A delegada Maria Corsato, que estava à frente das investigações contra o empresário Thiago Brennand, de 42 anos, acusado por crimes sexuais, lesão corporal, tortura e cárcere privado, foi afastada do caso. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) diz que ela tomou atitudes que beneficiaram o réu durante as apurações das agressões sofridas pela modelo Helena Gomes em uma academia de luxo.
Dessa forma, o MP-SP solicitou a substituição da delegada no caso, o que foi aceito pela Polícia Civil. A Corregedoria instaurou um procedimento administrativo para apurar quais as condutas da investigadora.
Segundo o MP-SP, mesmo depois que o empresário virou réu por agredir a modelo Helena Gomes, ele continuou a enviar mensagens para a vítima de forma insistente. Assim, ela procurou a polícia e denunciou a perseguição. Mas a delegada pediu à Justiça que esse fato fosse mantido em sigilo. Para os promotores, essa atitude beneficia Brennand e, por isso, pediu a retirada de Corsato das investigações.
Agora, o caso foi encaminhado para a 2ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas.
Novas investigações
Thiago Brennand virou alvo de novas investigações por parte da Polícia Civil de São Paulo. Dessa vez, dois inquéritos apuram denunciação caluniosa e perseguição cometidos conta uma mulher e seu noivo. Ele está detido nos Emirados Árabes Unidos por conta dos outros casos e aguarda a extradição para o Brasil.
A vítima denunciou que estava sendo perseguida pelo empresário. Ela contou que frequentava a mesma academia que Brennand na capital paulista e que, em maio passado, ele mandou mensagem via WhatsApp perguntando se ela tinha compromisso com alguém. A mulher respondeu que era noiva e, em seguida, parou conversar com ele.
No entanto, segundo a denúncia, Brennand não teria ficado satisfeito e continuou insistindo e cobrando respostas. Em uma das mensagens, escreveu: “De mais a mais, outra coisa me causou espécie: teu fiancé não iria ficar muito p*** com esse contato não?...”. Foi quando o noivo dela respondeu: “E aí c****? Que p**** é essa? Vai dar em cima de mulher de outro? Tá louco? Não tem medo de apanhar não?”.
Com isso, uma discussão por meio das mensagens foi iniciada, quando o empresário disse que era a mulher quem o tinha abordado e que ela cometeu um crime contra sua honra. Em meio a outras mensagens, Brennand a xingou e chamou de “piranha mentirosa”.
Depois disso, começou uma troca de ofensas, quando o empresário procurou a polícia e registrou um boletim de ocorrência contra a moça. Na ocasião, ela também fez o mesmo.
No último dia 17 de outubro, a mulher foi ouvida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que já apurava outras denúncias contra Brennand. Ela apresentou o teor das conversas e disse que, mesmo depois de ter bloqueado o empresário nas redes sociais, continuava a ser perseguida por meio do sistema de mensagens do iphone e o aparelho celular de seu filho.
Assim, o MP-SP orientou que um novo boletim de ocorrência fosse registrado, com a abertura de um inquérito autônomo sobre suposta denunciação caluniosa, que é quando alguém denuncia um crime sabendo que a vítima é inocente, e por perseguição. Além disso, o órgão determinou que o inquérito sobre o suposto crime contra a honra do empresário seja arquivado.
Dessa forma, a Polícia Civil instaurou os dois novos inquéritos contra o empresário. A defesa dele não foi encontrada pela reportagem para comentar o assunto.
Estupro contra norte-americana
No último dia 4 de novembro, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) acatou uma denúncia do Ministério Público contra o empresário por estupro contra uma norte-americana. O réu também a prisão preventiva decretada em relação a este caso.
Segundo a denúncia do MP, o crime contra a norte-americana ocorreu depois que o empresário fez contato com ela demonstrando interesse em adquirir um cavalo. Assim, ela disse em depoimento ao Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência (NAVV) que iniciou um relacionamento com ele, marcando alguns encontros em um período de dois meses.
“Inicialmente, o homem mostrou comportamento gentil, mas depois passou a agir de maneira agressiva até chegar ao ponto de obrigar a vítima a manter com ele relações sexuais. Além disso, o empresário disse ter gravado cenas íntimas da mulher, passando a ameaçá-la com a divulgação das imagens caso ela rompesse o relacionamento”, informou a Promotoria de Porto Feliz.
A Polícia Federal, por sua vez, já comunicou a Interpol, a polícia internacional, sobre o novo mandado de prisão contra Brennand. O nome dele já constava na Difusão Vermelha do órgão e deve permanecer lá até que ele seja extraditado para o Brasil.
Processo de extradição
O TJ-SP enviou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, no último dia 5 de novembro, a tradução para o árabe do processo contra Brennand pela agressão contra a modelo Helena Gomes, de 37 anos, em uma academia de luxo em São Paulo. Assim, o órgão poderá dar andamento ao pedido de extradição dele.
Além disso, ele também já foi denunciado por outros nove crimes, entre abusos sexuais, tortura, a ameaça, cárcere privado, além de agressões contra um caseiro.
Brennand era considerado foragido pelas autoridades brasileiras e foi preso pela Interpol, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, no mês passado, mas pagou fiança e foi solto. O homem teve a segunda prisão preventiva decretada no Brasil por conta de crimes cometidos contra uma vítima no interior paulista.
Para dar andamento ao processo de extradição, o TJ-SP precisou fazer a tradução do mesmo para o árabe, conforme determina a legislação dos Emirados Árabes Unidos. “A documentação necessária para o pedido de extradição de Thiago Brennand já foi encaminhada ao Ministério da Justiça”, destacou o tribunal.
A volta do empresário depende de uma negociação diplomática entre o Brasil e os Emirados Árabes Unidos, já que os dois países não têm um acordo formal de extradição.
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