O sinal de telefonia 5G foi ativado no último dia 4 na capital paulista, que agora conta com cobertura na região Central e a Zona Sul. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), por enquanto, a tecnologia atinge apenas 25% da área urbana. Muita gente ainda não sabe se o seu aparelho pode receber o sinal, qual a real diferença dele para o 4G e se a conta vai ficar mais cara. O advogado Francisco Gomes Júnior, especialista em direito digital, esclarece algumas dessas dúvidas.
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Segundo ele, o principal impacto que deve ser sentido pelos consumidores é a velocidade da internet. “Será muito maior do que estamos acostumados e atividades corriqueiras como baixar vídeos, documentos ou mesmo filmes ocorrerão muitas vezes mais rápido. Quem ainda não está nessas áreas com cobertura continuará se utilizando do 4G”, explicou.
Júnior destacou que a tecnologia 5G promete uma verdadeira “revolução” no uso de ferramentas em tempo real. “Esse é o grande impacto, o que não é pouca coisa, mas existe uma maior velocidade de latência [tempo resposta às solicitações do usuário] e maior capacidade de transmissão de dados [de 100 a 900 Mbits/s]. Se a rede 3G permitiu o surgimento de mídias sociais e de chamadas de vídeo e o 4G permitiu aperfeiçoar tudo isso possibilitando a existência de aplicativos de transporte, conversação instantânea, dentre outras, com o 5G teremos uma revolução”, afirma.
O especialista ressalta que essas melhorias vão ajudar a melhorar uma série de serviços que são prestados e que dependem do uso da internet para agilizar os processos.
“A sociedade a médio prazo sentirá o impacto do 5G em muitos setores. Na área de saúde, teremos o avanço da telemedicina e procedimentos clínicos e cirúrgicos realizados por meio do metaverso; a área de agronegócios e varejo poderão controlar online e em tempo real toda a cadeia produtiva e de suprimentos; teremos carros autônomos, cidades inteligentes e a denominada internet das coisas, além da realidade virtual em games e streamings. Muitos desses avanços já começam a chegar ao usuário e outros chegarão nos próximos anos”, destacou ele.
Prós e contras
Júnior explica que, apesar do ganho em questão de velocidade, a expectativa é que as contas de celular fiquem um pouco mais caras com o 5G. Além disso, como a tecnologia exige a instalação de um número maior de antenas, é esperado um consumo maior de energia e liberação de dióxido de carbono no meio ambiente.
“Eu diria que os benefícios que o 5G propicia superam qualquer crítica, mas cientistas sociais acreditam que poderá haver um encarecimento nas contas de celular. Inicialmente, é importante salientar que o 5G não consome mais dados, ou seja, por si só não altera valores de contas. Óbvio que com maior velocidade de transmissão, há a tendência de que o usuário consuma mais dados e isso gere um maior valor de conta, mas me parece que as operadoras já estão lançando planos promocionais para neutralizar esse impacto”, destacou o especialista.
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“Então a questão a ser elucidada diz respeito ao consumo de energia, pois como o 5G exige uma maior quantidade de antenas poderá haver um maior consumo de energia e liberação de dióxido de carbono, com impacto ambiental. Este ponto merece um maior esclarecimento das operadoras e da Anatel”, afirmou.
De acordo com a agência, a capital paulista é a cidade brasileira com o maior número de linhas de telefonia móvel, com 27,7 milhões. Já em todo o estado, são 77,6 milhões. Nos últimos meses, foram pedidas as instalações de mais de 1,3 mil antenas na faixa de 3,5 GHz, a principal do 5G.
5G funciona em todos os celulares?
Júnior explica que apenas os aparelhos mais novos que são compatíveis com a tecnologia 5G receberão esse sinal, mas ressalta que os consumidores que não podem trocar o celular continuarão sendo atendidos pelo sinal 4G ou até mesmo o 3G, que segue sendo a única opção em algumas regiões do país.
“O 5G é uma tecnologia que, por si só, não gera desigualdade, mas a forma de implementação poderá gerar. Se apenas regiões centrais das capitais forem beneficiadas, alijando-se a periferia das cidades da tecnologia, em tese há uma desigualdade. Como exemplo, em São Paulo, a região da Paulista, Berrini e Itaim possuem 48,3 antenas por quilômetros quadrados e a região de Engenheiro Marsilac na periferia apenas 0,02 antenas por quilômetro quadrado. Pelo país, temos muitos municípios que não possuem nem 4G ainda”, ressaltou.
“Quanto à troca de aparelho celular, quem não tiver condições de obter um aparelho onde o 5G funcione, não terá prejuízo. A previsão é a de que o 4G irá operar [em conjunto com o 5G] até dezembro de 2028. Mas, se for trocar o aparelho, vale a pena verificar se aquele a ser adquirido é compatível para o 5G”, alertou o especialista.
Entenda as diferenças entre os tipos de internet 5G
A principal faixa do 5G que entrou agora em operação comporta o “standalone” (autossuficiente, em inglês) ou SA, também conhecido como a versão “pura” da quinta geração de internet móvel, segundo o Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência (Gaispi).
Além dela, será possível se conectar por meio das versões “non-standalone” (NSA), que usa parte da infraestrutura do 4G, ou pelo “DSS” (Compartilhamento Dinâmico de Espectro, na sigla em inglês), que algumas operadoras chegaram anunciar como sendo “5G” desde 2020, mas que usa apenas a estrutura do 4G.
A novidade do 5G SA é que ele usa a faixa de 3,5 GHz, que é considerada o principal caminho para circulação dos dados. Porém, ela terá essa cobertura ainda limitada na capital paulista.
As versões SA e o NSA usam antenas e frequências dedicadas ao 5G, mas, no caso do segundo, há um compartilhamento do núcleo de rede usado no 4G.
Regras para uso por operadoras
Ao site G1, as três maiores operadoras de telefonia que operam na capital - Claro, Vivo e TIM - destacaram quais são as regras para a utilização do 5G. Veja abaixo:
A Claro destacou que o serviço, chamado pela empresa de 5G+, será oferecido as usuários com aparelhos celulares compatíveis sem nenhuma mudança nos plano de dados móveis. Também não será necessária a troca de chips. A companhia ressaltou que terá antenas em 52 bairros da cidade de São Paulo.
Já a Vivo informou que seus clientes com chip 4G já tinham acesso ao sinal, que a empresa chama de 5G non-standalone (NSA) e que começou a ser disponibilizado no fim de 2021. A companhia ressaltou que esse sistema oferece a mesma experiência que o 5G “puro” ou “standalone” (SA), que começa a ser oferecido agora.
Ainda segundo a Vivo, ambos os sinais usam a faixa que foi ativada pela Anatel na quinta-feira, mas o NSA também dispõe de uma outra faixa, a 2,3 GHz, por isso ele predomina no Brasil e no mundo. A companhia informou que, para acessar o 5G SA, os clientes terão que usar um chip compatível, mas o acesso aos serviços serão feitos de forma gratuita. Por fim, a empresa destacou que terá antenas em 54 bairros da capital paulista.
Já a TIM informou que os usuários terão que ativar um novo plano, que ainda será lançado, para acessar o 5G (SA). No entanto, não será necessário que os clientes troquem o chip.
A empresa destacou, ainda, que essa oferta terá um pacote de 50GB de internet e conteúdos de games inclusos e será gratuita por 12 meses após sua ativação. Já para o acesso ao 5G NSA não haverá cobrança extra.