O pai preso suspeito de matar os quatro filhos em Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça na quarta-feira (14). David da Silva Lemos, de 28 anos, disse informalmente aos policiais que “dopou” as crianças antes de matá-las. No entanto, em depoimento na delegacia, ele permaneceu calado. A investigação aponta que ele cometeu o crime para se vingar da ex-mulher, pois não aceitava o fim do relacionamento.
A prisão preventiva foi decretada pelo juiz Marcos La Porta da Silva. Como não apresentou um advogado de defesa, o pai será atendido pela Defensoria Pública do Rio Grande do Sul.
As crianças, que são as meninas Yasmin Antunes Lemos, de 11 anos; Giovanna Antunes Lemos, de 6; Kimberlly Antunes Lemos, de 3; e o menino Donavan Antunes Lemos, de 8, foram encontradas mortas na noite de terça-feira (13). Três delas tinham marcas de facadas pelo corpo e a quarta sinais de asfixia.
Os corpos delas já foram liberados do Instituto Médico Legal (IML) na tarde de quarta-feira e os laudos com as causas das mortes devem ser concluídos em 30 dias.
O crime
O delegado Augusto Zenon, responsável pelas investigações, disse que a polícia foi acionada por volta das 19h30 de terça-feira, mas quando os agentes chegaram os menores já foram encontrados dentro de casa sem vida.
O investigador destacou que o pai não estava no local, mas chegou a mandar mensagens para a ex-mulher fazendo ameaças naquele dia.
Assim, o genitor passou a ser procurado e acabou preso na madrugada de quarta-feira em um hotel na capital gaúcha.
“Nos referiu que a motivação decorreu de desavenças com a ex-companheira e que como uma forma de causar um mal pra ela, vingança, ele cometeu esse homicídio quádruplo contra os próprios filhos”, disse o delegado.
Os menores estavam visitando o pai e voltariam para a casa da mãe nos próximos dias. Ele e a ex-mulher ficaram casados por 11 anos, mas estavam separados desde agosto do ano passado.
Em setembro, a ex-companheira denunciou David por violência doméstica. Na época, durante uma briga, o homem a teria arrastado puxando pelos cabelos e feito ameaças com uma faca. Vizinhos tiveram que intervir. Assim, ela obteve uma medida protetiva e o homem estava proibido de se aproximar dela.
‘Dopou’ os filhos
O delegado destacou, ainda, que David afirmou ter dado um chá para as crianças dormirem antes de serem mortas.
“Cada uma das crianças ele ia levando para dentro da casa, fazia a criança dormir. Ele já tinha aplicado um chá nas crianças, nos referiu que foi um chá que ele deu na segunda-feira (12) pela manhã e que ele ia levando as crianças para casa e a criança dormia e ele sufocava a criança com o travesseiro”, contou o investigador ao G1.
“Isso foi feito na criança mais nova e nas maiores ele fez a mesma coisa e depois deu as facadas. As crianças mais velhas foram golpeadas no peito e nas costas com mais de 10 facadas”, relatou Zenon.
O caso segue sendo investigado pela Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP).
Vingança
A avó das vítimas afirmou que o crime foi motivado por vingança. Segundo ela, o pai dos menores já tinha agredido a mãe das crianças e não aceitava o fim do casamento.
“Ele já agrediu minha filha. Já tinha acabado o relacionamento, não tinha nada mais a ver, mas ele fez pra atingir minha filha, com certeza, da pior forma que tem. Ele é um covarde”, disse Idenise Martins da Silva, avó materna das crianças, em entrevista à RBS TV, afiliada da TV Globo no Rio Grande do Sul, divulgada pelo site G1.
Ainda segundo a avó, antes mesmo da separação, David já tinha agredido a ex-mulher. “Teve uma vez que as crianças foram para casa da avó lá de Alvorada, e ele agrediu ela. Chamei a BM [Brigada Militar], que pegou ele. E agora ele fez essa barbaridade com meus netos, que não tinham nada a ver. Esse assassino”, lamentou Idenise.
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