Um adolescente negro foi retirado de um ônibus escolar em Imbituba, em Santa Catarina, pela PM (Polícia Militar) e recebeu um golpe conhecido como “mata-leão” durante a abordagem. A ação foi filmada.
O estudante vítima da agressão, de 16 anos, era o único negro dentro do veículo. Agora a conduta dos agentes é investigada pela corregedoria da corporação.
Segundo o advogado da família do adolescente, Paulo Marcos da Silva, além de desproporcional, a ação foi motivada por racismo, como denuncia a família.
A confusão
A prefeitura da cidade informou que a confusão começou quando dois adolescentes teriam feito ameaças dentro do ônibus. Nenhum deles era o rapaz negro.
Os dois jovens, que não são alunos da rede municipal ou estadual, tentaram entrar no ônibus por volta das 12h30 do último dia 3 e, por não estarem com a carteira que daria acesso ao coletivo, foram impedidos. Diante disso, teriam chutado e socado o veículo.
O motorista teria seguido viagem até a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte para registrar um boletim de ocorrência. Às 17h30, ele retornou à Escola de Educação Básica Henrique Lage e encontrou os dois adolescentes. Além deles, estava o rapaz que mais tarde sofreria as agressões. Trata-se de um estagiário da prefeitura, que entrou no veículo para pedir uma carona.
No interior do ônibus, os dois adolescentes teriam feito ameaças e afirmado que estavam com uma arma. A Polícia Militar foi acionada.
Segundo o advogado da família do rapaz, “mesmo as testemunhas apontando que os dois adolescentes envolvidos estariam usando moletom preto, a polícia abordou o estudante de 16 anos que estava vestido de moletom branco” ao chegar ao local.
A adolescente aparece no vídeo de pé e diz aos policiais que não havia feito nada. Mesmo assim, um policial manda ele pôr as mãos para cima. O rapaz se senta novamente mais tarde, e um PM, então, ordena que ele levante e retira o jovem do veículo. Em seguida, o jovem é imobilizado com um “mata-leão”. Depois, é levado para uma base da PM, junto com os outros dois rapazes.
Próximos passos
O caso foi encaminhado ao Ministério Público de Santa Catarina, que apura as circunstâncias e denúncias feitas pela família.
A Polícia Militar do Estado informou que foi aberto procedimento administrativo para apurar a ocorrência. A investigação deve ser liderada pela corregedoria do 8º Comando Regional Militar, sediado no município de Tubarão.
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