Crianças e adolescentes, entre 12 a 17 anos, podem participar de um estudo que visa desenvolver uma vacina contra a chikungunya. Os testes e análises serão realizados pelo Instituto Butantan, de São Paulo, em parceria com entidades como o Instituto Autoimune.
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Para se voluntariar, é preciso do consentimento dos pais ou responsáveis legais. Não podem se inscrever gestantes ou pessoas que estejam planejando ter filhos; jovens com doenças autoimunes, principalmente artrites e outras mazelas que atacam as juntas; e pessoas imunossuprimidas ou em tratamento de algum tipo de câncer que demande tratamento imunossupressor, assim como aquelas que estejam fazendo uso de medicação imunossupressora, como corticoides, em altas doses.
Ao todo, 750 pacientes devem participar do estudo. Eles serão divididos em dois grupos, em proporção de dois pra um, sendo dois no grupo da vacina para cada um do grupo do placebo. Espera-se que esse número de voluntários seja alcançado até o final do ano.
As inscrições dos interessados acontecem pela internet. Também é possível entrar em contato com os pesquisadores pelo telefone (81) 3416-7967 e pelo WhatsApp (81) 99398-3026.
Fase 3
Eolo Morandi Júnior, gestor médico de desenvolvimento clínico do Butantan, explicou que o estudo está em fase 3 no Brasil. Nela se busca a análise de imunogenicidade, ou seja, entender como o sistema imune reage à presença da vacina e sua segurança na população mais jovem.
“Já houve a fase 3 nos Estados Unidos e, por recomendação da agência regulatória americana, agora teremos aqui. O estudo se mostrando seguro e eficaz nessa parcela, vamos entrar com a medicação no mercado”, explica Morandi Júnior.
No vizinho do norte, os resultados obtidos foram animadores, afirma o gestor do Butantan. “Nos Estados Unidos foram recrutados cerca de 4 mil pacientes. Foi um estudo foi muito importante, porque nele se conseguiu ver um desenvolvimento de resposta imunológica contra o vírus da chikungunya de 96%, muito satisfatória do ponto de vista de reação.”
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Em termos de segurança, a vacina também foi muito bem. “Foram identificados apenas eventos adversos de leve a moderados, como dor de cabeça, reação local, reação alérgica, vermelhidão, inchaço e febre algumas vezes. Mas a maioria desses eventos foram autoresolutivos, passando em três a quatro dias, e não houve maior repercussão sistêmica para os indivíduos”, disse o especialista.
Prazos
Caso não haja atraso, a expectativa é de que, ao final do ano, a parte regulatória de análise preliminar dos dados comece. Depois dela, a vacina será submetida à agência regulatória- a Anvisa - para análise e verificação. Se tudo estiver “ok”, a vacina poderá entrar no mercado até o início de 2024.
Morandi Júnior lembra que a vacina em questão é feita a partir de um vírus vivo atenuado, ou seja, um vírus que perde a sua capacidade de reprodução. “A presença dele no organismo faz com que o sistema autoimune produza anticorpos, estimulando o organismo a ter uma resposta imunológica adequada quando na sua presença.”