Os criminosos não descansam e já aplicam um novo golpe financeiro no mercado. Ele é chamado de “pig butchering” (“abate do porco”, na tradução livre) e consiste em enganar as vítimas com falsos investimentos, que servirão depois para esvaziar suas contas bancárias.
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Normalmente o primeiro contato é feito por uma mensagem via WhatsApp, na qual o golpista se apresenta dizendo que conhece a vítima de algum lugar e que, por isso, tem o contato salvo no celular. Eles também costumam fazer abordagens pelo Tinder LinkedIn, onde também usam da mesma tática para ter uma resposta do alvo.
Assim, quando os criminosos obtêm resposta da vítima, acaba passando a manter conversas corriqueiras, tudo com o objetivo de estabelecer uma relação de confiança. Depois disso, quando percebem que a pessoa já é atraída por seus argumentos, o golpista oferece investimentos que têm a promessa de um retorno financeiro bem atrativo.
O especialista Luis Orellana, da PDI (Polícia de Investigações do Chile), disse em entrevista à BBC Brasil que os bandidos não pedem dinheiro diretamente para as vítimas, o que fazem é levá-las para um aplicativo ou site de investimentos onde elas devem aplicar os recursos.
Daí vem o nome “abate de porco”, pois, depois que o dinheiro já foi investido, a plataforma em questão sai do ar e deixa os alvos sem o seu valor investido e sem os lucros. É como a prática de engordar os animais para depois abatê-los.
“A metodologia é nova, mas usa as mesmas características dos golpes amorosos”, disse Orellana. “A diferença deste delito é o tempo dedicado pelos criminosos para ‘engordar’ a vítima antes de ‘abatê-la’ quando conseguem o investimento. É principalmente relacionado a investimentos com criptomoedas ou moedas virtuais”, explicou o especialista.
Já Grace Yuen, da Gaso, uma organização internacional que luta contra golpes desse tipo, destacou à BBC Brasil que 80% das vítimas nesses casos são de pessoas com diploma universitário e com idades que variam entre 24 e 40 anos.
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“São enfermeiras, advogados até especialistas em informática e engenheiros de telecomunicações. Todos são pessoas com alta formação, normalmente com 24 e até mais de 40 anos de idade. E agora estamos também observando vítimas mais idosas”, disse ela.
Grace disse, ainda, que os golpistas investem bastante tempo procurando os possíveis alvos e alimentando a relação com eles para, depois, obter sucesso na fraude. Para isso, eles analisam os perfis nas redes sociais, já que os usuários acabam dando muitas informações pessoais.
“Eles sabem seu nível de estudos, o que já diz muito. Se você foi a uma universidade renomada, há uma boa possibilidade de que esteja ganhando muito dinheiro. Da mesma forma, se você trabalhar em uma empresa mundialmente reconhecida”, explicou.
A reportagem ainda trouxe uma série de dicas do Federal Bureau of Investigation (FBI), a polícia norte-americana, para que as pessoas se protejam e não caiam no golpe.
Veja abaixo:
- Nunca envie dinheiro, negocie, nem invista com base nos conselhos de alguém que você só conheceu na internet;
- Não comente sua situação financeira atual com pessoas desconhecidas e que não sejam de sua confiança;
- Não forneça seus dados bancários, números de documentos, cópias de documentos de identidade ou passaporte e nenhuma outra informação pessoal a ninguém online, nem a um website que você não saiba que é legítimo;
- Se um site de investimento ou comércio online promover benefícios aparentemente impossíveis, o mais provável é que eles sejam exatamente isso: impossíveis;
- Tenha cuidado com as pessoas que afirmem ter oportunidades de investimento exclusivas e insistam que você deve agir com rapidez.