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Empresário denunciado por agredir modelo em academia de luxo de São Paulo deixa o país

MP chegou a pedir a apreensão do passaporte, mas ele viajou antes que a Justiça analisasse o caso

Caso é apurado pela polícia
Empresário Thiago Brennand foi filmado agredindo modelo dentro de academia de luxo, em SP (Reprodução/Instagram)

O empresário Thiago Antonio Brennand Tavares da Silva Fernandes Vieira, de 42 anos, que foi filmado agredindo a modelo Helena Gomes, de 37, dentro de uma academia de luxo em São Paulo, deixou o país. O homem foi denunciado pelo Ministério Público (MP) por lesão corporal e corrupção de menores. O órgão chegou a pedir a apreensão do passaporte, mas ele viajou antes que o caso fosse analisado pela Justiça.

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Conforme reportagem do site G1, o empresário viajou para Dubai, nos Emirados Árabes, entre a madrugada de sábado (3) e de domingo (4). A defesa dele informou que a viagem ocorreu “sem que existisse qualquer restrição que o impedisse de se ausentar do país”. Os advogados destacaram, ainda, que ele deve voltar ao Brasil em outubro e que “está à disposição de autoridades”.

A viagem do empresário ocorre em meio à denúncia por causa da agressão da modelo, mas também sobre relatos de outras pessoas que dizem terem sido vítimas dele, em casos de estupro, cárcere privado, agressões e ameaças (veja detalhes abaixo). O homem nega todas as acusações.

Ele passou a ser investigado depois que agrediu Helena Gomes na noite do último dia 3 de agosto. Segundo ela, o empresário se incomodou com a presença dela na academia e a atacou. Em vídeos de câmera de segurança, exibidos pelo programa “Fantástico”, é possível ver o homem circulando pela sala de musculação e, minutos depois, uma discussão é iniciada. Logo depois, ele avançou, bateu com as duas mãos contra o tórax da modelo e cuspiu no rosto dela.

A Polícia Civil instaurou uma investigação sobre o caso por lesão corporal, injúria e ameaça, mas o delegado do 15º Distrito Policial (Itaim Bibi) não o indiciou, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). “Quanto ao indiciamento, a autoridade policial analisou que, por se tratar de crimes de menor potencial ofensivo, não coube indiciamento com base na Lei 9099/95.”

No entanto, o inquérito foi encaminhado ao MP, que fez uma análise e optou por denunciar Brennand. O órgão pediu uma indenização de R$ 100 mil em danos morais para a modelo por conta da infração penal sofrida. Além disso, como a agressão ocorreu na frente do filho do empresário, que ainda é um adolescente, o homem foi denunciado por corrupção de menores. O órgão diz que o garoto acabou incentivado a atacar a vítima e demais funcionários da academia.

O MP também recomendou que a Justiça determine medidas protetoras à modelo, para evitar que Brennand se aproxime da vítima, além da proibição de que ele entre na academia. Além disso, o órgão pediu que o passaporte dele seja apreendido.

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A defesa do empresário informou que, sobre o processo, se manifestará apenas nos autos. No entanto, logo após a conclusão do inquérito policial, os defensores repudiaram a versão dada à polícia pela modelo e disse que foi a mulher quem iniciou a confusão ao estar fazendo exercícios em “local inapropriado”. O empresário disse que ela chegou a ser alertada por uma professora da academia, mas ainda assim continuou “a causar uma situação de desconforto”.

Com isso, a discussão foi iniciada e, conforme Brennand, a mulher o ofendeu e disse que “conhecia pessoas que podiam acabar com sua vida”. Depois disso, a modelo teria tentado cuspir nele e, por isso, “teve o impulso de cuspir de volta e empurrá-la para trás”.

Agora, o MP aguarda que a Justiça analise a denúncia.

Caso é investigado pela Polícia Civil
Modelo Helena Gomes foi agredida por empresário dentro de academia de luxo, em SP (Reprodução/Instagram/TV Globo)

Relembre o caso

A modelo foi agredida dentro da academia no último dia 3 de agosto. Em entrevista ao “Universa”, do UOL, ela contou que frequentava a academia há três meses e que o empresário começou a puxar papo, dizendo que alguém falava mal dela, e logo a chamou para sair.

“Eu fui gentil, expliquei que havia terminado um relacionamento recentemente e que não estaria preparada para entrar em outro. A partir daí, ele começou a ser irônico e a provocar, de forma ofensiva”, lembra.

