A morte do líder ambiental Adolfo Souza Duarte, conhecido como Ferrugem, passou a ser investigada pela Polícia Civil de São Paulo como homicídio qualificado. Quatro suspeitos pelo crime foram presos depois que um laudo do Instituto Médico Legal (IML) comprovou que ele morreu por asfixia mecânica e tinha uma marca no pescoço. Na quinta-feira (25), o grupo passou por uma audiência de custódia e a prisão temporária foi mantida pela Justiça.
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Ferrugem desapareceu no início do mês após sair de barco para levar os quatro suspeitos para um passeio na Represa Billings, Zona Sul de São Paulo, e foi achado morto dias depois. Inicialmente o caso foi registrado como desaparecimento, mas o laudo do IML comprovou que ele não tinha água nos pulmões e, além disso, apresentava uma lesão no pescoço provavelmente feita por um mata-leão ou por um aperto com as mãos.
Desde o começo das investigações, os jovens Kathielle Souza Santos, Mikaely da Silva Moreno, Vithorio Alax Silva Santos e Mauricius da Silva diziam que Ferrugem e uma outra jovem caíram na água depois de um tranco no barco. Porém, apenas a moça foi resgatada e o líder ambiental sumiu na represa.
No entanto, a Polícia Civil diz que as lesões encontradas no corpo da vítima indicam que houve luta corporal e que Ferrugem foi morto antes de ser jogado na água da represa. Assim, foi feita a prisão dos suspeitos na quarta-feira (24).
“A vítima apresentava uma lesão no pescoço que pode ser decorrente de um golpe denominado mata-leão. Existem outras lesões que não ensejariam a morte, mas que indicam a possibilidade de alguma espécie de agressão antes de essa vítima cair na água. O fato é que, quando a vítima cai na água, segundo o laudo, ela já está morta”, afirmou a delegada-assistente Jakelline Barros.
Por conta dessa constatação, os rumos da investigação mudaram. “No momento em que a vítima cai nas águas da represa Billings, ela já está morta. Saímos de um homicídio culposo para um homicídio qualificado pela impossibilidade de defesa da vítima e, ainda, pela asfixia”, ressaltou a delegada-assistente.
Além disso, a polícia diz que os jovens Mauricius e Vithorio também apresentavam lesões aparentes, que servem como indícios de que houve luta corporal com a vítima.
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O advogado André Nino, que representa os quatro jovens, disse em entrevista ao site G1 que a prisão deles é injusta, já que eles negam qualquer agressão à vítima e dizem que foi um acidente. Um deles chegou a mencionar que tentou impedir que o líder ambiental se afogasse, mas logo ele desapareceu na água.
A polícia solicitou uma perícia nos celulares dos presos e foi constatado que dois dos aparelhos tiveram os chips trocados. Os trabalhos da investigação continuam, mas a Justiça decretou sigilo.
Relembre o caso
De acordo com o boletim de ocorrência, Adolfo saiu por volta das 19h30 do dia 1º de agosto da região conhecida como Cantinho do Céu. Ele costumava fazer passeios pela Represa Billings e foi contratado por dois casais.
Em depoimento à polícia, um dos passageiros contou que logo após o início do passeio o barco deu um tranco e uma das jovens caiu na água. Ferrugem, então, mergulhou para resgatá-la. A garota foi salva pelos demais ocupantes da embarcação, mas o líder ambiental não foi mais encontrado.
Assim, os passageiros conduziram o barco de volta ao ponto de partida. Eles disseram que, ao chegar, foram agredidos por populares ao contar sobre o desaparecimento de Ferrugem.
Adolfo era formado em história e coordenava uma ONG de defesa do meio ambiente, a Meninos da Billings. A esposa dele, Uiara Duarte, acompanhou o trabalho dos bombeiros até que o corpo foi localizado, dias depois do desaparecimento.
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