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Polícia Civil fará reconstituição da morte do lutador de jiu-jítsu Leandro Lo em casa de shows, em SP

Trabalho será feito de acordo com depoimentos de testemunhas e imagens de câmeras de segurança

Policial segue preso pelo crime
Tenente da PM segue preso pela morte do campeão de jiu-jítsu Leandro Lo (Reprodução/Redes sociais)

A Polícia Civil marcou para esta quarta-feira (31) a reconstituição da morte do campeão de jiu-jítsu Leandro Lo, baleado na cabeça durante um show no Clube Sírio, na Zona Sul de São Paulo, no último dia 6. O atirador, o policial militar Henrique Otávio de Oliveira Velozo, segue preso por homicídio doloso por motivo fútil.

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De acordo com a corporação, a reconstituição será feita de acordo com os depoimentos de testemunhas e das imagens de câmeras de segurança que mostraram a confusão no estabelecimento. O PM não deve participar, pois ainda não foi formalmente ouvido pela investigação.

Essa medida foi solicitada pela autoridade policial do 16º Distrito Policial (Vila Clementino), responsável pela apuração do crime, mas também pela defesa de Velozo, que alega que ele atirou para se defender.

O tenente da PM chegou a ser considerado foragido após matar o lutador, mas acabou se entregando à Corregedoria da PM no dia seguinte ao crime. Ele segue detido no presídio militar Romão Gomes.

Legítima defesa

O advogado Claudio Dalledone, que defende o policial, diz que o tenente agiu “por defesa”. Ele afirma que o lutador estava acompanhado por outros seis atletas e o PM foi “cercado” durante a discussão.

Em entrevista ao site G1, o advogado disse que pediu à Polícia Civil para que sejam realizados exames complementares através do sangue colhido do corpo do lutador Leandro Lo.

“Requer ainda, seja realizado exame complementar de alcoolemia da vítima e no que se refere ao exame toxicólogo já determinado por Vossa Senhoria, requer seja especificada a pesquisa laboratorial para anfetaminas, codeínas, metanfetaminas, ecstasy, EPO (doping sanguíneo), heroína, morfina, cocaína, crack, hGH (hormônios de crescimento), S1 (anabolizantes) e S6 (estimulantes)”, diz um trecho da petição.

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Dalledone destacou que a defesa vai “indicar assistentes técnicos que acompanharão as análises periciais e apresentarão quesitos técnicos a serem respondidos pelo Instituto de Criminalística e Instituto Médico Legal. Tudo deve ser apurado e cada um responderá por suas responsabilidades.”

Já o advogado Ivan Siqueira Junior, que representa a família de Leandro Lo, afirma que o lutador teve uma discussão com o policial e, para acalmar a situação, imobilizou o homem. Após se afastar, o agressor sacou uma arma, atirou uma vez na cabeça do lutador e deu dois chutes na vítima antes de fugir.

Testemunhas ouvidas pela Polícia Civil também disseram que o PM “provocou” o lutador antes da confusão. Um dos amigos que estavam com Lo contou que ele estava em uma mesa com um grupo, quando o PM se aproximou e colocou vários copos vazios em suas mãos, o que foi visto como uma provocação. O campeão mundial de jiu-jítsu se mostrou incomodado e chegou a relatar o fato, mas permaneceu quieto.

Logo depois, Velozo voltou novamente à mesa, pegou uma garrafa de uísque e a ergueu, novamente provocando o lutador. Foi aí que Lo derrubou o PM e se posicionou sobre ele, o imobilizando. Segundo a Polícia Civil, quando foi solto, ele se afastou um pouco demonstrando que tinha se acalmado e fingindo que tinha desistido da briga, mas tirou a arma da cintura e atirou.

O policial já havia sido condenado pela Justiça Militar de São Paulo por desacatar e agredir outros policiais militares na boate The Week, na Capital, no ano de 2017.

Câmeras de segurança mostraram a movimentação dele
PM que matou Leandro Lo foi a boate e motel depois do crime (Reprodução/TV Globo)

Boate e motel

O policial militar continuou a noitada após o crime. De acordo com imagens de câmeras de segurança exibidas pela TV Globo, o agente foi visto em outra boate, em Moema, e horas mais tarde entrando em um motel, em Pinheiros.

As imagens mostraram que, depois de balear a vítima e fugir do local, Velozo seguiu para a outra boate, que fica a pouco mais de dois quilômetros de distância. Lá, ele apareceu consumindo bebidas alcóolicas e pagou uma conta de quase R$ 1,6 mil.

O PM permaneceu nessa boate por quase 2 horas, sendo que depois ele saiu acompanhado por uma mulher. A Polícia Civil diz que ela é uma garota de programa. Depois disso, Velozo seguiu para o motel em Pinheiros, na Zona Oeste.

Em nota, Claudio Dalledone afirma que as imagens precisam ser colocadas aos autos para que se possa fazer uma análise e, se necessário, até solicitar uma perícia.

“A defesa não vai permitir que se criem conclusões precipitadas, pré-julgamentos. É preciso ter cautela para que haja um julgamento justo”, destacou o defensor.

PM autor do disparo está preso
Lutador de jiu-jítsu Leandro Lo morreu após ser baleado na cabeça, em SP (Reprodução/Instagram)

Relembre o caso

O lutador Leandro Lo foi baleado na cabeça na noite do último dia 6, dentro do Clube Sírio, em Indianópolis, na Zona Sul de São Paulo. Ele foi socorrido, no entanto, no dia 7, teve a morte cerebral confirmada.

Testemunhas contaram que o lutador e o policial se envolveram em uma discussão. Lo mobilizou Veloso que, após se afastar, sacou uma arma e atirou uma vez contra a cabeça do lutador. Depois disso, o policial se aproximou, deu alguns chutes contra o rival, e fugiu.

Em entrevista ao “Fantástico”, um amigo do lutador, que preferiu não se identificar, contou como foi o momento da confusão em que a vida do atleta acabou interrompida.

“[O PM] chegou já no intuito de causar confusão, tanto é que nós estávamos em 5 pessoas numa mesa, ele pegou a nossa garrafa, levantou. O Leandro chegou, pediu pra ele colocar a garrafa no local que não era dele. Ele deixou garrafa e continuou peitando. O Leandro foi lá, imobilizou ele, derrubou ele, caiu montado, falou que acabou, para parar a confusão. Chegou o pessoal: ‘deixa disso, deixa disso’. Tinha muita gente, acabou que separou. Quando todo mundo achou que tinha acabado a confusão, ele deu 4 passos para trás e voltou, tirou uma arma da cintura e atirou à queima-roupa na cabeça”, disse.

Imagens de câmeras de segurança do Clube Sírio mostram o momento em que o lutador foi baleado. Na sequência, outro vídeo registrou quando o atleta foi socorrido.

Veja abaixo - ATENÇÃO, IMAGENS FORTES:

Nas imagens feitas dentro da casa de shows é possível ver quando as pessoas dançam na pista e, de repente, o local começa a esvaziar. Em seguida começa uma correria dos presentes em direção a saída do estabelecimento.

Por fim, o lutador já estava imobilizado em uma maca e sendo levado ao Hospital Municipal Arthur Saboya, onde morreu.

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