O cursinho Damásio Educacional informou que o professor e juiz do trabalho de São Paulo Marcos Scalercio, de 41 anos, acusado por dezenas de mulheres por assédio sexual e estupro, não tem mais vínculo com a instituição de ensino. Segundo reportagem do site G1, não foi revelado se ele pediu o desligamento ou se foi demitido.
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“Informamos que o docente não tem mais vínculo nenhum com a instituição”, destacou um dos comunicados do Damásio, que seguiu: “A Administração informa que o professor não faz mais parte do quadro de docentes da instituição.”
O fim do vínculo acontece depois que dezenas de mulheres, entre alunas do cursinho, advogadas e funcionárias da Justiça do Trabalho, denunciaram que o magistrado as assediou sexualmente entre os anos de 2014 e 2020.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Ministério Público Federal (MPF) analisam três dessas denúncias que foram formalizadas nas esferas administrativa e criminal. Os casos correm em sigilo.
Scalercio atuava como professor de direito material e processual do trabalho no Damásio Educacional e, além disso, é juiz substituto do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT).
O magistrado nega as acusações feitas pelas mulheres e afirma que já foi absolvido pela corregedoria do tribunal e teve as denúncias arquivadas. Na terça-feira (16), o magistrado pediu férias TRT e se afastou das funções.
As denúncias
Ex-estudantes do Damásio Educacional, que foram alunas de Scalercio, disseram que tentaram denunciar a conduta inadequada dele desde 2016, mas nada foi feito pela instituição de ensino.
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No Instagram do cursinho, alguns comentários de mulheres diziam que levaram ao conhecimento da instituição denúncias da maneira como Scalercio abordava as alunas, que, segundo elas, se sentiam incomodadas.
“Fiz uma denúncia para o coordenador do curso preparatório da OAB segunda fase em 2016! Reclamando dele! O que aconteceu? NADA. Papo escroto, vc vai tirar dúvida e ele começa a falar sobre sua vida pessoal e intimidades”, escreveu ex-aluna.
Em entrevista ao site G1, uma delas contou como foi abordada pelo juiz nas redes sociais, em 2018, e que reclamou ao cursinho sobre a postura inadequada do professor em relação a uma aluna.
“O professor Marcos Scalercio estava com conduta inadequada nas redes sociais, no caso, misturando a parte profissional com a pessoal, e isso estava me constrangendo nas aulas, em vê-lo aos sábados”, disse ela, que destacou o que ouviu de um funcionário do Damásio Educacional. “Ele pediu desculpas e disse que isso seria averiguado. Mas a resposta nunca veio”, lamentou a jovem.
“Depois deixei o curso e fui para outro”, disse a ex-aluna, que contou que ficou assustada com a forma com que o juiz a tratou nas redes sociais. “Ele me procurou no Instagram, passou o celular dele, e ali mesmo já começou dizendo coisas como se eu curtia beijos no corpo todo, perguntava se eu era santinha ou safadinha. Dizia que gostava de preliminares”, contou a vítima. “Me sentia constrangida e invadida até pelo linguajar.”
Recentemente, três mulheres procuraram diretamente a ONG Me Too Brasil para formalizar as reclamações contra o juiz. A partir daí, os casos foram levados ao ao Conselho Nacional do Ministério Público. Agora, o CNJ e o TRF-3 apuram as três acusações.
Até a tarde de terça-feira (16), a ONG já tinha recebido mais 30 novas denúncias contra o magistrado e os casos também deverão ser levado às autoridades.
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