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Cônsul alemão é preso suspeito de matar o marido em Ipanema, no RJ; veja o que se sabe até agora

Diplomata disse que marido caiu e se machucou após surto, mas laudos cadavéricos apontaram contradições

O cônsul alemão Uwe Herbert Hahn foi preso suspeito de matar o marido, o belga Walter Henry Maximillen Biot, de 52 anos, no apartamento em que moravam em Ipanema, no Rio de Janeiro. De acordo com a Polícia Civil, inicialmente ele chamou o socorro alegando que o companheiro tinha sofrido um mal súbito. Depois, já em depoimento, disse que ele havia caído e batido a cabeça. Mas a investigação apontou indícios de morte violenta e o diplomata acabou detido.

O belga foi encontrado já sem vida na noite de sexta-feira (5) na cobertura onde vivia. O casal estava junto há mais de 20 anos e testemunhas relataram que eles tinham um relacionamento conturbado, sempre brigando.

Hahn chamou o socorro e, quando os médicos atenderam a vítima, constataram que ela já em parada cardiorrespiratória e com lesões no corpo, em especial, uma na cabeça e outra nas nádegas. O homem não resistiu e morreu.

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O corpo de Biot foi, então, levado ao Instituto Médico-Legal (IML), onde um laudo apontou que ele sofreu traumatismo craniano e apresentava cerca de 30 ferimentos. A partir daí o depoimento do cônsul começou a apresentar contradições, uma vez que ele relatou que o marido caiu de frente para o chão. A lesão constatada pelo laudo apareceu nas costas da vítima.

Assim, foi requisitada uma perícia no apartamento do casal, que mostrou que Biot foi vítima de uma morte violenta.

“A conclusão foi baseada na perícia técnica e a versão apresentada pelo cônsul de que a vítima se exasperou e caiu, ela está na contramão das conclusões do laudo pericial. Ele aponta diversas equimoses, inclusive na área do tórax, que seria compatível com pisadura. Lesões compatíveis com agressão por instrumento cilíndrico. O cadáver grita as circunstâncias de sua morte”, disse a delegada Camila Lourenço, da 14ª DP, ao justificar o pedido de prisão do cônsul.

Assim, Hahn foi preso em flagrante no sábado (6). No domingo (7), ele passou por uma audiência de custódia e sua prisão foi convertida em preventiva. Depois, ele foi levado para o presídio José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio.

A defesa do diplomata pediu o relaxamento da prisão, alegando que ele possui imunidade consular, mas a Justiça entendeu que o benefício não se aplica ao caso, por se tratar de um episódio fora do ambiente consular e sem qualquer relação com as funções exercidas por Uwe Hahn.

O que disse o cônsul à polícia?

Ao prestar depoimento, Uwe Hahn disse que mantinha um relacionamento com a vítima há 23 anos, sendo que há quatro eles moravam no Brasil. Em maio deste ano, ele soube que teria que se mudar para o Haiti por conta do trabalho. Ele relatou que o marido ficou feliz com a mudança, mas que depois passou a se preocupar e a fazer o consumo excessivo de bebidas alcóolicas.

No dia da morte, segundo o cônsul, o belga teve um surto repentino enquanto os dois estavam na sala, sentados no sofá. Nesse momento, ele teria levantado e saído correndo na direção da varanda do apartamento, quando caiu e bateu com a cabeça no chão.

Porém, os laudos cadavéricos mostraram lesões que não são compatíveis com o relato do diplomata. A necropsia revelou diversas lesões no corpo da vítima causadas por ação contundente, sendo uma delas compatível com pisadura e a outra com o emprego de instrumento cilíndrico - supostamente um bastão de madeira que foi apreendido no imóvel.

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Perícia no apartamento

A perícia no imóvel também apontou manchas de sangue nos cômodos, principalmente no quarto e no banheiro, que são “compatíveis com a dinâmica de morte violenta”.

De acordo com a delegada Camila Lourenço, o apartamento estava bastante sujo, com fezes e sangue espalhados pelos cômodos. Ela destacou que os peritos identificaram manchas na fronha, no chão, em diversos pontos do imóvel, e no banheiro.

Em depoimento à polícia, a secretária do cônsul revelou que lavou uma mancha de sangue no apartamento. Ela também contou que recebeu uma mensagem do chefe durante a madrugada de sábado na qual ele dizia que o marido tinha sofrido um infarto e estava morto.

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Investigação

A delegada destacou que, embora tenha convicção que o cônsul matou o marido, o caso segue sendo investigado.

“É preciso analisar o histórico do casal, o pano de fundo, pra saber se havia um caso de violência doméstica, se a vítima era agredida, daí a necessidade de ouvir testemunhas. São circunstâncias que vão interferir na dosimetria da pena. A gente vai refinar a investigação pra apurar as circunstâncias”, afirmou a investigadora.

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Agora, ela aguarda a quebra do sigilo dos celulares do cônsul e do marido para análise das trocas de mensagens entres eles, que podem ajudar a revelar a exata motivação do crime.

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