu não bebi, eu não usei droga. Foi um acidente, gente!”, disse ele, que também acusou os funcionários do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, para onde ele foi levado inicialmente, de o chamarem de “assassino” e de demorarem a prestar o atendimento médico. Ele teve alta da unidade no dia 31 e, em seguida, foi internado no hospital particular onde permanece.
“Eu fui levado de ambulância, não fugi do hospital, não fugi dos médicos. Eu estava morrendo no hospital, os empregados me tratando mal, batendo com a maca no corredor, me chamando de assassino, como se eu tivesse feito alguma coisa errada”, declarou ele.
Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro informou não há queixa do modelo sobre as “supostas condutas inadequadas” no hospital.
O atropelamento
O atropelamento ocorreu por volta das 23h do último sábado (30) na Avenida Lúcio Costa, na altura do Posto 3. Câmeras de segurança mostraram Krupp circulando em alta velocidade momentos antes do atropelamento (veja abaixo):
Nas imagens é possível ver que, assim que Krupp passa na motocicleta, populares que estavam no quiosque se assustaram com a alta velocidade. Ao fundo, João Gabriel e sua mãe estavam atravessando a rua. Em seguida, as pessoas que aparecem no vídeo se mostram assustadas.
O adolescente teve uma perna amputada na hora e foi levado ao Hospital Municipal Lourenço Jorge. Ele passou por uma cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Investigação
De acordo com a Polícia Civil, inicialmente, após o acidente, Krupp foi autuado por lesão corporal culposa provocada por atropelamento e falta de habilitação e proibição de dirigir veículo automotor. No entanto, com a morte da vítima, o caso passou a ser tratado como homicídio doloso no 16ª DP (Barra da Tijuca).
O pedido de prisão dele foi feito pelo delegado Aloysio Berardo Falcão de Paula Lopes, responsável pelas investigações. Segundo ele, o modelo demonstra outras passagens policiais por estupro e estelionato, “razão pela qual se faz necessária sua segregação cautelar, por meio de expedição de mando de prisão preventiva, visando garantir a ordem”.
O caso foi analisado pela juíza Maria Isabel Pena Pieranti, do plantão judicial do Tribunal de Justiça do Rio, que aceitou o pedido e expediu a prisão preventiva.
A magistrada destacou na decisão que o modelo “não é um novato nas sendas do crime” e que sua liberdade “comprometeria a ordem pública, sendo a sua constrição imprescindível para evitar o cometimento de crimes de idêntica natureza, podendo-se dizer que a medida visa também resguardar a sociedade de condutas que ele possa vir a praticar”.
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