O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que segue em viagem nos Estados Unidos, fez uma postagem em sua conta oficial no Facebook, na noite de terça-feira (10), com um vídeo que questiona a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro passado. Horas depois, a publicação foi apagada. O material também fazia ataques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), desacreditando o sistema eleitoral brasileiro, e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
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O vídeo publicado continha uma entrevista em que o procurador bolsonarista Felipe Gimenez, que é do Mato Grosso do Sul, afirma que Lula foi “escolhido pelo serviço eleitoral e pelos ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral”. Na legenda que acompanhava as imagens, estava escrito: “Lula não foi eleito pelo povo, ele foi escolhido e eleito pelo STF e TSE”.
Depois de duras horas no ar, a publicação foi apagada. No entanto, já tinha viralizado, principalmente entre os seguidores do ex-presidente.
O post de Bolsonaro ocorreu em meio às repercussões sobre os ataques terroristas promovidos por seus seguidores em Brasília. O Ministério Público, que atua junto ao Tribunal de Contas da União, chegou a pedir que político tivesse os bens bloqueados por conta do episódio, já que ele é acusado de incentivar as ações de ódio dos radicais contra as instituições brasileiras.
Pedidos de extradição
Políticos norte-americanos pediram que Bolsonaro seja extraditado dos Estados Unidos. Ele chegou a Orlando em 31 de dezembro, na véspera de deixar o comando do governo federal, onde permanece até os dias atuais.
O ex-presidente entrou nos Estados Unidos com visto diplomático, uma vez que ainda era presidente naquela data. Ele poderia estar com o visto categoria A1, destinado às viagens oficiais de líderes de Estado, conforme consta no site do Departamento de Estado norte-americano. Esse documento pode dar o direito de que ele permaneça naquele país por até 90 dias em situação legal.
No entanto, até o momento, as autoridades imigratórias ainda não se pronunciaram sobre a real situação do brasileiro, uma vez que agora ele é ex-presidente e o visto A1 não permite a prática de turismo.
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Bolsonaro está hospedado em uma casa de veraneio do ex-lutador de MMA José Aldo, um dos seus fiéis apoiadores, onde tem feito passeios pelo condomínio de luxo e até foi visto circulando em um supermercado.
Para os congressistas norte-americanos, o ex-presidente não pode se refugiar nos Estados Unidos, principalmente após os atos terroristas em Brasília, e precisa ser enviado de volta ao Brasil.
Joaquin Castro, deputado democrata pelo Texas, disse que terroristas domésticos e fascistas não podem usar a cartilha de Trump para minar a democracia”. “Bolsonaro não deve se refugiar na Flórida, onde está se escondendo da responsabilidade por seus crimes”, afirmou.
Alexandria Ocasio-Cortez, deputada democrata por Nova York, disse que “os EUA devem parar de conceder refúgio a Bolsonaro na Flórida”. “Quase dois anos depois que o Capitólio dos EUA foi atacado por fascistas, vemos movimentos fascistas no exterior tentando fazer o mesmo no Brasil. Devemos ser solidários com o governo democraticamente eleito de Lula”, escreveu a deputada.
Mark Takano, deputado democrata pela Califórnia, também disse que os Estados Unidos e as pessoas democráticas devem apoiar os resultados da eleição brasileira. “A violência antidemocrática no Brasil hoje é um lembrete preocupante dos perigosos movimentos fascistas que crescem em todo o mundo. Jair Bolsonaro não deveria ter permissão para se refugiar nos EUA”, afirmou.
Internação nos EUA
O ex-presidente deixou o hospital AdventHealth Celebration, em Orlando, onde passou por exames, na terça-feira (10). No dia anterior, ele postou uma foto deitado em um leito, falou sobre as consequências da facada que levou em 2018, em Juiz de Fora (MG), durante campanha eleitoral, e destacou que sofreu uma “nova aderência” no intestino.
“Após facada sofrida em Juiz de Fora-MG, fui submetido a cinco cirurgias. Desde a última, por duas vezes tive aderências que me levaram a outros procedimentos médicos. Grato pelas orações e mensagens de pronto restabelecimento”, escreveu o ex-presidente.
Desde que levou a facada, Bolsonaro já passou por quatro cirurgias. A última vez em que ele esteve internado foi em de março do ano passado, quando foi atendido no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, também após um desconforto abdominal.
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