O Tribunal de Justiça de São Paulo enviou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, na última sexta-feira (5), a tradução para o árabe do processo contra o empresário Thiago Brennand, de 42 anos. Assim, o órgão poderá dar andamento ao pedido de extradição dele, que está nos Emirados Árabes Unidos.
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O empresário virou réu no Brasil por agredir a modelo Helena Gomes, de 37 anos, em uma academia de luxo em São Paulo, por corrupção de menores e por crimes cometidos contra uma mulher no interior de São Paulo. Além disso, ele também já foi denunciado por outros nove crimes, entre abusos sexuais, tortura, a ameaça, cárcere privado, além de agressões contra um caseiro.
Brennand era considerado foragido pelas autoridades brasileiras e foi preso pela Interpol, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, no mês passado, mas pagou fiança e foi solto. O homem teve a segunda prisão preventiva decretada no Brasil por conta dos crimes cometidos contra a vítima no interior paulista. Por enquanto, ele segue naquele país aguardando pela extradição.
Para dar andamento ao processo, o TJ-SP precisou fazer a tradução do mesmo para o árabe, conforme determina a legislação dos Emirados Árabes Unidos. “A documentação necessária para o pedido de extradição de Thiago Brennand já foi encaminhada ao Ministério da Justiça”, destacou o tribunal.
A extradição do empresário depende de uma negociação diplomática entre o Brasil e os Emirados Árabes Unidos, já que os dois países não têm um acordo formal de extradição.
Dessa forma, agora com o processo já traduzido, o Ministério da Justiça poderá pedir que o Ministério das Relações Exteriores formalize esse pedido junto as autoridades daquele país.
Agressões contra a modelo
As agressões contra a modelo Helena Gomes ocorreram na noite do último dia 3 de agosto e foram flagradas por câmeras de segurança da academia. Em entrevista ao “Universa”, do UOL, ela contou que frequentava a academia há três meses e que o empresário começou a puxar papo, dizendo que alguém falava mal dela, e logo a chamou para sair.
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“Eu fui gentil, expliquei que havia terminado um relacionamento recentemente e que não estaria preparada para entrar em outro. A partir daí, ele começou a ser irônico e a provocar, de forma ofensiva”, lembra.
Nesse momento, o empresário bateu com as duas mãos contra o tórax da modelo. “Eu fui para cima também, ele falou: ‘Eu vou cuspir em você, porque você merece’. E cuspiu em mim”, disse Helena.
A modelo relatou, ainda, que um filho do empresário também estava no local e também passou a xingá-la, ameaçando quem se aproximasse dela para tentar ajudar.
Depois da confusão, Helena acionou a Polícia Militar, mas diz que Brennand e o filho deixaram a academia antes da chegada dos agentes. Ela procurou a Polícia Civil, registrou um boletim de ocorrência e o caso passou a ser investigado.
Outras denúncias
No último dia 14, o Ministério Público fez uma nova denúncia contra Brennand e o acusa de ter cometido outros nove crimes contra uma mulher obrigada a tatuar as iniciais de seu nome em Porto Feliz, no interior de São Paulo.
Ele foi denunciado por estupro (cinco vezes), cárcere privado, tortura, lesão corporal de natureza gravíssima, coação no curso do processo, constrangimento ilegal (três vezes), ameaça (quatro vezes), registro não autorizado da intimidade sexual e divulgação de cena de estupro ou sexo (oito vezes).
A Justiça aceitou a denúncia e tornou o empresário réu também neste caso. Além disso, decretou mais uma prisão preventiva. A decisão é do juiz Jorge Panserini, da 1ª Vara Criminal de Porto Feliz.
Mas as denúncias contra ele não pararam por aí. Uma das mais recentes envolve a estudante de medicina Stefanie Cohen, de 30 anos. Ela afirma ter sido dopada e estuprada pelo empresário e revelou que o homem ameaçou divulgar um vídeo íntimo, que teria sido gravado por ele na ocasião da violência sexual, caso ela o denunciasse. Traumatizada, ela passou um ano sem ter coragem de falar sobre o caso.
No dia 10 de outubro, o empresário havia divulgado vídeos nas redes sociais, nos quais negou todas as acusações contra ele. “Estou tranquilo onde estou. Não estou fugindo. Prisão ilegal? Quem vai se submeter a um Estado de exceção”, disse ele em um vídeo publicado no YouTube, sem especificar sua localização.
Brennand destacou que todas as acusações são fruto de uma conspiração contra ele. “Vocês mexeram com a pessoa errada (...) Vocês morrem de inveja. Branco, heterossexual inegociável. Armamentista, óbvio. Conservador, sempre”, disse o empresário.
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