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Home office: Longas jornadas e dificuldade de separar vida pessoal da profissional geram doenças

Veja quais são as principais mazelas - de ordem física e emocional - e como evitá-las

Home office traz praticidades, mas também doenças
Home office traz praticidades, mas também doenças (Divulgação/Pixabay)

A pandemia da covid-19 trouxe mudanças drásticas ao mercado de trabalho. Com a necessidade do home office, ficou provado que muitas funções podem ser exercidas de qualquer lugar, e não necessariamente dentro de um escritório. Se por um lado trabalhar em casa apresenta uma série de benefícios, como fugir do trânsito nas grandes capitais e estar mais perto da família, por outro também pode implicar em consequências sérias à saúde.

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“O que se sabe até o momento é que as longas jornadas de trabalho, a falta de pausas e a dificuldade de separar a vida pessoal da profissional vêm causando problemas de ordem física e mental”, diz Sonia Maria Martins, médica de família e comunidade e docente de Atenção Primária Saúde do Adulto e Idoso, do departamento de Saúde Coletiva do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC).

A lista de mazelas é longa. Segundo a especialista, estudos brasileiros evidenciam que o home office expõe o trabalhador a riscos ergonômicos e organizacionais, levando ao aumento de doenças osteomusculares, do tecido conjuntivo e relacionadas a transtornos mentais e comportamentais, como depressão e ansiedade; além de distúrbios metabólicos associados ao ganho de peso e problemas oculares decorrentes do maior tempo de exposição à tela do computador, redução das piscadas com consequente ressecamento dos olhos, vermelhidão, embaçamento visual e olhos cansados.

Para as mulheres, o impacto é ainda mais cruel, como explica Bruno Chapadeiro, psicólogo e professor da Universidade Federal Fluminense. “Além das doenças físicas, ligadas à improvisação do espaço de trabalho, e das de cunho psicossociais, relacionadas ao próprio isolamento, observamos as patologias da sobrecarga. Mulheres gastam cerca de 18 horas semanais no serviço doméstico não remunerado, enquanto os homens investem apenas 11. Além disso, coube a elas o cuidado com as crianças, o homeschooling e o entretenimento dos pequenos na fase mais dura da pandemia”, lembra.

Como resolver o problema

Há empresas que instituíram o home office de forma definitiva e, nesse contexto, muitos trabalhadores comemoraram a decisão. Houve quem se mudasse para longe da sede da firma ou criasse novos hábitos de vida e, por isso, não quer mais voltar à antiga rotina. De qualquer forma, é preciso aprimorar a vivência do trabalho remoto a fim de conquistar uma vida realmente mais saudável e feliz.

“A solução passa por questões ligadas à organização do trabalho. Toda a gestão precisa pensar em fatores que já estão sendo discutidos no âmbito legislativo para políticas públicas, como o direito à desconexão e a compreensão do tecnoestresse, quando nichos de pessoas - normalmente as de idade mais avançada - apresentam uma maior dificuldade com a tecnologia”, destaca Chapadeiro. “As mazelas precisam ser encaradas de um ponto de vista ampliado dos fatores psicossociais. Não basta pensar que o home office é apenas mudar o posto de trabalho do funcionário e que isso vai se dar de forma tranquila. Diferenças individuais e coletivas precisam ser consideradas, assim como o tipo de trabalho exercido”, completa.

De maneira individual, Maria destaca que cada empregado pode adotar algumas práticas em seu dia a dia visando um maior bem estar. “É muito importante a adoção de postura correta, uso de cadeira ergonômica, mesa de tamanho ideal, posicionamento do monitor na altura dos olhos, iluminação adequada e evitar ficar muito tempo na mesma posição, fazendo pausas regulares de 10 minutos para se exercitar. Também é preciso adotar um estilo de vida saudável, boa alimentação, respeitar os horários de trabalho, além da exposição excessiva aos eletrônicos”, elenca.

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