O empresário Thiago Antonio Brennand Tavares da Silva Fernandes Vieira, de 42 anos, que virou réu por agredir uma modelo dentro de uma academia de luxo, em São Paulo, e foi preso pela Interpol, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, pagou fiança e foi solto. Ele segue naquele país enquanto aguarda em liberdade por um processo de extradição. Enquanto isso, ele foi denunciado por crimes cometidos contra outra mulher no interior paulista e teve a segunda prisão preventiva decretada no Brasil.
O empresário estava foragido desde o último dia 23 de setembro, quando venceu o prazo dado pela Justiça brasileira para que ele, que estava em viagem ao exterior, se apresentasse e entregasse seu passaporte. Como ele descumpriu a medida, passou a ser considerado foragido e procurado pela Polícia Federal e pela Interpol.
Ele foi preso na última quinta-feira (13) em Abu Dhabi, mas acabou solto depois de pagar uma fiança, cujo valor não foi informado. Por enquanto, ele responde ao processo em liberdade, mas teve de informar endereço fixo e não pode se ausentar do país árabe sem comunicar a Justiça.
O empresário também se comprometeu a se apresentar às audiências, quando convocado, enquanto o processo de extradição dele para o Brasil seja efetivado.
Segunda prisão decretada
Na última sexta-feira (14), o Ministério Público fez uma nova denúncia contra Brennand e o acusa de ter cometido outros nove crimes contra uma mulher obrigada a tatuar as iniciais de seu nome em Porto Feliz, no interior de São Paulo.
Ele foi denunciado por estupro (cinco vezes), cárcere privado, tortura, lesão corporal de natureza gravíssima, coação no curso do processo, constrangimento ilegal (três vezes), ameaça (quatro vezes), registro não autorizado da intimidade sexual e divulgação de cena de estupro ou sexo (oito vezes).
A Justiça aceitou a denúncia e tornou o empresário réu também neste caso. Além disso, decretou mais uma prisão preventiva. A decisão é do juiz Jorge Panserini, da 1ª Vara Criminal de Porto Feliz.
Além de Brennand, também virou réu no caso o tatuador que fez o desenho na vítima. Ele vai responder por tortura e lesão corporal gravíssima e deverá comparecer ao fórum a cada prazo determinado pela Justiça. O homem também não pode se aproximar da vítima e deve entregar seu passaporte.
Os réus agora têm dez dias para apresentar a defesa. O segundo mandado de prisão preventiva expedido contra Brennand será encaminhado à Polícia Federal.
Empresário diz que é alvo de conspiração
No domingo (10), o empresário havia divulgado vídeos nas redes sociais, nos quais negou todas as acusações contra ele. “Estou tranquilo onde estou. Não estou fugindo. Prisão ilegal? Quem vai se submeter a um Estado de exceção”, disse ele em um vídeo publicado no YouTube, sem especificar sua localização.
Brennand destacou que todas as acusações são fruto de uma conspiração contra ele. “Vocês mexeram com a pessoa errada (...) Vocês morrem de inveja. Branco, heterossexual inegociável. Armamentista, óbvio. Conservador, sempre”, disse o empresário.
Antes da prisão, a defesa entrou com um pedido de revogação da prisão preventiva e também o trancamento do crime de corrupção de menor, pelo qual ele também virou réu. No entanto, o caso foi analisado no último dia 3 e negado pela Justiça.
Agressões contra a modelo
As agressões contra a modelo Helena Gomes ocorreram na noite do último dia 3 de agosto e foram flagradas por câmeras de segurança da academia. Em entrevista ao “Universa”, do UOL, ela contou que frequentava a academia há três meses e que o empresário começou a puxar papo, dizendo que alguém falava mal dela, e logo a chamou para sair.
“Eu fui gentil, expliquei que havia terminado um relacionamento recentemente e que não estaria preparada para entrar em outro. A partir daí, ele começou a ser irônico e a provocar, de forma ofensiva”, lembra.
Nesse momento, o empresário bateu com as duas mãos contra o tórax da modelo. “Eu fui para cima também, ele falou: ‘Eu vou cuspir em você, porque você merece’. E cuspiu em mim”, disse Helena.
A modelo relatou, ainda, que um filho do empresário também estava no local e também passou a xingá-la, ameaçando quem se aproximasse dela para tentar ajudar.
Depois da confusão, Helena acionou a Polícia Militar, mas diz que Brennand e o filho deixaram a academia antes da chegada dos agentes. Ela procurou a Polícia Civil, registrou um boletim de ocorrência e o caso passou a ser investigado.
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