A casa de repouso “Lar da Vovó”, onde seis pessoas morreram em um incêndio na madrugada de sábado (10), em São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, era clandestina. De acordo com a prefeitura da capital, o local já havia sido interditado pela Secretária Municipal de Saúde duas vezes quando funcionava em outros endereços. A dona do estabelecimento foi ouvida pela Polícia Civil e confirmou que o local atuava sem a devida licença.
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As vítimas são cinco idosos que viviam no local e uma cuidadora, sendo que todos já foram encontrados sem vida pelo Corpo de Bombeiros. Outras duas pessoas inalaram fumaça tóxica e foram socorridas (veja mais detalhes abaixo).
A Defesa Civil esteve no imóvel após o incêndio e constatou que as chamas se concentraram em um dos cômodos, causando danos na laje. Assim, o imóvel foi parcialmente interditado.
A administração municipal destacou, ainda, que uma Unidade de Vigilância em Saúde (UVIS) foi enviada para o endereço com “objetivo de fiscalização, coleta de mais informações e averiguação relativa à presença de outros internos na residência, além dos que faleceram em decorrência da tragédia”. Por fim, a prefeitura diz que “serão adotadas medidas cabíveis no âmbito de competência do Sistema de Vigilância em Saúde.”
A Polícia Civil também apura o caso e destacou que a principal suspeita é a de que o incêndio tenha começado com um curto-circuito. Além disso, apesar de ter tido início pela madrugada, os bombeiros só foram acionados por volta das 7h20, quando já encontraram as vítimas em rigidez cadavérica, indicando que a morte havia ocorrido há algum tempo.
Os bombeiros destacaram que, ao chegar na casa de repouso, perceberam que os extintores estavam sem o lacre de proteção, mostrando que os funcionários que estavam no local tentaram extinguir o fogo, sem sucesso. Além disso, o imóvel também não possuía o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), que comprovaria que o lugar tem itens de segurança contra incêndios.
“O Corpo de Bombeiros foi solicitado aqui de manhã, ao chegar aqui, não havia mais fogo, apenas fumaça e foram encontradas oito vítimas no local, sendo que dessas oito, seis mortas já, constatadas pelo médico e as outras duas foram socorridas. Uma delas em estado mais grave e a outra ainda conversando, socorrida ambas para o Hospital São Mateus”, disse o capitão Aaran Barbosa.
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A delegada Juliana Barbosa Menezes, responsável pelas investigações no 49º DP de São Mateus, disse em entrevista ao site G1 que nenhum vizinho percebeu o incêndio. Além disso, eles disseram que não sabiam que no local funcionava uma casa de repouso para idosos.
“Era um quarto dos fundos, então, talvez, pra parte da frente da casa , os vizinhos não tenham percebido um sinal. E todas as pessoas que estavam na residência faleceram, inclusive a cuidadora que estava lá, tomando conta daqueles idosos ela também faleceu. Então eu acredito que eles tenham sido pegos de surpresa, talvez estivessem dormindo e quando acordaram não tiveram tempo hábil de pedir socorro, principalmente por causa da fumaça”, destacou a investigadora.
A dona do “Lar da Vovó” foi levada para a delegacia, onde prestou depoimento e foi liberada. Ela contou que a casa de repouso funcionava há dois anos e, nesse período, mudou de endereço por quatro vezes. A mulher também confirmou que não tinha autorização para funcionar, assim, atuando de maneira clandestina.
“Ela explicou que estava em um processo ainda aguardando, parece que esse lar de idosos acontecia numa outra residência que tinha alvará de funcionamento. Em razão da pandemia eles mudaram de endereço algumas vezes, mas não tinha alvará nem licença dos bombeiros”, disse a delegada.
Vítimas
As vítimas fatais são os idosos Arturo Loureiro Perez, Luciane Avelina Chaves, Terezinha Barbosa Ribeiro, Sônia Pinho Silva e Adelson Alexandre Gino, além da cuidadora Adriana Santos Souza, que tinha 39 anos e cumpria a primeira noite de trabalho na casa de repouso. A mulher iria completar 40 anos no fim deste mês.
Genro de Adelson Gino, Alex Lima contou que ele tinha 62 anos e que estava no “Lar da Vovó” para receber tratamento e cuidados intensivos.
“Meu sogro, recentemente, estava precisando bastante de cuidados e foi o motivo de ter optado a colocar numa casa que ele teria atenção 24 horas por dia. Muito complicado, muito difícil de ter que lidar com uma situação dessa”, disse ele ao G1.
Outros cinco idosos sobreviveram, sendo que dois deles foram socorridos e tiveram de ser internados no Hospital São Mateus depois de inalarem fumaça tóxica. Entre os internados está uma idosa de 103 anos.