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Militar sem CNH vira réu por matar pai e filha atropelados; vítimas treinavam para a São Silvestre

Soldado passou por exames, que descartaram embriaguez, mas ele teve teve prisão mantida pela Justiça

Eles treinavam para a São Silvestre
Jéssica Messias Levadinha, de 31 anos, e o pai, Álvaro Levadinha, de 69, foram atropelados e mortos por militar sem CNH, em SP (Reprodução/Redes sociais)

O soldado do Exército João Victor Aflinis Carvalho, de 19 anos, que foi preso após atropelar e matar pai e filha que corriam no canteiro central da Rodovia Hélio Smidt, nas proximidades do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, virou réu no caso. Ele não tinha Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e vai responder por homicídio doloso qualificado. As vítimas, Álvaro Gonçalves Levadinha, 69 anos, e Jéssica Messias Levadinha, de 31, treinavam para a Corrida de São Silvestre quando foram mortas.

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O acidente aconteceu no último dia 15. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o militar seguia acima do limite de velocidade estabelecido na via, que é de 70 km/h, quando perdeu o controle do Mitsubishi Pajero que conduzia, invadiu o canteiro central da rodovia e atropelou pai e filha. Ele só parou depois que atingiu um poste.

O carro pertence a um primo dele que, questionado pela polícia, disse que o rapaz pegou o veículo sem seu conhecimento e sem autorização.

Na ocasião, Carvalho disse que tinha bebido, mas se recusou a fazer o teste do bafômetro. Ele foi levado ao Instituto Médico Legal (IML), onde passou por exames clínicos, que descartaram a embriaguez. No entanto, ele foi preso em flagrante por dirigir sem habilitação.

Vítimas estavam em canteiro central
Motorista sem CNH atropela e mata pai e filha na Rodovia Hélio Smidt, em Guarulhos, na Grande SP (Divulgação/Polícia Rodoviária Federal)

Virou réu

Na última quarta-feira (23), a Justiça acatou a denúncia do Ministério Público e Carvalho virou réu no caso. Ele vai responder pelo crime de homicídio doloso qualificado, com recurso que dificultou as defesas das vítimas.

Na decisão, o juiz Rafael Carvalho de Sá Roriz também manteve a prisão preventiva do rapaz e marcou para 13 de março de 2023, a partir das 13h, a audiência de instrução do caso para decidir se leva o soldado a júri popular.

“A acusação contra o réu é de crime hediondo com duas vitimas fatais, havendo indícios de que tomou posse de veiculo automotor de forma sub-reptícia, se valendo da confiança e hospitalidade de familiar que o hospedou em sua residência e, ainda, o fez sem ter a devida habilitação para dirigir e acabou por conduzir o veiculo em velocidade excessiva. A soma de tais fatos aduzem que o réu não se preocupou em colocar em risco a incolumidade pública, assumindo o risco e acabou por ceifar vidas”, escreveu o juiz Rafael na sua decisão.

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Por enquanto, o militar segue preso em um quartel do Exército em Osasco, na Grande São Paulo. Ele vai responder ao processo criminal na Justiça comum, mas também será investigado em inquérito militar.

A defesa de Carvalho não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

Ele não tinha CNH
Soldado do Exército João Victor Aflinis Carvalho, de 19 anos, virou réu por atropelar e matar pai e filha em SP (Divulgação/Polícia Civil)

Vítimas treinavam para a São Silvestre

Álvaro e Jéssica corriam no canteiro central da rodovia quando foram atingidos pelo soldado e morreram na hora. Tanto pai quanto filha foram arremessados por vários metros com a força do impacto.

Os dois costumavam treinar juntos e se preparavam para a Corrida de São Silvestre, que acontece no fim do ano na capital paulista. Ela era corredora amadora e já tinha competido em mais de 200 provas de rua. O pai era comerciante, mas também atuava como seu treinador.

Os corpos das vítimas foram enterrados no dia 16 de novembro em um cemitério da capital. Parentes e amigos que estiveram presentes na cerimônia pediram “justiça” e punição ao motorista.

“Minha sobrinha tinha uma vida ainda pela frente. Nova, conquistando as medalhas dela. O que eu tenho para falar dela é isso. Meu coração está partido”, afirmou uma tia de Jéssica em entrevista à TV Globo no dia do sepultamento.

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