O estudante Guilherme Alves Costa, de 18 anos, foi condenado a 14 anos de prisão por matar a gamer Ingrid Oliveira Bueno da Silva, de 19 anos, conhecida como Sol. O júri popular foi realizado na segunda-feira (8) no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. A defesa do rapaz disse que vai recorrer e alega que ele tem doença mental.
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O crime ocorreu no dia 22 de fevereiro do ano passado. De acordo com as investigações, o estudante usou uma espada e uma faca para matar a vítima. Depois, Guilherme gravou um vídeo e compartilhou a imagem nas redes sociais admitindo o assassinato. Em seguida, se entregou em uma delegacia.
Apesar de ter gravado as imagens, o estudante nunca revelou a motivação exata para ter cometido o homicídio. Na delegacia, os policiais gravaram a confissão dele, que apenas disse que “quis fazer isso”.
Ingrid jogava profissionalmente como gamer. Ela e o estudante se conheceram durante partidas online do “Call of Duty: Mobile”, um jogo de tiro para celulares.
Durante o julgamento, a maioria dos jurados votou pela condenação do acusado. A juíza Michelle Porto de Medeiros Cunha Carreiro destacou, assim, que ele foi condenado pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil e meio cruel. Ele já estava preso e continuará nesse regime.
“Deixo de conceder a ele o direito de recorrer em liberdade. As razões que levaram à decretação de sua custódia cautelar persistem, ora reforçadas pela condenação”, escreveu a magistrada na decisão, que recomendou que Guilherme tenha consultas psiquiátricas.
Tentou degolar a vítima
Durante o júri popular, a acusação destacou que o estudante tentou degolar a vítima usando a faca e a espada. Ingrid foi encontrada morta depois de ter ido a casa do rapaz.
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Durante a investigação, a polícia tentou descobrir se eles tinham algum relacionamento amoroso, o que não ficou confirmado. No entanto, a corporação acredita que Guilherme premeditou matar a gamer.
O estudante chegou a ameaçar se matar depois do crime, mas desistiu a acabou se entregando em uma delegacia. Em depoimento, ele disse que escreveu um livro para explicar a motivação do crime e o material foi apreendido.
No texto, que foi analisado pela Justiça, ele disse que “planejava um ataque contra o cristianismo e que seria um soldado de um exército, tendo ainda asseverado que a vítima teria atrapalhado seu caminho, o que, em tese, acena para a possibilidade de envolver um plano para atingir outras pessoas”.
Defesa
O advogado João Marcos Alves Batista, que defende Guilherme, destacou ao site G1 que vai recorrer da decisão. Ele alega que um parecer psiquiátrico, feito por encomenda da própria defesa, aponta que o rapaz sofre de doença mental e precisa de tratamento psiquiátrico.
De acordo com o documento, o acusado possui “Transtorno Delirante Persistente e Traços de Personalidade Antissocial”, que o levam a “distorção do entendimento da realidade”. Assim, a defesa alega que ele é semi-imputável, ou seja, não pode responder pelos próprios atos.
No entanto, o Ministério Público discordou dessa tese e destacou que ele pode sim ser condenado criminalmente pelo assassinato. Os jurados concordaram e a maioria votou pela condenação.
Quem era a gamer?
Ingrid era gamer profissional e disputava “Call of Duty: Mobile” pelo time FBI E-Sports. Guilherme jogava no Gamers Elite.
“Ela ingressou no nosso esquadrão de meninas e fez muita amizade com os rapazes da line Black Stars, onde ela ficou até o seu final. Ela era uma excelente jogadora, tinha um espaço em nossos corações. Era uma pessoa extraordinária, sempre nos motivando e acreditando. A ligação dela com todos os membros era super boa, super respeitosa, amistosa e educadíssima. Dedicamos a ela nosso respeito máximo, e à família dela, nossos sentimentos e nossas condolências”, informa o comunicado da FBI E-Sports enviado ao GloboEsporte.
Ao G1, a Gamers Elite informou que Guilherme enviou um vídeo com imagens da jovem morta no grupo da organização, e os responsáveis afirmaram que avisaram “as devidas autoridades” e pediram para que os integrantes do grupo não compartilhassem o vídeo.
A organização também destacou que nunca viu o jogador pessoalmente e que “não compactua com qualquer criminoso de nenhum modo e jamais irá compactuar ou fazer apologias ao mesmo”.
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