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Empresário que virou réu por agredir modelo em academia é preso pela Interpol, em Abu Dhabi

Thiago Brennand estava foragido desde 23 de setembro depois que não se apresentou à Justiça brasileira

O empresário Thiago Antonio Brennand Tavares da Silva Fernandes Vieira, de 42 anos, que virou réu por agredir uma modelo dentro de uma academia de luxo, em São Paulo, foi preso na quinta-feira (13) pela Interpol, a polícia internacional, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Ele estava foragido desde o último dia 23 de setembro, quando não entregou seu passaporte conforme determinado pela Justiça brasileira. Agora, a Polícia Federal vai intermediar a vinda dele ao país.

“Ainda estamos falando com a PF para saber como será esse trâmite já que o procurado foi detido em outro país”, disse a delegada Ivalda Oliveira Aleixo, da Divisão de Capturas do Departamento de Operação Policiais Estratégicas (Dope) da Polícia Civil de São Paulo, em entrevista ao site G1.

No domingo (10), o empresário havia divulgado vídeos nas redes sociais, nos quais negou todas as 11 acusações contra ele, que vão, além da agressão contra a modelo, a crimes como estupro, abuso sexual, cárcere privado e ameaças.

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“Estou tranquilo onde estou. Não estou fugindo. Prisão ilegal? Quem vai se submeter a um Estado de exceção”, disse ele em um vídeo publicado no YouTube, sem especificar sua localização.

Brennand destacou, ainda, que todas as acusações são fruto de uma conspiração contra ele. “Vocês mexeram com a pessoa errada (...) Vocês morrem de inveja. Branco, heterossexual inegociável. Armamentista, óbvio. Conservador, sempre”, disse o empresário.

Antes da prisão dele, a defesa entrou com um pedido de revogação da prisão preventiva e também o trancamento do crime de corrupção de menor, pelo qual ele também virou réu. No entanto, o caso foi analisado no último dia 3 e negado pela Justiça.

Denúncias contra Brennand

O empresário foi denunciado pelo Ministério Público por lesão corporal e corrupção de menores na noite do último dia 4 setembro, quando o órgão também pediu que o passaporte do empresário fosse apreendido. Porém, ele viajou horas antes de a medida ser analisada pela Justiça. Mais tarde, a denúncia sobre lesão corporal foi acatada, e a decisão determinou que ele retorne ao país.

A Justiça também determinou que o caso fosse encaminhado à promotoria de Justiça da Infância e Juventude da Capital, já que o empresário foi denunciado por corrupção de menores. O MP entendeu que ele cometeu esse crime, já que agrediu a modelo na frente do filho adolescente e, ainda por cima, o incentivou a praticar os atos infracionais de injúria e ameaça.

As agressões contra a modelo Helena Gomes, de 37 anos, ocorreram na noite do último dia 3 de agosto e foram flagradas por câmeras de segurança da academia. Em entrevista ao “Universa”, do UOL, ela contou que frequentava a academia há três meses e que o empresário começou a puxar papo, dizendo que alguém falava mal dela, e logo a chamou para sair.

“Eu fui gentil, expliquei que havia terminado um relacionamento recentemente e que não estaria preparada para entrar em outro. A partir daí, ele começou a ser irônico e a provocar, de forma ofensiva”, lembra.

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Na noite da agressão, enquanto Helena treinava, o empresário se aproximou dela. Imagens das câmeras mostraram o homem circulando pela sala de musculação e, minutos depois, uma discussão é iniciada.

“Ele estava alterado, rodeando muito. Falou para eu sair de lá. Eu falei ‘Eu não saio’, ele falou de novo ‘sai’, eu falei ‘não saio’, eu falei mais alto e ele falou que mulher não gritava com ele”, disse a modelo.

“Eu estava treinando agachamento numa área que não era passagem. Na hora, eu gritei de volta que não ia sair. Ele me xingou. Eu disse a ele que dinheiro nenhum do mundo ia fazer com que ele tocasse em mim.”

Nesse momento, o empresário bateu com as duas mãos contra o tórax da modelo. “Eu fui para cima também, ele falou: ‘Eu vou cuspir em você, porque você merece’. E cuspiu em mim”, disse Helena.

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A modelo relatou, ainda, que um filho do empresário também estava no local e também passou a xingá-la, ameaçando quem se aproximasse dela para tentar ajudar.

Depois da confusão, Helena acionou a Polícia Militar, mas diz que Brennand e o filho deixaram a academia antes da chegada dos agentes. Ela procurou a Polícia Civil, registrou um boletim de ocorrência e o caso passou a ser investigado.

Ameaças contra promotora e jornalista

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Segundo revelou o “Fantástico”, da TV Globo, três meses antes da agressão na academia, Brennand acionou a Justiça contra um homem e uma mulher sob acusação de calúnia e difamação. Em sua decisão, porém, a promotora disse não vislumbrar os crimes alegados, e o inquérito foi arquivado. Insatisfeito, ele a ameaçou.

Em um primeiro e-mail enviado à promotora, Brennand disse que a decisão era “o maior absurdo jurídico” já presenciado por ele. “E esta opinião se estende por todos os meus amigos e advogados”, escreveu.

Em um segundo contato, também por e-mail, ele continuou: “A meu ver, vossa excelência apenas reiterou o caráter pessoal que era ostensivo em vossas manifestações. A força do Direito deve sempre superar o direito da força. Contudo, diante de vossa excelência, me parece que não há solução. Será que todos os amigos que consultei, e que militam na seara do direito penal, estão errados? Advogados, policiais, magistrados, membros de ministérios públicos, etc.? Só vossa excelência tem razão? Me parece que o clima já defenestrou as fronteiras do profissional, sendo razoável que outro promotor possa avaliar o caso”.

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O jornalista Valmir Salaro, da TV Globo, revelou que também foi ameaçado pelo empresário. Foi uma reportagem dele, exibida no “Fantástico”, que trouxe à tona as denúncias contra Brennand.

“Ele foi muito agressivo, me xingou e me ofendeu, e, de uma certa forma, fez ameaças nessa gravação atacando todo mundo e desqualificando as vítimas. Depois, em três mensagens que ele mandou no celular, ele faz algumas ameaças”, contou o jornalista.

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“Qualifico como uma ameaça velada, porque quando fomos fazer a primeira matéria, liguei pra ele da redação, ele sabia que essas conversas estavam sendo gravadas, a gente começou a conversar com ele de uma forma civilizada porque ele estava sendo acusado de crimes graves. Era o direito de resposta dele e dever meu, como jornalista, de procurá-lo para que ele desse a versão dele”, disse Salaro.

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