Sobreviventes do desabamento que ocorreu dentro de uma empresa de contêiner em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, na terça-feira (20), disseram que perceberam quando a parede apresentou uma rachadura, mas não houve tempo hábil de deixar o local. Nove pessoas morreram, sendo sete mulheres e dois homens, e 31 ficaram feridas.
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Kleber Erlei do Nascimento, de 34 anos, é um dos trabalhadores que estava no local e foi socorrido com vida. O homem contou que viu a parede rachando. “Ele pensou ‘ah, não vai cair’, mas segundos depois já estava tudo no chão”, relatou a mãe dele, a empregada doméstica Vera Lucia do Nascimento, em entrevista ao site UOL.
O rapaz trabalhava há pouco mais de um mês na empresa e sofreu fraturas na perna esquerda e no braço direito. Ele precisou passar por cirurgias e segue internado no Hospital Geral de Itapecerica da Serra sem previsão de alta.
Outro sobrevivente é Alexandre de Moraes, que contou em entrevista ao site G1 que acontecia uma palestra no auditório, que estava lotado, no momento do acidente. “Só desabou. Estava todo mundo em cima e desabou”, disse.
O homem, que trabalha na área de pintura da empresa, relatou que percebeu o momento em que a estrutura rachou e começou a desabar. “Só vi caindo. Fiquei preso e me ajudaram a sair”, contou ele, que foi socorrido e levado até o hospital. Horas mais tarde, depois do atendimento, foi liberado.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o incidente foi notificado por volta das 9h, na Estrada Ferreira Guedes. Ao todo, 20 viaturas foram enviadas ao local e 79 bombeiros trabalham na ocorrência. No Twitter, a corporação divulgou um vídeo que mostra como ficou a estrutura interna do local (veja abaixo).
Visita de políticos
Segundo a major do Corpo de Bombeiros Luciana Soares, cerca de 64 trabalhadores estavam no auditório de um galpão da empresa quando a laje veio ao chão.
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O candidato a deputado estadual Jones Donizette (Solidariedade) e a candidata a deputada federal Ely Santos (Republicanos) visitavam a empresa no momento do desabamento. Ambos ficaram feridos.
A assessoria do candidato Jones disse que ele e Ely foram convidados para conhecer a companhia e acabaram surpreendidos quando parte da estrutura de concreto se rompeu. Os dois ficaram presos nos escombros junto a outros quatro integrantes da equipe.
Investigação
A Polícia Civil de São Paulo investiga as causas do desabamento. Uma das suspeitas é que a sobrecarga na estrutura do auditório tenha provocado o acidente. Segundo os Bombeiros, o imóvel estava sem o laudo de vistoria, o AVCB.
Após o desabamento, fiscais do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) fizeram vistoria no local do acidente e descobriram que o auditório não tinha licença para funcionar. O espaço não aparece no projeto encaminhado para a aprovação da prefeitura e também não tinha autorização para evento temporário.
Já a Prefeitura de Itapecerica da Serra destacou que, por estar inserido em uma Área de Proteção e Recuperação aos Mananciais, a regularização do imóvel foi feito junto ao órgão Ambiental Estadual (Cetesb), antecedendo assim à licença municipal.
“De acordo com a Secretaria Municipal de Planejamento e Meio Ambiente, o projeto anteriormente aprovado pela Cetesb foi irregularmente alterado, e sua regularização junto aos órgãos públicos estava em trâmite”, diz a nota da administração municipal.
Já a Cetesb destacou que a empresa possuía aprovação para o uso do local, mas atualmente se encontrava em avaliação um pedido de regularização do empreendimento.
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