A Justiça de São Paulo negou um pedido da defesa do procurador Demétrius Oliveira de Macedo, que foi preso em junho passado após agredir a socos e pontapés a procuradora-geral da prefeitura de Registro, no interior de São Paulo. Foi solicitado que ele tivesse a prisão substituída por uma internação provisória, alegando problemas psicológicos, com base em um laudo feito por um psiquiatra forense. Porém, o juiz que analisou o caso destacou que é necessário uma “avaliação da perícia oficial”.
A agressão cometida contra a procuradora-geral Gabriela Samadello Monteiro de Barros, de 39 anos, dentro da prefeitura, no dia 20 de junho deste ano, foi registrada em um vídeo (veja abaixo). Na ocasião, colegas de trabalho tentaram impedir que Macedo atacasse a colega, mas ele partiu para cima dela com socos e chutes enquanto a mulher estava caída no chão.
Após a violência, o agressor chegou a ser levado ao 1º Distrito Policial (DP) de Registro, onde foi registrado um boletim de ocorrência. Em seguida, ele foi liberado. Porém, após o início das investigações, ele passou a ser procurado pela polícia e acabou detido em uma clínica psiquiátrica em Itapecerica da Serra. Na época, a defesa alegou que ele enfrentava problemas psicológicos. A Justiça decretou a prisão preventiva dele em seguida.
Desde então, Macedo está preso e a defesa tenta reverter essa decisão. Para isso, contratou o psiquiatra forense Guido Palomba, que concluiu que o procurador, de 34 anos, tem esquizofrenia paranoide, ou seja, sofre de alucinações. Assim, o profissional diz que ele precisa ser internado em uma clínica e não permanecer em um presídio.
No laudo, o psiquiatra destacou que o procurador não demonstra remorso, nem reconsideração dos atos cometidos contra a colega. Além disso, segundo ele, não há dúvidas de que Macedo sofre de delírios de perseguição em função da esquizofrenia e que, isso, tem ligação direta com a agressão que cometeu.
Assim, a defesa apresentou o laudo à Justiça no último dia 29 de agosto e pediu essa substituição da pena. Porém, o juiz Raphael Ernane Neves analisou o caso e negou a solicitação.
Na decisão, o magistrado destacou que, antes, é preciso “uma avaliação da perícia oficial e de colheita do parecer do assistente médico da acusação”. Além disso, o juiz considerou “inadequado tomar conclusivo o parecer apresentado pela defesa, por mais que o trabalho tenha se revelado ‘profundo e causador de reflexão’”.
Relembre o caso
A procuradora-geral Gabriela Samadello Monteiro de Barros foi agredida por Macedo enquanto cumpria expediente na Prefeitura de Registro, no último dia 20 de junho. A agressão foi filmada por colegas de trabalho e mostrou o procurador dando chutes e socos enquanto a vítima estava caída no chão.
ATENÇÃO - IMAGENS FORTES:
Em seu depoimento à polícia, a procuradora-geral disse que “tinha medo” do agressor, pois ele apresentava um comportamento totalmente antissocial há pelos menos três anos e era hostil também com outras mulheres que trabalhavam no local, mas nunca imaginou que a situação pudesse virar um episódio de violência.
“Foi exposta a minha dignidade, né, como mulher. Fui desrespeitada como servidora pública, foi um desrespeito global da minha personalidade”, disse ela em entrevista à TV Globo, na ocasião.
Gabriela contou que o motivo da agressão foi a abertura de um processo administrativo contra o procurador por conta de sua postura no ambiente de trabalho. Naquele dia, ela havia sido listada como membro da comissão que investigaria uma conduta inadequada dele com outra colega de trabalho.
Após o início das investigações, a polícia fez um pedido de prisão, alegando que o acusado “vem tendo sérios problemas de relacionamento com mulheres no ambiente de trabalho, sendo que, em liberdade, expõe a perigo às vidas delas, e consequentemente, à ordem pública”. Dias depois, a Justiça acatou a solicitação e ele segue preso desde então.
A polícia destacou também que Demétrius já relatou problemas psiquiátricos no passado chegando, inclusive, a pedir exoneração da Prefeitura de Registro alegando questões de saúde mental. No entanto, ele mesmo voltou atrás e pediu judicialmente a reintegração ao cargo, o que foi aceito.
Após ser preso, ele foi afastado do cargo e enfrenta um processo administrativo na Prefeitura de Registro, que deve terminar com sua exoneração.
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