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Professor que escapou da morte em ataque em Aracruz lembra momentos de terror: ‘Gritos não saem da minha cabeça’

Luiz Carlos Simora Gomes tentou socorrer colegas; atentado completa hoje uma semana

Ele segue apreendido
Ataque a escolas em Aracruz deixou quatro mortos e mais de 10 feridas (Reprodução/Redes sociais)

O professor de Filosofia Luiz Carlos Simora Gomes, de 51 anos, escapou com vida do ataque que deixou quatro pessoas mortas e mais de 10 feridas em duas escolas de Aracruz, no Espírito Santo. Docente da Escola Estadual Ensino Fundamental e Médio Primo Bitto, ele convive há uma semana com as lembranças dos momentos de terror que viveu.

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Em entrevista ao portal de notícias “G1″, Luiz disse que estava organizando as turmas entre os intervalos das aulas quando foi à sala dos professores. “Coloquei o notebook na mesa e tinha um rocambole compartilhado. Eu peguei um pedaço e ofereci às professoras. Sandra e Cybelle aceitaram. A gente estava brincando. Em seguida, fui ao banheiro lavar as mãos e, quando estava saindo, escuto o barulho. Achei que fosse uma brincadeira dos alunos, uma bombinha, algo assim. Quando saí, vi o mascarado.”

Professor de Filosofia lembra momentos de terror em escola em Aracruz
Professor de Filosofia lembra momentos de terror em escola em Aracruz (Arquivo pessoal/Reprodução/G1)

O professor contou que tentou impedir a ação do adolescente e que quase foi baleado. “Peguei uma vassoura para tentar dar uma vassourada nele, mas ele trocou o pente [carregador] da arma muito rápido e deu um tiro, que acertou a Maria da Penha, e mais dois, que quase me acertaram”, relembrou.

Luiz correu para fora da sala e pediu que o vigilante abrisse o portão. Depois, conseguiu contato com um tenente da polícia para informar sobre a situação. Presenciou estudantes desesperados, tentando pular o muro da escola. Voltou, então, para a sala onde estavam os amigos professores a espera de socorro.

Colegas baleados

Luiz viu os colegas de trabalho baleados e caídos no chão. Ele tentou socorrer a professora de Artes Maria Penha Pereira de Melo Banhos e a professora de Sociologia Flavia Amboss Merçon Leonardo, mas sem sucesso. Ambas morreram no atentado.

“A Maria da Penha ainda permaneceu viva por cerca de seis minutos. Eu perguntei se ela estava me escutando, e ela apertou a minha mão. Depois, foi enfraquecendo... Já a Flávia, ela era um poço de amor. Ela foi baleada, e estava na pernas de outras professora, lúcida. Flávia falava ‘eu tô bem, ajuda a Cybelle, ajuda a Degina’... Mas depois ela começou a gritar dizendo que não estava sentindo o corpo e não queria morrer. Esses gritos não saem da minha cabeça”, disse o educador.

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