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Alto turnover: Especialistas apontam fatores que levam ao ‘entra e sai’ nas empresas e como evitá-los

Termo se refere ao fluxo de desligamentos e admissões em uma organização; quanto mais alto, maior o problema

Alto turnover prejudica empresa e colaboradores
Alto turnover prejudica empresa e colaboradores (Divulgação/ Freepik)

Em Recursos Humanos, turnover é o nome dado ao fluxo de entradas e saídas de funcionários em uma empresa. Diz respeito à rotatividade, ao número de desligamentos e admissões. Quando este índice é elevado, um sinal de alerta se acende, afinal reter colaboradores - ou não - diz muito sobre uma organização.

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O Metro World News conversou com especialistas para entender o que leva ao quadro, os danos que ele provoca tanto às empresas como aos colaboradores e de que forma é possível combatê-lo.

Para Whiny Fernandes, co-fundadora do Employer Branding Brasil e mentora de startups e carreira, o que acontece é que empresas com alto turnover muitas vezes vendem uma promessa de valor que não conseguem entregar.

“O candidato entra na companhia acreditando no que foi vendido, mas o dia a dia se mostra muito diferente. Existe uma grande falha de identificação por parte do colaborador, e muitas lideranças pensam que isso é normal ou pontual, o que é um engano”, afirma.

Algumas áreas do mercado ou tipos de organizações tendem a apresentar maior índice de turnover. Daniel Uchôa, CEO da HRTech Workverse, cita algumas delas:

  • Empresas com tarefas mais operacionais e principalmente em setores com sazonalidade e, por isso, com mais cargos temporários, como Construção Civil e Agropecuária;
  • Empresas ou áreas da empresa em que as atividades não exigem experiência prévia, como no caso de Telemarketing;
  • Área de Vendas, cuja remuneração depende de resultados;
  • Empresas do Varejo, que atraem pessoas mais jovens e que consideram esse trabalho como uma “passagem”, além de não receber muitos benefícios;
  • Empresas de serviços nas atividades-fim da empresa, desde serviços de limpeza e vigilância, até tarefas mais complexas, como TI (Tecnologia da Informação).

Segundo Uchôa, um em cada quatro novos colaboradores deixa a empresa nos primeiros 45 dias, o que causa uma série de problemas, como perda de produtividade, alto gasto financeiro e de tempo, além desânimo e frustração nos gestores. “Além dos prejuízos desse turnover precoce, o turnover tardio ainda causa perda de memória organizacional, bem como de conhecimento, habilidades e capacidades”, aponta.

A imagem da empresa que possui alta rotatividade também sai bem prejudicada. “Cada vez mais as pessoas têm espaços para compartilhar o que passaram em cada organização, fazendo isso de maneira anônima em sites como Glassdoor e Indeed. Há ainda um movimento forte dos colaboradores expondo seus chefes e empresas nas redes sociais e para jornalistas. Enganam-se as empresas que acham que vão conseguir maquiar as notas e avaliações, fazendo campanhas internas para aumentar o número de avaliações positivas. Os candidatos estão cada vez mais espertos e conseguem perceber esses movimentos e, com isso, a empresa pode acabar perdendo bons futuros talentos”, afirma Whiny.

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Onde está o erro?

Quando se pensa em turnover precoce, ou seja, nos primeiros 90 dias, pode-se dizer que houve uma descrição de vaga imprecisa ou erro de match do perfil com a oportunidade em aberto. No entanto, o fator principal que explica o movimento vem logo após a contratação, como explica o CEO da Workverse.

“Observa-se o baixo engajamento do novo colaborador no processo de onboarding - ou integração, na tradução para o português. Por isso, grandes empresas agora tratam a questão como uma função estratégica”, diz o especialista.

Outros fatores do turnover tardio, ainda segundo Uchôa são os seguintes:

  • sobrecarga de trabalho;
  • falta de reconhecimento;
  • ambiente ou cultura da empresa ruim;
  • relacionamento ruim com gestores;
  • falta de flexibilidade;
  • baixa remuneração ou poucos benefícios;
  • poucas oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento;
  • falta de oportunidades de evoluir na carreira.

“Existe a possibilidade de o erro, quando se pensa em alto turnover, estar no momento da contratação, mas existem falhas mais graves, como o desalinhamento da proposta de valor. É preciso cumprir as promessas feitas aos colaboradores. Isso é de grande valia quando se trata de retenção de talentos e um desafio para muitas empresas”, acrescenta a co-fundadora do Employer Branding Brasil, que cita ainda falhas como salário incompatível com a média do mercado, mudança do trabalho remoto para o presencial, sobrecarga de trabalho sem um suporte adequado, baixa visibilidade de crescimento profissional, falta de inspiração na liderança atual e trabalho pouco desafiador.

Como reduzir o turnover

Investir na experiência do colaborador para combater o baixo engajamento é, para Uchôa, a estratégia mais eficaz para reduzir os índices elevados de turnover. Ele aponta que é preciso construir uma jornada fluída, unificando as etapas de seleção, admissão e integração.

“A solução é engajar os novos colaboradores até antes do primeiro dia, enquanto eles estão animados e positivamente ansiosos para começar uma nova função. É muito importante manter esse nível de energia alto. Reforçar sua tomada de decisão, fazê-los sentir-se incluídos por seu gestor e time e fomentar sua produtividade”, diz.

De acordo com Whiny, é importante que as empresas com alto turnover façam um diagnóstico para entender o motivo pelo qual as pessoas estão deixando a empresa. Esse tipo de informação pode ser obtida nas entrevistas de desligamento ou até mesmo em sites de avaliação externos.

Nesse contexto, ela lista alguns pontos que devem ser foco de atenção para as empresas que desejam reter seus profissionais:

  • Plano de carreira: As pessoas ficam mais motivadas e focadas quando veem oportunidades de crescimento;
  • Cultura: Uma cultura forte engaja e traz senso de pertencimento. Promover cerimônias em que os colaboradores interajam com outras áreas e criar uma cultura da qual os funcionários queiram fazer parte é um caminho;
  • Autonomia e reconhecimento: É preciso ceder espaço para que o colaborador possa expor as suas iniciativas, reconhecer seus projetos, ideais e sucesso;
  • Movimento “bumerangue”: São colaboradores que saem de suas respectivas empresas por receberem uma proposta e depois de um tempo resolvem voltar para a sua antiga organização em um cargo superior ao de antes. Esse movimento gera benefícios positivos para ambos os lados.

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