Assim, na noite da agressão, enquanto Helena treinava, o empresário se aproximou dela. Imagens das câmeras mostraram o homem circulando pela sala de musculação e, minutos depois, uma discussão é iniciada.

“Ele estava alterado, rodeando muito. Falou para eu sair de lá. Eu falei ‘Eu não saio’, ele falou de novo ‘sai’, eu falei ‘não saio’, eu falei mais alto e ele falou que mulher não gritava com ele”, disse a modelo.

“Eu estava treinando agachamento numa área que não era passagem. Na hora, eu gritei de volta que não ia sair. Ele me xingou. Eu disse a ele que dinheiro nenhum do mundo ia fazer com que ele tocasse em mim.”

Nesse momento, o empresário bateu com as duas mãos contra o tórax da modelo. “Eu fui para cima também, ele falou: ‘Eu vou cuspir em você, porque você merece’. E cuspiu em mim”, disse Helena.

A modelo relatou, ainda, que um filho do empresário também estava no local e também passou a xingá-la, ameaçando quem se aproximasse dela para tentar ajudar.

Depois da confusão, Helena acionou a Polícia Militar, mas diz que Brennand e o filho deixaram a academia antes da chegada dos agentes. Ela procurou a Polícia Civil, registrou um boletim de ocorrência e o caso passou a ser investigado.

Novas denúncias

programa “Fantástico” exibiu no domingo uma reportagem com novas denúncias contra o empresário. No total, 15 vítimas mulheres relataram casos de estupro, cárcere privado, agressões e ameaças.

“Eu sinto muito pelo que aconteceu com ela [modelo]. Mas se não fosse isso, ninguém ia ter prova visível de que ele é violento, de que ele é um monstro. Então, graças a ela, eu pude falar: ‘Aconteceu comigo, vão acreditar em mim’, disse uma das vítimas, que disse ter vivido nas mãos de Brennand.

Empresário teria forçado mulher a tatuar suas iniciais
Empresário teria forçado mulher a tatuar suas iniciais (Reprodução/ TV Globo)

Outra mulher afirma ter sofrido agressões e ter sido forçada a fazer uma tatuagem com as iniciais do empresário.

A vítima preferiu não revelar sua identidade, mas contou que, em certa ocasião, aceitou um convite para visitá-lo, em São Paulo. No primeiro dia, tudo correu bem. No segundo, porém, ele tomou seu celular, a agrediu e a obrigou a digitar o código de desbloqueio. Ao pedir o telefone de volta, ele teria batido nela e forçado uma relação sexual.

No terceiro dia, ela disse que os dois saíram para jantar. “Quando eu levantei, ele me puxou, ele falou assim: ‘você não pensa em abrir a sua matraca para ninguém’. Eu voltei e sentei. E voltamos para casa.”

O pesadelo só estava começando. “E ele: ‘ah, tem uma surpresa hoje’. Quando nós chegamos, já estava o tatuador lá com tudo montado, montando as coisas”, relembrou a mulher. “Eu falei assim: ‘Thiago, não faz isso comigo, Thiago’. Daí [ele] falou assim: ‘Você agora é propriedade minha, você vai ficar marcada’. E a arma dele ali, todo mundo vendo ele armado”, continuou.

Ainda segundo o relato da vítima ao “Fantástico”, havia dois funcionários, tatuador e massagista no local. “Todo mundo conivente, presenciando eu chorando, deitada no sofá, sendo obrigada a fazer uma tatuagem, e ninguém fez absolutamente nada. Ninguém se pronuncia na frente deste homem, cara. Isso não é uma pessoa, isso não é um humano, isso é um monstro.”

Segundo ela, uma das funcionárias da casa passou mal, e Thiago a levou até o ambulatório. “Foi o momento que eu peguei meu telefone, liguei para o meu irmão e falei: ‘pelo amor de Deus, chama a polícia que eu vou morrer.”

Quando o empresário soube que a polícia estava no condomínio, ele teria obrigado a vítima a fugir com ele. Depois, seu segurança a deixou no aeroporto para que ela embarcasse para Recife, em Pernambuco, onde moram os pais da mulher. Mais tarde, ele teria a ameaçado e divulgado vídeos de relações sexuais dos dois.

Em nota, a defesa de Thiago afirmou, que ele “jamais forçou suas parceiras a terem relações sem o uso de preservativo, respeitando estritamente os limites estabelecidos por elas e agindo sempre com seu consentimento” e que ele “nunca respondeu a uma ação penal”.

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