A jovem de 23 anos que acusa o jogador Daniel Alves por agressão sexual cometida dentro do banheiro de uma boate, em Barcelona, na Espanha, não pediu indenização financeira por conta do episódio. Em entrevista exclusiva ao portal UOL, a advogada Ester Garcia López, que defende a vítima, destacou que ela “foi bem taxativa” ao dizer à Justiça que não quer dinheiro, mas sim que o brasileiro seja condenado e preso pelo crime.
“Quando a juíza perguntou se ela pediria indenização, ela disse que não. A juíza insistiu, dizendo que ela tem direito de pedir essa indenização. E minha cliente disse de uma forma muito firme que não queria dinheiro, que queria justiça”, disse a advogada.
“Ela me olhou e disse: ‘Ester, eu tenho a sorte de ter boas condições de vida, e não quero indenização, quero prisão’. Ela foi muito taxativa nisso, e isso me impactou. Eu disse ‘eu sei, mas você tem direito a indenização, porque houve lesões físicas, e vai haver sequelas, danos morais’. E ela insistiu, disse: ‘Não quero dinheiro’. A frase dela foi: ‘Se tiver dinheiro de indenização envolvido, eu não vou contratar você'. Ela, desde o primeiro minuto, me disse que não. Isso ninguém sabe”, relatou.
“Lamentavelmente, muitos meios de comunicação estão dizendo que é uma estratégia. São estereótipos, como sempre: que se ela não pedir indenização teria mais credibilidade. Não, ao contrário: eu insisti que ela tinha direito. Mas temos que respeitar a decisão dela. Eu preferia que ela tivesse aceitado, porque é um direito dela”, ressaltou Ester.
O jogador brasileiro completa hoje seu sétimo dia de prisão na Espanha e nega o crime. Na segunda-feira (23), ele foi transferido para um novo local, em uma ala reservada a agressores sexuais, mas com número menor de detentos e celas com apenas dois presos e chuveiro não compartilhado.
Para tentar reverter a prisão sem direito à fiança, a defesa de Daniel Alves contratou Cristóbal Martell, um dos advogados mais famosos de Barcelona e que já defendeu até Lionel Messi. Eles têm prazo até terça-feira (31) para entrar com um recurso para que o atleta responda ao processo em liberdade.
A agressão sexual
A vítima deu detalhes sobre tudo o que viveu antes e durante o episódio. Segundo o site “El Nacional”, a jovem declarou que, no dia 30 de dezembro de 2022, foi a uma boate com algumas amigas. Lá, foram convidadas a subir à zona VIP por um grupo de garotos mexicanos. Um garçom, então, as convidou para sentar na mesa de Daniel Alves e um acompanhante. Elas se recusaram no início, mas “o cliente insistiu, e o garçom destacou que se tratava de um ‘amigo’”.
Finalmente, as moças aceitaram se sentar à mesa. Depois de um tempo conversando, contou a vítima, Daniel Alves “começou a ‘fazer o bobo’ com as três, enganchando-se muito e tocando-as”. Além disso, em várias ocasiões, “pegou-lhe com força a mão e Alves e colocou-a em seu pênis”, enquanto ela tentava evitá-lo. Mais tarde, o brasileiro lhe apontou uma porta e obrigou-a a segui-lo e a entrar”.
A vítima denunciou que, já no banheiro, “Alves a obrigou a sentar-se em cima dele, a atirou ao chão, a obrigou a praticar sexo oral, a que ela resistiu ativamente, a esbofeteou, a levantou do chão e a penetrou até ejacular”.
Ao terminar, Alves deixou o local enquanto a vítima foi transferida para o Hospital Clínico de Barcelona, onde foi submetida a exames.
LEIA TAMBÉM:
- Boate Kiss: dez anos depois da tragédia, ninguém foi responsabilizado
- Bandido que matou fisioterapeuta ia ganhar R$ 500 pelo carro dela; ele integra quadrilha de desmanche