O empresário Thiago Antonio Brennand Tavares da Silva Fernandes Vieira, de 42 anos, que virou réu por agredir uma modelo dentro de uma academia de luxo, em São Paulo, segue foragido. Ele teve a prisão preventiva decretada depois que descumpriu uma ordem judicial de entregar à Justiça, até o último dia 23, seu passaporte. O homem estaria no exterior e, apesar de ser procurado, agora só poderá ser preso 48 horas após o primeiro turno das eleições no Brasil.
“Ele já é considerado foragido da Justiça. Estamos com nossas equipes trabalhando nas ruas, tentando localizar Thiago Brennand em São Paulo e no Brasil”, disse o delegado-geral Osvaldo Nico Gonçalves em entrevista à TV Globo. “Apesar disso, se o encontrarmos só poderemos prendê-lo a partir de terça-feira [6] por causa da lei eleitoral”, destacou.
Desde a última terça-feira (27) e até 48 horas depois do primeiro turno das eleições, que será realizada no próximo domingo (2), nenhum eleitor poderá ser preso por qualquer autoridade, a não ser que seja pego em flagrante delito ou condenado por crime inafiançável.
O investigador ressaltou que a Polícia Federal também procura o empresário no exterior, sendo que o último paradeiro dele conhecido é Dubai, nos Emirados Árabes. “O nome dele vai entrar no banco de dados, vai pra Interpol”, disse Nico.
Denúncias contra o empresário
Brennand foi denunciado por lesão corporal e corrupção de menores na noite do último dia 4, quando o órgão também pediu que o passaporte do empresário fosse apreendido. Porém, ele viajou horas antes de a medida ser analisada pela Justiça. Mais tarde, a denúncia sobre lesão corporal foi acatada, e a decisão determinou que ele retorne ao país.
A Justiça também determinou que o caso seja encaminhado à promotoria de Justiça da Infância e Juventude da Capital, já que o empresário foi denunciado por corrupção de menores. O MP entendeu que ele cometeu esse crime, já que agrediu a modelo na frente do filho adolescente e, ainda por cima, o incentivou a praticar os atos infracionais de injúria e ameaça.
As agressões contra a modelo Helena Gomes, de 37 anos, ocorreram na noite do último dia 3 de agosto e foram flagradas por câmeras de segurança da academia. Em entrevista ao “Universa”, do UOL, ela contou que frequentava a academia há três meses e que o empresário começou a puxar papo, dizendo que alguém falava mal dela, e logo a chamou para sair.
“Eu fui gentil, expliquei que havia terminado um relacionamento recentemente e que não estaria preparada para entrar em outro. A partir daí, ele começou a ser irônico e a provocar, de forma ofensiva”, lembra.
Na noite da agressão, enquanto Helena treinava, o empresário se aproximou dela. Imagens das câmeras mostraram o homem circulando pela sala de musculação e, minutos depois, uma discussão é iniciada.
“Ele estava alterado, rodeando muito. Falou para eu sair de lá. Eu falei ‘Eu não saio’, ele falou de novo ‘sai’, eu falei ‘não saio’, eu falei mais alto e ele falou que mulher não gritava com ele”, disse a modelo.
“Eu estava treinando agachamento numa área que não era passagem. Na hora, eu gritei de volta que não ia sair. Ele me xingou. Eu disse a ele que dinheiro nenhum do mundo ia fazer com que ele tocasse em mim.”
Nesse momento, o empresário bateu com as duas mãos contra o tórax da modelo. “Eu fui para cima também, ele falou: ‘Eu vou cuspir em você, porque você merece’. E cuspiu em mim”, disse Helena.
A modelo relatou, ainda, que um filho do empresário também estava no local e também passou a xingá-la, ameaçando quem se aproximasse dela para tentar ajudar.
Depois da confusão, Helena acionou a Polícia Militar, mas diz que Brennand e o filho deixaram a academia antes da chegada dos agentes. Ela procurou a Polícia Civil, registrou um boletim de ocorrência e o caso passou a ser investigado.
O programa “Fantástico” exibiu ainda uma reportagem com novas denúncias contra o empresário. No total, 15 vítimas mulheres relataram casos de estupro, cárcere privado, agressões e ameaças.
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