O dono do restaurante japonês na Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo, onde 15 pessoas foram resgatadas em situação análoga à escravidão, foi preso na última terça-feira (24). O suspeito não teve identidade revelada.
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Além de ser investigado por redução dos funcionários à condição análoga à escravidão, o suspeito também responderá por crime contra as relações de consumo, já que alimentos vencidos foram encontrados no estabelecimento.
A gerente do local, uma mulher de 39 anos, já havia sido detida, mas foi solta após audiência de custódia.
Nas redes sociais, o restaurante publicou uma nota de esclarecimento afirmando que “os fatos alegados serão, em tempo oportuno, devidamente esclarecidos no bojo do processual judicial e administrativo”.
‘Nunca tinha passado por um absurdo desse’
Um dos funcionários resgatados deu detalhes sobre a situação precária em que vivia com outros 14 colegas. O auxiliar de cozinha de 30 anos, que preferiu não ser identificado, conversou com o portal de notícias “UOL”.
Paraibano, o homem chegou a São Paulo há cinco meses para trabalhar em outro restaurante da rede, mas resolveu mudar após um amigo de infância contar que a unidade da Vila Formosa precisava de funcionários.
“Era tudo um horror. Tudo um horror. Parede mofada, bicho, rato. Contando comigo, eram 16 pessoas morando nesse quadrado, nesse alojamento. A gente vivia largado. Eu nunca tinha passado por um absurdo desse na minha vida”, disse o auxiliar.
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Além de ter o valor da passagem para São Paulo e alimentação descontados no salário, os pagamentos atrasavam e eram irregulares. A jornada de trabalho também não seguia as leis. Segundo o homem, ele trabalhava em dois períodos, mas não recebia horas extras ou adicional noturno.
“Se eu soubesse que era essa situação, não tinha vindo. Era totalmente diferente. Eu soube ontem que ganhava R$ 1,4 mil, porque eles pagavam cada mês um valor. Às vezes, no dia 5 do mês, pagavam R$ 500, às vezes R$ 600 ou R$ 700. Depois, no dia 20, pagavam mais um tanto. Então não dava para saber quanto era o salário mesmo”, contou.
O relato do auxiliar de cozinha não parou por aí. Ele disse também que uma das orientações era reaproveitar alimentos de um cliente para o outro. “Quando ia para a mesa e voltava sem vestígio de estar mexido, se a gente fosse jogar no lixo, eles descontavam do nosso salário, brigavam com a gente, e até advertiam a gente.”
Como se não bastasse, o funcionário contou que ele e os colegas também acabavam comendo os produtos estragados do estabelecimento.
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