O anestesista colombiano Andres Eduardo Oñate Carrillo, de 32 anos, que foi preso em flagrante no Rio de Janeiro, confessou à polícia o estupro de duas pacientes durante cirurgias e também o armazenamento de pornografia infantil. A polícia encontrou em um celular dele mais de 20 mil mídias com esse tipo de crime.
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Veja abaixo o que se sabe até agora sobre o caso:
Posse de pornografia infantil
De acordo com relatório da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), foram encontradas provas de que o médico tenha produzido pelo menos 13 vídeos pela internet, envolvendo 10 crianças diferentes, entre março de 2019 e janeiro de 2021.
O caso passou a ser investigado pela DCAV, com apoio da inteligência da Polícia Civil, em dezembro do ano passado. Na ocasião, a Polícia Federal tinha identificado a possibilidade de vasta movimentação de arquivos pornográficos em posse de Carrillo e a informação foi compartilhada com a delegacia.
Assim, a investigação obteve a quebra de sigilo dos dados contidos no celular do médico, onde foram encontradas as mais de 20 mil mídias com pornografia e abusos contra menores.
Segundo a DCAV, o colombiano criou um perfil falso nas redes sociais, onde se passava por adolescente para abordar as vítimas. Assim, ele passava a trocar mensagens com elas e pedia que gravassem vídeos e enviassem para ele.
“Encontramos gravações de tela de seu celular com conversas com crianças que enviavam fotos e vídeos. Como esses dispositivos se apagam, ele aproveitava para gravar e armazenar o conteúdo para utilização futura”, explicou o delegado Luiz Henrique Marques, em entrevista ao site G1.
Ao prestar depoimento na delegacia, Carillo confessou a posse do material de pornografia infantil, mas ressaltou que nunca abusou sexualmente de nenhum menor. “Mas satisfaz sua libido vendo imagens e vídeos tanto de meninos quanto meninas.”
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O colombiano responde pelo crime de armazenamento de pornografia infantil. Ele deve passar por uma audiência de custódia ainda nesta terça-feira (17).
Ainda não há informações sobre quem fará a defesa do colombiano.
Estupro de pacientes
Enquanto investigadores analisavam as imagens de pornografia infantil, perceberam que lá também tinham imagens que mostravam mulheres sedadas, durante cirurgias, sendo estupradas pelo colombiano.
Em uma das cenas, ele esfregou e introduziu o pênis na boca da vítima. “Quando vimos, logo de início, tratamos como casos de estupro, partindo do princípio de que ele mesmo teria produzido. Mas precisávamos avançar na identificação das vítimas e materializar os crimes. Pelos metadados dos vídeos, certificamos a localização do suspeito no ato da gravação, identificando os hospitais e descobrindo os dias”, o delegado Luiz Henrique Marques.
“Aí partimos para a tentativa de descobrir as mulheres ali sedadas. Com as listas de pacientes operados nos dias, fomos buscando características físicas e eliminado possibilidades até chegar às pacientes”, destacou o investigador.
Depois que as vítimas foram identificadas, a polícia as chamou e mostrou as imagens. Elas se reconheceram nos vídeos, mas disseram não ter a noção de que tinham sido estupradas no momento em que estavam sedadas.
O médico, que estava em situação legal no Brasil, dormia quando os policiais chegaram a casa dele, na Barra da Tijuca, e lhe deram voz de prisão na segunda-feira (16). Ele também vai responder pelo crime de estupro.
Quem é anestesista?
Carrillo é natural da cidade de Valledupar, na Colômbia, e mora no Brasil desde 2016. Ele é noivo de uma médica, a quem costumava fazer diversas declarações de amor nas redes sociais. Em uma postagem, ele mostrou quando a pediu em casamento, em setembro passado, em Paris, na França, com a Torre Eiffel ao fundo.
Ele se formou em medicina pela Universidad del Magdalena, em 2015. Ficou sem exercer a profissão até 2020, quando entrou para um curso teórico-prático oferecido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que é uma especialização. Em setembro de 2021, foi aprovado no Revalida, que é um programa que reconhece diplomas de médicos estrangeiros, e foi liberado para atuar como anestesista no Brasil.
Em fevereiro do ano passado, ele foi aprovado em um processo seletivo do Hospital Salgado Filho para ser plantonista. No entanto, não chegou a exercer a função, pois não apresentou a documentação exigida pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
Contudo, a polícia tem registros de que ele trabalhou no Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, na Região dos Lagos, e no Complexo Hospitalar Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão. A corporação ainda faz o levantamento de outros locais onde ele pode ter atendido pacientes.
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