Foco

Comprar ou alugar um imóvel, eis a questão; veja o que dizem especialistas do setor

Alta da Selic impacta diretamente a decisão; entenda as melhores opções para o momento

Com alta da taxa Selic, aluguel fica mais atrativo do que compra financiada
Com alta da taxa Selic, aluguel fica mais atrativo do que compra financiada (Divulgação/Pixabay)

A escalada da Selic, taxa básica de juros da economia, faz com o que o mercado de compra e venda de imóvel no Brasil passe por transformações. No mês passado, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu elevar o indicador a 13,75% ao ano, um salto de 0,5 ponto percentual em relação ao patamar anterior.

ANÚNCIO

Além disso, a própria pandemia da covid-19 mudou o cenário imobiliário. Muitos empreendimentos, principalmente os comerciais e localizados em grande centros, ficaram vagos. Por outro lado, o setor começa a demonstrar recuperação, tendo aberto mais de 100 mil vagas de trabalho no primeiro trimestre do ano. Fato é que são muitos os fatores a se levar em conta na hora de pensar em comprar ou alugar um espaço para si.

Segundo Fabio Silva, country manager da fintech alt.bank, quem quer em conquistar o sonho da casa própria deve ter cautela neste momento, exceto aqueles que podem fazer uma aquisição à vista. “Este não é o momento ideal para financiar imóveis dado os juros altos. Tendo o recurso parcialmente, é melhor investir em renda fixa que paga 100% do CDI, que hoje está em torno de 13% ao ano. A tendência é uma recuperação na economia nos próximos anos, e a taxa de juros caindo pode representar um sinal positivo para o financiamento”, explica.

O executivo diz ainda que a eleição presidencial pode influenciar nessa tendência. “É preciso ver como o Brasil irá se recuperar economicamente e se o presidente eleito irá gerar benefícios habitacionais. Neste momento, as previsões certamente serão equivocadas. Ressalto ainda que dois elementos são fundamentais para definir um bom momento de compra e boas oportunidades: juros baixos e grande oferta”, complementa.

Murilo Machesini, CEO da Verticale, empresa de desenvolvimento imobiliário, lembra que a aquisição de um imóvel é um processo que exige planejamento de curto a médio prazo. “A decisão sempre deve ser pautada observando principalmente as variáveis referente a taxa de juros e disponibilidade de liquidez. Sendo assim, a preparação para uma futura compra deve primeiramente observar o momento no qual as taxas de financiamento se mostram mais atrativas e, em paralelo, buscar poupar a maior parte da renda mensal até o montante necessário para a entrada do financiamento imobiliário.”

E a que patamar a Selic deve chegar para que a compra de um imóvel financiado passe a ser interessante? Segundo Fabio, a queda precisaria ser grande. “Se a Selic voltar a 5% ao ano isto pode tornar o financiamento atrativo novamente, pois assim dificilmente os financiamentos imobiliários serão maiores que 7% ao ano.”

Para Machesini, no entanto, o momento oportuno para a aquisição de um imóvel pode muitas vezes não depender apenas de um indicador econômico, mas sim de uma oportunidade comercial específica. “Naturalmente a atratividade pela compra aumenta nos cenários de Selic mais baixa. Contudo, certas vezes, o deságio em uma boa oportunidade de compra pode se mostrar preponderante na decisão final.”

ANÚNCIO

Aluguel como opção

Se não é possível comprar um imóvel à vista no momento, não restam muitas opções a não ser alugar. Mas é importante, paralelamente, se preparar para uma aquisição futura. Para isso, o ideal é poupar e saber investir.

“Um bom poupador irá escolher bons investimentos de renda fixa que neste momento protegem os recursos da inflação e ainda dão um retorno real do valor investido”, explica Silva, que recomenda aplicações que paguem, no mínimo, 100% do CDI, como um CDB com pelo menos 100% do CDI ou Tesouro Selic.

“Tendo em vista o momento da taxa Selic em altos patamares, as opções de investimento em renda fixa pré-fixadas podem se mostrar uma boa opção. Os fundos imobiliários também podem oferecer ótimas rentabilidades atreladas ao baixo risco, sem abrir mão da liquidez. Aproveita-se ainda o benefício de isenção de imposto de renda”, acrescenta Machesini.

E como poupar para investir?

Para conciliar as contas do mês e ainda poupar com foco no futuro o segredo é um só: planejamento financeiro.

“O primeiro passo para é a identificação dos gastos, organização e definição de limites. Uma vez que isso é feito, o grande desafio está atrelado à mudança de mentalidade, buscando priorizar o lado racional nas decisões de compra ao invés do impulso”, diz Machesini.

Para Silva, a definição de metas precisa ser bem clara para que a nova rotina financeira se sustente. “Faça uma lista com tudo que se gasta no mês, crie um orçamento mensal e, dentro dele, faça a reserva para a compra da casa. Coloque metas pequenas de curto prazo, assim você vai poder saborear o prazer de alcançar um objetivo e se manterá motivado”, aconselha.

ANÚNCIO

Tags


Últimas Notícias