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Empresário que agrediu mulher em academia é denunciado por lesão corporal e corrupção de menores

Ele não foi indiciado pela polícia, mas o MP entendeu que cometeu crimes; homem nega acusações

Caso é apurado pela polícia
Empresário Thiago Brennand é acusado de agredir modelo em academia depois que ela se recusou a sair com ele, em SP (Reprodução/Instagram)

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou o empresário Thiago Antonio Brennand Tavares da Silva Fernandes Vieira, de 42 anos, por lesão corporal e corrupção de menores. Ele apareceu em imagens de câmeras de segurança empurrando e discutindo com a modelo Helena Gomes, de 37, dentro de uma academia de luxo, em São Paulo. Após a repercussão do caso, outras mulheres dizem terem sido vítimas do homem (veja abaixo), que nega todas as acusações.

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Helena Gomes foi agredida na noite do último dia 3 de agosto. Segundo ela, o empresário se incomodou com a presença dela na academia e a atacou. Em vídeos de câmera de segurança, exibidos pelo programa “Fantástico”, é possível ver o homem circulando pela sala de musculação e, minutos depois, uma discussão é iniciada. Logo depois, ele avançou, bateu com as duas mãos contra o tórax da modelo e cuspiu no rosto dela.

A Polícia Civil instaurou uma investigação sobre o caso por lesão corporal, injúria e ameaça, mas o delegado do 15º Distrito Policial (Itaim Bibi) não o indiciou, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). “Quanto ao indiciamento, a autoridade policial analisou que, por se tratar de crimes de menor potencial ofensivo, não coube indiciamento com base na Lei 9099/95.”

No entanto, o inquérito foi encaminhado ao MP, que fez uma análise e optou por denunciar Brennand. O órgão pediu uma indenização de R$ 100 mil em danos morais para a modelo por conta da infração penal sofrida. Além disso, como a agressão ocorreu na frente do filho do empresário, que ainda é um adolescente, o homem foi denunciado por corrupção de menores. O órgão diz que o garoto acabou incentivado a atacar a vítima e demais funcionários da academia.

“Após os atos de violência perpetrados por seu genitor, ‘que seu pai estava lhe cuspindo porque você é uma puta e merecia’, repetindo a frase algumas vezes, além de também ofender outra aluna do estabelecimento, que tentou apaziguar a situação, chamando-a de ‘puta’ e ‘vagabunda’”, escreveu o MP na denúncia.

“Estimulado pela truculência do exemplo que lhe foi dado por seu pai momentos antes, ameaçou outro aluno da academia na recepção do local, pelo simples fato dele reprovar o comportamento do denunciado, afirmando para mencionado aluno que era para ele ‘calar a boca porque senão também iria levar um pau aqui dentro’”, completou.

O MP também recomendou que a Justiça determine medidas protetoras à modelo, para evitar que Brennand se aproxime da vítima, além da proibição de que ele entre na academia. Além disso, o órgão pediu que o passaporte dele seja apreendido.

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A defesa do empresário informou que se manifestará apenas nos autos do processo. No entanto, logo após a conclusão do inquérito policial, os defensores repudiaram a versão dada à polícia pela modelo e disse que foi a mulher quem iniciou a confusão ao estar fazendo exercícios em “local inapropriado”. O empresário disse que ela chegou a ser alertada por uma professora da academia, mas ainda assim continuou “a causar uma situação de desconforto”.

Com isso, a discussão foi iniciada e, conforme Brennand, a mulher o ofendeu e disse que “conhecia pessoas que podiam acabar com sua vida”. Depois disso, a modelo teria tentado cuspir nele e, por isso, “teve o impulso de cuspir de volta e empurrá-la para trás”.

Caso é investigado pela Polícia Civil
Modelo Helena Gomes foi agredida por empresário dentro de academia de luxo, em SP (Reprodução/Instagram/TV Globo)

Relembre o caso

A modelo foi agredida dentro da academia no último dia 3 de agosto. Em entrevista ao “Universa”, do UOL, ela contou que frequentava a academia há três meses e que o empresário começou a puxar papo, dizendo que alguém falava mal dela, e logo a chamou para sair.

“Eu fui gentil, expliquei que havia terminado um relacionamento recentemente e que não estaria preparada para entrar em outro. A partir daí, ele começou a ser irônico e a provocar, de forma ofensiva”, lembra.

Assim, na noite da agressão, enquanto Helena treinava, o empresário se aproximou dela. Imagens das câmeras mostraram o homem circulando pela sala de musculação e, minutos depois, uma discussão é iniciada.

“Ele estava alterado, rodeando muito. Falou para eu sair de lá. Eu falei ‘Eu não saio’, ele falou de novo ‘sai’, eu falei ‘não saio’, eu falei mais alto e ele falou que mulher não gritava com ele”, disse a modelo.

“Eu estava treinando agachamento numa área que não era passagem. Na hora, eu gritei de volta que não ia sair. Ele me xingou. Eu disse a ele que dinheiro nenhum do mundo ia fazer com que ele tocasse em mim.”

Nesse momento, o empresário bateu com as duas mãos contra o tórax da modelo. “Eu fui para cima também, ele falou: ‘Eu vou cuspir em você, porque você merece’. E cuspiu em mim”, disse Helena.

A modelo relatou, ainda, que um filho do empresário também estava no local e também passou a xingá-la, ameaçando quem se aproximasse dela para tentar ajudar.

Depois da confusão, Helena acionou a Polícia Militar, mas diz que Brennand e o filho deixaram a academia antes da chegada dos agentes. Ela procurou a Polícia Civil, registrou um boletim de ocorrência e o caso passou a ser investigado.

Novas denúncias

O programa “Fantástico” exibiu no domingo (4) uma reportagem com novas denúncias contra o empresário. No total, 15 vítimas mulheres relataram casos de estupro, cárcere privado, agressões e ameaças.

“Eu sinto muito pelo que aconteceu com ela [modelo]. Mas se não fosse isso, ninguém ia ter prova visível de que ele é violento, de que ele é um monstro. Então, graças a ela, eu pude falar: ‘Aconteceu comigo, vão acreditar em mim’, disse uma das vítimas, que disse ter vivido nas mãos de Brennand.

A defesa dele negou todas as acusações e afirmou, em nota, que: ele “jamais forçou suas parceiras a terem relações sem o uso de preservativo, respeitando estritamente os limites estabelecidos por elas e agindo sempre com seu consentimento”. Disse ainda que ele “nunca respondeu a uma ação penal”.

Sobre a acusação de estupro e cárcere privado, os advogados afirmaram que o caso “foi rigorosamente investigado pela polícia”. Que “o Ministério Público requereu o arquivamento do caso”, que foi acolhido pela Justiça.

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