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Chega a 90 o número de mulheres que acusam juiz por assédio sexual, diz ONG

Três casos são apurados pelas autoridades, mas outras 87 vítimas relataram abusos; magistrado nega

Juiz e professor está sendo acusado de assédio sexual
Juiz e professor é acusado de assédio sexual por dezenas de mulheres; ele nega (Reprodução/Redes sociais)

Os número de mulheres que acusam o professor e juiz do trabalho de São Paulo Marcos Scalercio, de 41 anos, por assédio sexual já chega a 90. De acordo com a ONG Me Too Brasil, até terça-feira (24), além de três casos que são apurados pelas autoridades, outras 87 vítimas relataram abusos.

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Após a repercussão do caso, o cursinho Damásio Educacional informou que ele não tem mais ligação com a instituição. O magistrado, que nega todas as acusações, também pediu férias do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT) e se afastou das funções.

Segundo reportagem do site G1, além dos três casos que tiveram as denúncias formalizadas e que são analisados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Ministério Público Federal (MPF), nas esferas administrativa e criminal, a Me Too Brasil e o Projeto Justiceiras já somam relatos de mais 87 vítimas. Destas, as entidades já enviaram mais 20 casos para as autoridades.

A ONG diz que as vítimas são ex-alunas do Damásio Educacional, além de advogadas e servidoras do TRT. Além dos casos que foram levados ao conhecimento das instituições, muitas mulheres passaram a fazer relatos nas redes sociais, nos quais dizem que foram assediadas por Scalercio entre os anos de 2014 e 2020.

O Damásio Educacional sempre negou que soubesse de casos de assédio sexual envolvendo o professor. Porém, após a recente repercussão das denúncias, a instituição informou que ele não faz mais parte do quadro, sem destacar se ele foi demitido ou se pediu demissão.

“Informamos que o docente não tem mais vínculo nenhum com a instituição”, destacou um dos comunicados do Damásio, que seguiu: “A Administração informa que o professor não faz mais parte do quadro de docentes da instituição”, destacou.

Scalercio atuava como professor de direito material e processual do trabalho no Damásio Educacional e, além disso, é juiz substituto do TRT. O magistrado nega as acusações feitas pelas mulheres e afirma que já foi absolvido pela corregedoria do tribunal e teve as denúncias arquivadas.

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As denúncias

Ex-estudantes do Damásio Educacional, que foram alunas de Scalercio, disseram que tentaram denunciar a conduta inadequada dele desde 2016, mas nada foi feito pela instituição de ensino.

No Instagram do cursinho, alguns comentários de mulheres diziam que levaram ao conhecimento da instituição denúncias da maneira como Scalercio abordava as alunas, que, segundo elas, se sentiam incomodadas.

“Fiz uma denúncia para o coordenador do curso preparatório da OAB segunda fase em 2016! Reclamando dele! O que aconteceu? NADA. Papo escroto, vc vai tirar dúvida e ele começa a falar sobre sua vida pessoal e intimidades”, escreveu ex-aluna.

Magistrado nega as acusações
Ex-alunas disseram nas redes sociais que tentaram denunciar juiz por assédio a cursinho desde 2016 (Reprodução/Instagram)

Em entrevista ao site G1, uma delas contou como foi abordada pelo juiz nas redes sociais, em 2018, e que reclamou ao cursinho sobre a postura inadequada do professor em relação a uma aluna.

“O professor Marcos Scalercio estava com conduta inadequada nas redes sociais, no caso, misturando a parte profissional com a pessoal, e isso estava me constrangendo nas aulas, em vê-lo aos sábados”, disse ela, que destacou o que ouviu de um funcionário do Damásio Educacional. “Ele pediu desculpas e disse que isso seria averiguado. Mas a resposta nunca veio”, lamentou a jovem.

“Depois deixei o curso e fui para outro”, disse a ex-aluna, que contou que ficou assustada com a forma com que o juiz a tratou nas redes sociais. “Ele me procurou no Instagram, passou o celular dele, e ali mesmo já começou dizendo coisas como se eu curtia beijos no corpo todo, perguntava se eu era santinha ou safadinha. Dizia que gostava de preliminares”, contou a vítima. “Me sentia constrangida e invadida até pelo linguajar.”

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