Você não consegue falar de outro assunto que não sejam as eleições? O tema tem tirado seu sono e afetado suas emoções, dando origem a discussões acaloradas com amigos e familiares? Você pode estar sofrendo da chamada ansiedade eleitoral.
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Nas últimas semanas, a disputa travada entre o atual presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem ocupado o noticiário e as redes sociais, além de ser pauta frequente nos mais variados encontros. A polarização e as fake news deixam o clima ainda mais tenso, e o quadro tende a piorar nesta reta final da campanha.
Valquíria Marques, professora do curso de Psicologia da Universidade Estácio, explica que a ansiedade de forma geral é um fenômeno psicológico natural para quase todas as pessoas. Seu tempo e durabilidade, porém, podem ser uma alerta para a saúde mental.
“Vale a pena observar que a ansiedade surge quando sentimos ou percebemos que estamos diante de desafios ou situações que nos geram incertezas futuras. A ansiedade eleitoral pode estar presente na vida de todos nós pela instabilidade emocional que a escolha coletiva de nossos representantes políticos pode proporcionar, tendo em vista a proximidade ou a distância da melhora de fatores do nosso cotidiano, como segurança, condições econômicas, empregos, educação e saúde”, afirma.
Ainda segundo a especialista, a ansiedade eleitoral está vinculada há diversos fatores, mas vale destacar a quantidade de informação a que os indivíduos hoje estão expostos.
“Qualquer pessoa ao ligar o rádio, a televisão ou acessar algum aplicativo de notícias receberá diversas informações que podem, inclusive, ser divergentes, o que proporciona desconforto emocional e cognitivo. Esse fenômeno foi observado em outros momentos de eleição, porém com uma intensidade menor do que agora”, aponta Valquíria.
Identificar e colocar limites
Além de problemas relacionados ao sono, a ansiedade eleitoral pode afetar a organização da vida diária, a capacidade de planejamento, a execução do cotidiano e as condições dos relacionamentos interpessoais.
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“Se qualquer uma dessas condições estiver ocasionando mal-estar, é hora de procurar ajuda ou mesmo iniciar um processo de gerenciamento de contato com as informações de forma mais saudável”, alerta a docente da Estácio.
De acordo com Francisco Gomes Júnior, advogado especialista em direito digital e presidente da ADDP (Associação de Defesa de Dados Pessoais e Consumidor), a chave está no limite.
“É preciso estabelecer um prazo diário para o consumo das notícias e selecionar bem os veículos, para que não se corra o risco de cair apenas em fontes que pregam discursos de ódio ou que disseminem fake news. Vai de cada um ter bom senso para estabelecer qual vai ser sua rotina, a fim de preservar a própria saúde”, diz Júnior.
O advogado ressalta que cuidar da mente não significa se alienar da realidade, muito pelo contrário. “É o famoso ‘nem 8 nem 80′. A pessoa pode continuar bem informada, mas na medida do necessário, sem dar espaço a sentimentos que não façam bem.”
Nesse sentido, Júnior orienta que se busque reportagens de órgãos que prezam pela seriedade. “Você pode ter sua preferência pelo veículo A ou B, mas busque veículos já estabelecidos há um bom tempo, com uma certa tradição no jornalismo, feitos por jornalistas e que fazem a checagem da veracidade das notícias”, aconselha.
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